Jornal Estado de Minas

Polícia interdita creche onde crianças morreram queimadas por vigia em Janaúba

- Foto: Luiz Ribeiro/EM/DA PressA Polícia Civil interditou o imóvel onde funcionava a creche Cemei Gente Inocente, em Janaúba, Norte de Minas, onde um vigia de 50 anos ateou fogo ao próprio corpo e queimou crianças e professoras. Sete pessoas morreram – entre elas o assassino - e outras 43 ficaram feridas.

As áreas da escola receberam fitas de isolamento da polícia. Materiais das crianças que ficaram para trás, como mochilas, foram recolhidos por funcionários e identificados.

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Por volta das 9h30 de quinta-feira, om uma mochila cor-de-rosa nas costas, na qual carregava um pote usado para venda de sorvete cheio de gasolina, o vigia Damião Soares dos Santos, de 50 anos, entregou um atestado médico à diretora da escolinha antes de se virar repentinamente, espalhar combustível pelo cômodo e atear fogo.

A sala que era usada pelos alunos para recreação, com teto em PVC, material escolar inflamável e janelas fechadas por grades, se cobriu rapidamente de labaredas. Damião, que trabalhava para prefeitura desde 2008 e desde 2014 lidava com problemas psiquiátricos, havia se molhado com o combustível e, em chamas, chegou a abraçar algumas das crianças, segundo relato de testemunhas.

O resultado foram as mortes dele próprio e dos alunos Ana Clara Ferreira da Silva, Luiz David Carlos Rodrigues, Juan Pablo Cruz dos Santos, Ruan Miguel Soares Silva e Renan Nicolas, todos de 4 anos, e da professora Helley de Abreu Silva Batista, que chegou a salvar a vida de vários alunos e teve 100% do corpo queimado.

Nesta manhã, ocorreram os primeiros sepultamentos das vítimas. Os corpos da menina Ana Clara Ferreira da Silva e Ruan Miguel Soares Silva, ambos de quatro anos, foram enterrados no Cemitério São Lucas.

O corpo de Ana Clara foi velado na casa simples da família no Bairro Rio Novo.
Os pais da menina, o lavrador Nelsir de Jesus Silva, e a doméstica Luana Ferreira de Jesus ficaram desconsolados e, desesperados, foram amparados por parentes e amigos.

O segundo sepultamento foi do garoto Ruan Miguel. A mãe dele chegou a passar mal em alguns momentos por conta da comoção pela perda do filho. O pai da criança também se sentiu mal e não foi ao cemitério. A tia de Ruan, Maria de Jesus Pereira, estava bastante emocionada. "É um momento de muita dor para nós. Muito difícil aceitar uma situação dessa", afirma.
Ruan Miguel e Ana Clara residiam no Bairro Rio Novo, mesma região onde fica a creche Gente Inocente.

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