Gerais

Força-tarefa tenta frear a violência no trânsito de BH

Paulo Henrique Lobato

Avenida Cristiano Machado registra maior número de acidentes na capital

Oficializada força-tarefa para frear a violência nas estradas e vias municipais das 34 cidades da Grande Belo Horizonte, onde o número de veículos soma quase 1,9 milhão – o equivalente a 30% da frota do estado. Representantes das prefeituras, da sociedade civil e de diferentes instituições de segurança pública se reuniram por quase três horas para traçar os primeiros passos do Plano Metropolitano de Prevenção de Acidentes de Trânsito. Boa parte do foco está nas rodovias que cortam a região e nas avenidas que cruzam a capital, pois um ranking de acidentes elaborado pela BHTrans e pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) mostra os corredores que mais precisam de intervenções. A planilha revela que a Cristiano Machado ocupa o topo da lista, com 808 desastres em um ano.


Em seguida, aparecem o Anel Rodoviário (691 acidentes) e as avenidas Amazonas (636), Antônio Carlos (544) e Contorno (465). O ranking foi montado com base nas ocorrências de 2008, que somaram 15.719 registros em todas as vias da capital. Boa parte desses desastres envolve motociclistas e garupas, em um veículo cuja frota cresce num ritmo tão acelerado que preocupa os especialistas em trânsito. A proposta da força-tarefa é discutir pautas como o aumento do número das motocicletas e elaborar o mapa dos desastres em toda a região metropolitana, a exemplo do que foi feito na capital. O trabalho não será fácil, pois poucos órgãos de trânsito municipais e estaduais mantém suas planilhas de acidentes atualizadas.

“O maior drama é não termos uma estatística completa e atual. Em Belo Horizonte, porém, sabemos que, em média, pelo menos uma pessoa morre diariamente no trânsito. O plano metropolitano é um conjunto de planos municipais. As cidades vão fazer o diagnóstico dos locais onde morrem mais pessoas e, a partir desse mapa, vamos propor intervenções, que podem ser obras, como a construção de viadutos, ou medidas como a retirada de uma banca de revista instalada numa esquina e que esconde a visão do motorista”, diz José Osvaldo Lasmar, diretor-geral da Agência Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, autarquia estadual que integra a força-tarefa.

O grupo empenhado em conseguir um trânsito mais seguro para a região metropolitana avalia que a antiga receita de apostar na prevenção é o caminho mais curto para frear a carnificina no asfalto. “A situação do nosso trânsito é absurda. Infelizmente, a prevenção não faz parte de nossa cultura. Isso precisa e pode ser alterado. Mudar é possível”, afirma o presidente do Instituto Rua Viva, João Luiz da Silva Dias, que cita o trânsito de Brasília como um exemplo a ser seguido por outras cidades. Pedestres e veículos na capital da República só passaram a conviver em harmonia depois de uma intensa campanha educativa, que reuniu representantes da sociedade civil e do poder público.Rocha Franco

O dono de uma Ferrari modelo 612 Scaglietti, ano 2005, a abandonou depois de batê-la na estrada de São Sebastião das Águas Claras (Macacos), distrito de Nova Lima, na noite de domingo. O esportivo, avaliado em cerca de R$ 1,2 milhão, foi encontrado com a frente danificada na ponte próxima ao vilarejo. Consulta ao Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina, estado onde está registrado o veículo, mostra falta de documentação, além de atraso no pagamento do Imposto Sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) deste ano, que é de R$ 24.695,02. Até a tarde de segunda-feira, ninguém havia procurado a Polícia Civil para reaver o carro.

Na manhã de segunda-feira, pedaços do veículo ainda estavam no local do acidente e a tinta prata marcada na mureta da ponte. O carro, levado para o pátio de veículos apreendidos de Nova Lima, teve o vidro frontal destroçado e a lataria ficou amassada. Com o impacto, os air-bags foram acionados para evitar ferimento dos ocupantes. Peritos da Polícia Civil estiveram no pátio para verificar detalhes do veículo e recolheram somente cartões de empresas e a medalha de uma hípica de um condomínio no Bairro Jardim Canadá, também em Nova Lima.

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina, o veículo foi vendido, em 2007, a um cidadão (nome não informado) pela empresa Ilhas do Sul Revendas de Barcos Ltda. Vindo de São Paulo, o carro não foi transferido e continuou registrado em nome da revendedora. “O comprador quitou todos os débitos, mas não licenciou o veículo desde 2007, o que só poderia ser feito em caso de transferência”, diz a nota. “Em 2008 e 2009, o dono pagou o IPVA, o seguro e a taxa de licenciamento, mas não retirou o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). Portanto, é passível de apreensão. Se fizer a devida transferência, pode retirar o CRLV de 2009 e ter o carro liberado”, completa o texto. Além disso, é obrigatório pagamento da taxa de reboque e do pátio para a Prefeitura de Nova Lima.

Histórico

O modelo é considerado um dos mais caros entre os veículos vendidos no Brasil. De acordo com a tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o carro novo custa aproximadamente R$ 2,27 milhões. A série, em homenagem ao designer da montadora nas décadas de 1950 e 1960, Sergio Scaglietti, teve poucas unidades produzidas. Inspirada na Ferrari 375 MM, modelo projetado a pedido do diretor de cinema italiano Roberto Rosselini para ser presenteado à atriz Ingrid Bergman, tem motor 6.0 V12 de 48 válvulas e 540 cavalos. A velocidade máxima é de 320km/h e pode acelerar de 0 a 100km/h em apenas quatro segundos. Diferentemente de outros esportivos, a 612 Scaglietti comporta quatro pessoas confortavelmente. Os passageiros dos bancos traseiros têm espaço semelhante ao do motorista.

O valor da apólice do seguro do modelo 612 Scaglietti é considerado o mais alto do país e está estimado em R$ 70 mil anuais – o equivalente a quase três carros populares –, além de franquia de R$ 114 mil. Isso para um motorista que apresenta baixo risco, ou seja, precisa ter as seguintes características: homem, mais de 35 anos, casado e com filhos que não dirigem e ainda ter garagem em casa e no trabalho.