Gerais

Escolas sofrem com furtos e arrombamentos

Junia Oliveira

O estudante Jean Carlos lê cartaz informando a suspensão das aulas, devido ao arrombamento e furto de equipamentos

Já passa de mil o número de ocorrências criminosas nas escolas públicas e particulares de Minas Gerais, apenas este ano. A Polícia Militar registrou, até o mês passado, 1.315 casos, entre consumação e tentativa de furtos e arrombamentos. Ano passado, foram 3.396 notificações. “A insegurança está em todos os níveis e não se espera uma situação como essa no ambiente escolar, que é o lugar de educação e de formação para pais e alunos construírem uma vida de cidadãos. Há uma série de ocorrências, causadoras de grande clamor público, e a PM tem se esforçado para prover as escolas de policiamento”, afirmou o tenente-coronel Robson Campos, chefe da Seção de Emprego Operacional da PM.


Na segunda-feira, o vandalismo nas instituições de ensino foi tema de audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Estudantes e professores participaram da reunião. A intenção é despertar a comunidade escolar para o diálogo e incentivar a participação dos pais nas atividades acadêmicas. “O estado colabora muito, mas as soluções ainda são acanhadas. As atividades extracurriculares devem ser intensificadas. Esse problema é de todos e devemos buscar ações vigorosas. O que não podemos mais permitir é professor sendo espancado e aluno portando armas ou com drogas nas escolas”, disse o autor do requerimento, deputado Dinis Pinheiro (PSDB).

A Escola Municipal Professor Wancleber Pacheco, na Rua Santo Antônio, 60, no Bairro Tijuca, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi mais um alvo dos criminosos. O cenário encontrado na manhã de segunda-feira era desolador. Os primeiros funcionários a chegar se depararam com paredes pichadas, sistema de alarme arrancado e fios por todos os lados. A porta da diretoria foi arrombada. Um aparelho de som, um notebook, um par de sandálias, uma sacola de bijuterias, canetas e CDs foram levados. Os 1,3 mil alunos dos três turnos foram liberados mais cedo, pois não havia como preparar a merenda. Na cantina, os invasores esvaziaram um extintor de incêndio e cobriram tudo com pó branco. Na parede do pátio, a mensagem. “Nem poder paralelo, nem poder constituído. Pobre que é pobre quer ser bandido”.

O aluno Jean Carlos da Silva, de 10 anos, foi surpreendido com o cartaz pregado no portão: “Hoje, os alunos sairão às 15h. Motivo: o refeitório está impossibilitado de funcionar devido ao vandalismo”. Em um ano, essa é a quinta vez que aquele estabelecimento de ensino é invadido por vândalos e pichado, mas, desta vez, também houve roubo e depredação. Não havia uma única parede limpa.

Terror

Os funcionários da escola estão aterrorizados e evitam comentar a invasão. A diretora, Luciana Mara de Figueiredo Miranda, informou que recebe esse mês verba para pintar todo o prédio e reforçar a segurança, mostrando os locais por onde os arrombadores entram, escalando a tela de proteção da quadra ou subindo no telhado do vestiário. “Antes era somente vandalismo. Agora, roubo”, lamentou. “Isso nos deixa arrasados, porque queremos mudar uma realidade, fazer uma escola melhor e, de repente, vemos nosso trabalho ser desfeito dessa forma. É muito difícil”, desabafou Luciana.

Segundo ela, as depredações do patrimônio são comuns na região, o que deixa a comunidade escolar insegura e impotente diante dos ataques. A suspeita é de que o arrombamento tenha ocorrido entre a tarde de domingo e a madrugada de segunda-feira. A polícia foi chamada e a perícia vai tentar identificar os responsáveis pelo crime. (Com Pedro Ferreira)