O ator e diretor norte-americano Bradley Cooper teve sua cinebiografia do compositor Leonard Bernstein (1918-1990), "Maestro", aplaudida na mostra competitiva do Festival de Cinema de Veneza, enquanto o novo filme do franco-polonês Roman Polanski, “The palace”, foi recebido com uma reação morna. 





Multipremiado em 2019 por “Nasce uma estrela”, no qual também atuou e dirigiu, Cooper tem conseguido manter um equilíbrio incomum em Hollywood entre sua carreira de ator de sucessos de bilheteria (“Sniper americano”, “Se beber, não case!”) e obras autorais, como "Maestro", coproduzida com Martin Scorsese e Steven Spielberg. 

Nem Cooper, nem Polanski estiveram presentes no Lido. A ausência do diretor americano se deveu à greve dos atores em Hollywood, enquanto Polanski, de 90 anos, que mora na Suíça, continua ameaçado de extradição judicial para os Estados Unidos pelo estupro de uma menor, em 1977.

Autor de sucessos como “West side story”, Bernstein foi a grande esperança americana para entrar no Olimpo da música clássica, mas também era um gênio com uma vida amorosa complicada.







Embora fosse casado com a atriz Felicia Montealegre, Bernstein teve relacionamentos com homens ao longo da vida, o que colocou em risco sua vida familiar.


Amores


O filme aborda diretamente essas relações e as tensões, não apenas com sua esposa (interpretada por Carey Mulligan), mas com seus filhos, que nunca souberam a verdade, conforme revelou a filha mais velha de Bernstein, Jamie, em entrevista coletiva no Lido.

“Não sei por que meu pai negou tudo”, afirmou Jamie Bernstein, que, em 2018, publicou um livro de memórias que inspirou em parte Bradley Cooper. “Foi um processo longo para todos nós, que nos testou e confundiu”, admitiu.





A filha do compositor ficou entusiasmada com o filme. “Nunca pensamos que Bradley se esforçaria tanto para manter a autenticidade” do personagem, comentou. "Na realidade, é uma história de amor, a dos nossos pais", acrescentou. 

Polanski não precisou sair da Suíça para gravar “The Palace”, um vaudeville ambientado num hotel e filmado na estação alpina de Gstaad, com Mickey Rourke, Fanny Ardant e John Cleese (do grupo britânico Monty Python).

Em Veneza, o filme, apresentado fora de competição, foi um fracasso de crítica. Esta farsa à moda antiga, ambientada em 1999, recebeu avaliações muito negativas, como a da revista “Variety”, que a qualificou de um "fracasso sem risadas".





Vários críticos admitiram terem sido especialmente duros com o diretor por razões políticas, embora tenham insistido em que facilmente este foi o pior filme de sua carreira.

Polanski mora na Europa há mais de quatro décadas, depois de desobedecer a uma intimação da Justiça dos EUA.

O cineasta multipremiado, ganhador do Oscar com “O pianista” e “O bebê de Rosemary”, vive situação semelhante à de Woody Allen, que também estreia em Veneza um filme fora de competição, mas tampouco estará presente no Lido para apresentá-lo.

“Foi muito difícil fazer este filme”, explicou o produtor Luca Barbareschi, em entrevista coletiva. Polanski não pôde contar com financiamento francês, nem com o das plataformas americanas, que mantêm em seu repertório os filmes antigos do cineasta, criticou Barbareschi.





Esses longas-metragens, clássicos do cinema, “lhes rendem milhões”, declarou ele. “Por que não produzem o novo filme?”, questionou o produtor.

A vítima do estupro perdoou Polanski publicamente há muitos anos, mas as autoridades judiciais mantêm o pedido de extradição contra o cineasta.

Dono de uma carreira prolífica, Polanski cultivou com sucesso a comédia no passado, com filmes como “O jovem Frankenstein”.

"The Palace" se apresenta como um filme de enredos múltiplos na véspera de Ano Novo de 2000, com pistoleiros russos, bilionários excêntricos e mulheres obcecadas por cirurgias plásticas, que chegam a um hotel nas montanhas com uma variedade de caprichos e obsessões.  

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