Quando o primeiro show do Boogarins dedicado ao Clube da Esquina foi anunciado no Meca de 2022, o quarteto ainda não tinha planos de prosseguir com a homenagem ao movimento musical mineiro, que surgiu em BH nos anos 1960. Entretanto, a recepção do público do festival foi decisiva para a nova agenda de shows da banda, que já passou por São Paulo, com três noites esgotadas.





“É um show muito forte e muito difícil de decidir fazer, porque são músicas gigantes. Depois da primeira experiência, em que a gente viu que conseguiu emocionar as pessoas, ficamos mais à vontade para repetir a dose”, afirma o vocalista e compositor Dinho Almeida. 

Na escolha da setlist, cada um dos quatro músicos do Boogarins foi escolhendo as canções que não poderiam faltar. O repertório dos goianos vai de “O trem azul” a “Vento de maio”. 
 
“Na minha infância, um monte de coisa foi apresentada a mim como Clube da Esquina, os álbuns do Lô Borges, Flávio Venturini, Toninho Horta… Vejo o Clube como esse universo. Então, no nosso show, tem várias canções do disco 'Clube da Esquina', mas também colocamos outros álbuns”, explica o guitarrista Benke.




 
• Leia também: Livro de Márcio Borges e Chris Fuscaldo traz novas histórias do Clube da Esquina


Arranjos inéditos

Com arranjos improvisados e muitos sintetizadores, o Boogarins recria os clássicos do Clube da Esquina com releituras quase sempre inéditas para o público. Isso porque, em cada show, as músicas ecoam de um jeito diferente.

 

“Uma das nossas características é que a música se dilata e vai tomando conta do ambiente. Nós ficamos muito satisfeitos quando conseguimos atingir isso com este show também”, detalha Dinho.

 

 


Em 2012, quando a banda se formou, os então “meninos” passavam por um processo de redescoberta de discos antigos na internet. Naquela época, eles voltaram ao Clube da Esquina e encontraram muitas semelhanças entre a banda goiana e o movimento mineiro.





“Tem essa coisa Goiás em Minas, que são meio gêmeos, né”, brinca Dinho. “Quando ouvimos o disco de novo, vimos as nossas raízes ali. A coisa da textura, da fluidez e de serem músicas que te levam pra uma viagem conversa com nosso estilo.”

O nome Boogarins vem de uma flor, cujo significado é amor puro. E é justamente isso que o quarteto  goiano transmite ao falar sobre o Clube da Esquina. Assim como Milton, Lô Borges, Fernando Brant, Márcio Borges, Beto Guedes, Ronaldo Bastos e muitos outros, os músicos do Boogarins também são ligados por laços de amizade. 

Dinho Almeida (vocal) e Benke Ferraz (guitarra e vocal) se conheceram ainda na escola e formaram a banda, que logo ganhou a adesão de Raphael Vaz (baixo) e Ynaiã Benthroldo (bateria).
 
• Confira a releitura de Boogarins e O Terno para 'Saídas e bandeiras nº 1', faixa do álbum 'Clube da Esquina':
 

 
 
Sobre fazer show no berço do Clube da Esquina, Dinho e Benke confessam sentir um frio na barriga. "A relação das pessoas daí (de BH) com essas músicas é ainda mais profunda do que nos outros lugares do Brasil. Quem estiver aberto para ver a gente interpretando essas músicas e se deixar levar, vai sair de lá bem impactado”, diz Benke.





“O show é uma homenagem, um agradecimento nosso por poder conseguir fazer com que as pessoas gostem da gente tocando algo que é tão importante para nós”, acrescenta Dinho.

Na estrada

Com 10 anos de carreira, Boogarins percorre uma trajetória diferente daquela que os artistas independentes costumam trilhar. O grupo lançou seu primeiro EP na internet e foi descoberto por uma gravadora estadunidense, que logo o lançou em turnê de 100 shows internacionais. Dali em diante, a banda participou de importantes festivais mundo afora.

Questionados sobre a maior conquista profissional durante todo esse tempo, Dinho e Benke afirmam, rindo, que é continuarem juntos. 

“Estar junto com esse frescor é muito bom. Poder fazer um show cover que não tem cara de tributo reflete o nosso amadurecimento. Essa é a nossa maior conquista, tanto profissional quanto estética. A gente se sente dono do próprio som, independentemente de qualquer rótulo”, afirma Benke. 

Dinho completa: “As pessoas são tão apaixonadas por nossas versões das músicas quanto pelo nosso próprio repertório. A confiança que a gente conquistou, de poder fazer o que gostamos, é também o nosso objetivo para o futuro. Também queremos construir infinitos anos de banda sem perder essa paixão que ecoa em quem ouve a nossa música”.

A banda Boogarins tem vários planos para comemorar seus 10 anos, que incluem a reprensagem do vinil do primeiro disco, “As plantas que curam”, e o lançamento de  novo álbum.

BOOGARINS TOCA CLUBE DA ESQUINA

Show neste sábado (25/3), a partir das 21h, na Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). Abertura: Mineiros da Lua. Ingressos: R$ 120 (2º lote, inteira) e R$ 70 (meia-social).

* Estagiária sob supervisão da  subeditora Tetê Monteiro

compartilhe