Jornal Estado de Minas

50 ANOS DE HISTÓRIA/ESPECIAL

Bituca: mestre da música e da arte do encontro


No início, era Milton Nascimento. O cantor e compositor é o núcleo, a essência, a força motriz do Clube da Esquina. Mas que esquina é essa? O cruzamento das ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Santa Tereza, onde Lô Borges encontrava a turma para tirar um som? Ou o Centro de BH, onde Bituca conheceu a família Borges e Fernando Brant? Seria a tal esquina a casa em Mar Azul, onde Milton, Lô, Beto, Ronaldo e companhia deram vida às composições do disco de 1972? E o que dizer do estúdio da Odeon, no Rio de Janeiro, no qual os músicos do Som Imaginário deram as canções à luz?

As esquinas são os encontros de Milton em suas travessias. Ele mesmo não era frequentador do cruzamento da Paraisópolis com Divinópolis, mas foi quem fundou o clube. Logo, Bituca é a própria esquina, o ponto de intersecção entre aquela geração de artistas e outras que viriam a partir dos elos amarrados por ele. Se no disco “Clube da Esquina” Milton havia reunido Lô, Ronaldo, Fernando, Márcio, Beto, Som Imaginário, e mais Eumir Deodato, Paulo Moura, Alaíde Costa e Rubinho, as andanças do artista pelo Brasil e pelo mundo acabaram expandindo o clube.






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Em 1978, depois de ter lançado os melhores discos de sua carreira – “Milton”, “Clube da Esquina”, “Milagre dos peixes”, “Minas” e “Gerais” –, Bituca convocou amigos e parceiros para outra obra-prima, o também duplo “Clube da Esquina 2”.

Está todo mundo ali de novo: Lô, Márcio, Ronaldo, Fernando, Beto, Nelson, Toninho, Wagner. Mas o clube ganha outros membros: Flávio Venturini, Joyce, Chico Buarque, Tavinho Moura, Elis Regina, Murilo Antunes, Boca Livre, Danilo Caymmi, Novelli.

(foto: Arte: Soraia Piva)


O disco não foi a primeira colaboração dessa turma com Bituca, mas “Clube da Esquina 2” consolida a ampliação do grupo. Muitos outros se associaram, antes e depois, além das fronteiras do Brasil: Mercedes Sosa, Wayne Shorter, Herbie Hancock, James Taylor, Jon Anderson, Peter Gabriel e Pat Metheny são alguns deles.





Se mirarmos o “Clube da Esquina” sob a perspectiva de um girassol, Milton é o miolo, a medula. Os cocriadores do disco de 1972 figuram bem próximos ao núcleo – simbiose criativa que perdura por décadas. Logo depois, encontramos os músicos que não apenas deram vida a “Clube da Esquina”, mas haviam cruzado a esquina de Bituca antes desse acontecimento e seguiriam ao lado dele no decorrer da carreira.

(foto: Arte: Soraia Piva)

Por fim, a expansão absoluta, os encontros que transcendem Minas e Rio de Janeiro, os laços amarrados em uma vida dedicada à música e à amizade. O Clube da Esquina é do tamanho do mundo, mas cabe também nas pétalas de um girassol.


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