Estado de Minas 90 ANOS

Nove títulos nacionais que colocaram o Cruzeiro no patamar de cima do futebol

Tetracampeão brasileiro, penta da Copa do Brasil, Cruzeiro ganhou a condição de protagonista do futebol nacional a partir da Era Mineirão, nos anos 1960


postado em 07/09/2018 07:13 / atualizado em 06/09/2018 21:56

A década de 1960 se tornou divisor de água para o esporte mineiro. Em 5 de setembro de 1965, foi inaugurado o Mineirão, o principal palco do futebol do estado. No ano seguinte, Tostão se tornaria o primeiro jogador de um clube local a disputar uma Copa do Mundo e, em dezembro, o Cruzeiro alcançaria o feito que colocou Minas Gerais definitivamente no mapa da bola: o título da Taça Brasil sobre o Santos, de Pelé, bicampeão mundial e base da Seleção Brasileira.



“Foi um triunfo épico do futebol mineiro”, anunciava o Estado de Minas de 8/12/1966, dia seguinte à vitória celeste sobre o Santos por 3 a 2, de virada, no Pacaembu. Na semana anterior, no Gigante da Pampulha, com três gols de Dirceu Lopes, o Cruzeiro havia vencido por 6 a 2, não tomando conhecimento do então pentacampeão nacional. “O Cruzeiro afirmou-se iniludivelmente como a expressão máxima do novo e moderno futebol, que preocupa São Paulo e Rio, até então tidos como os centros de importância do esporte brasileiro”, acrescentava a capa do EM.


Torcedores apaixonados guardam de cor os 11 da conquista: Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Wilson Piazza e Dirceu Lopes; Tostão, Natal, Evaldo e Hilton Oliveira. “Ali foi o pontapé inicial para mudar a história do Cruzeiro em nível nacional e até internacional. Foi um momento mágico e, ao mesmo tempo, com uma dose de atrevimento, ganhar daquele time fantástico do Santos”, lembra Piazza.


Para chegar ao título inédito e invicto, o Cruzeiro venceu sete jogos e empatou um. A volta a Belo Horizonte, como não poderia ser diferente, foi de ruas cheias, recepção no aeroporto, desfile em carro do Corpo de Bombeiros e compromissos com autoridades. “Nunca tinha experimentado aquela sensação, aquela festa. Vim de um time modesto, o Renascença, e muitos de nós vivíamos aquela euforia pela primeira vez”, emociona-se Piazza.


Fábio comemora pênalti defendido na final da Copa do Brasil de 2017, contra o Flamengo(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press - 27/9/17)
Fábio comemora pênalti defendido na final da Copa do Brasil de 2017, contra o Flamengo (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press - 27/9/17)

O título de 1966 foi reconhecido oficialmente como Brasileiro pela CBF apenas em 2010, quando a entidade unificou as conquistas da Taça Brasil (1959-1968), do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão, de 1967-1970) e Brasileiro (desde 1971). Com isso, o Cruzeiro passou a ser bicampeão nacional, já que, em 2003, a Raposa, de Vanderlei Luxemburgo, voltou a encantar o país – único até hoje a vencer estadual, Brasileiro e Copa do Brasil no mesmo ano, feito celebrado como Tríplice Coroa.


Se os times de 1966 e 2003 entraram para a história por dar aula de futebol aos rivais, os troféus de 2013 e 2014 não poderiam ser diferentes. Por dois anos seguidos, em 2013 e 2014, o Cruzeiro de Fábio, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e cia., comandado por Marcelo Oliveira, foi imbatível, conquistando a competição antecipadamente. “Em dois anos, nenhum time descobriu a fórmula de parar o Cruzeiro”, destacava o EM de 24/11/2014.

Multicampeão
na Copa do Brasil


Se no Brasileiro o nome do Cruzeiro está escrito entre os grandes campeões, na Copa do Brasil, apenas o Grêmio conquistou tantos títulos quanto a Raposa: cinco. Em 29 edições do torneio mata-mata, a equipe celeste esteve em oito decisões, erguendo a taça cinco vezes – recordista de títulos. O primeiro troféu veio em 1993, vencendo o Grêmio na decisão por 2 a 1, gols de Cleison e Roberto Gaúcho, que voltou a marcar no jogo do bicampeonato, diante do Palmeiras, por 2 a 1, no Palestra Itália – o outro foi de Marcelo Ramos.


O craque Tostão levanta a taça do título brasileiro de 1966, conquista que colocou o Cruzeiro entre os grandes times do Brasil(foto: Arquivo O Cruzeiro/EM - 7/12/66)
O craque Tostão levanta a taça do título brasileiro de 1966, conquista que colocou o Cruzeiro entre os grandes times do Brasil (foto: Arquivo O Cruzeiro/EM - 7/12/66)

Em 2000, Oséas brilhou com 10 gols na campanha do tri, enquanto Alex guiou o Cruzeiro ao tetra em 2003. No ano passado, mais uma vez contra o Flamengo, o Cruzeiro chegou ao penta graças a defesas milagrosas de Fábio.

Conquista e grandes histórias
 
 “Não foram poucas as vezes na carreira que descrevi momentos que entraram para a história do esporte. Uma das mais marcantes foi a conquista do tricampeonato brasileiro pelo Cruzeiro, em 2013. O clube havia atravessado uma fase difícil, esteve ameaçado de rebaixamento dois anos antes, atravessou 2012 sem muito brilho, mas ressurgiu em grande estilo no ano seguinte. Comandado por Marcelo Oliveira, o time reunia técnica, tática e raça e terminou com 11 pontos de vantagem sobre o vice, Palmeiras. A viagem para cobrir o triunfo sobre o Vitória, em Salvador, no qual assegurou matematicacmente o título, possibilitou contar histórias além das quatro linhas, como de familiares do atacante Borges, que viram tudo sentados tranquilamente na arquibancada do Barradão. No retorno, a festa tomou conta do avião usado pela delegação celeste e também das ruas de Belo Horizonte.” (Paulo Galvão,  repórter do Estado de Minas)

PÁGINAS HISTÓRICAS
Estado de Minas, 28/9/2017
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A manchete do EM, em letras garrafais, não deixava dúvida: “O penta é azul”. Com atuação heroica de Fábio, que defendeu cobrança de Diego, o Cruzeiro superou o Flamengo nos pênaltis e se igualou ao Grêmio na lista dos times que mais venceram a Copa do Brasil, com cinco troféus. Sem o benefício de entrar nas oitavas de final, como os times da Libertadores, a Raposa teve de largar da primeira fase e precisou de 3 jogos para chegar ao pentacampeonato.


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