Se você somar os números 2, 0, 1 e 3 o resultado é 6. Somando 2 + 0 1 4 dará 7. Juntando os dois chegamos ao numero 76. Ano do título da nossa primeira Libertadores. Esta maluca analogia é simplesmente para mostrar que a conquista do nosso bicampeonato, por mais que tenha sido planejada, aconteceu com a ajuda dos deuses. Eles estão lá no céu nos protegendo. É a retribuição por utilizarmos a cor azul e cinco estrelas como nossos símbolos. Isso sem falar que 7 6 é igual a 13. No final das contas, o nosso grande rival regional só nos dá sorte.
Falando de planejamento, em 2013 gastamos R$ 30 milhões nas contratações. O mesmo valor que o Corinthians gastou trazendo o Alexandre Pato, no mesmo ano. O William Bigode veio na troca pelo Diego Souza com o Metalist, da Ucrânia. O Egídio e o Ricardo Goulart vieram do Goiás. Éverton Ribeiro veio do Coritiba. A contratação mais cara foi a do zagueiro Dedé. A apresentação mais apoteótica foi a do Júlio Baptista, saindo de um carro-forte dentro do Mineirão.
Depois de alguns anos, fica difícil separar os motivos que nos levaram a conquistar cada um dos títulos. Fica claro que a taça de 2014 foi consequência da manutenção, além do técnico Marcelo Oliveira, da maioria dos jogadores que nos levaram ao primeiro título do bicampeonato.
Em 2013, criaram um movimento, principalmente da mídia carioca, de que o Botafogo iria passar o Cruzeiro na tabela. Em 18 de setembro, ocorreu uma final antecipada, que, pra mim, foi o melhor jogo do Júlio Baptista com a camisa estrelada. Ganhamos por 3 a 0, com direito a pênalti perdido pelo Seedorf.
Um campeonato longo como o Brasileiro não se ganha em apenas alguns jogos e com 11 titulares. Nomes como Dagoberto foram importantes, principalmente em momentos decisivos. Adorava ver o painel do estádio anunciando a entrada do Dagol e seu futebol marrento. Um momento emblemático foi ele tentando cantar a música Nós somos Loucos na comemoração do título contra o Vitória, em Salvador.
O ano de 2014 foi um pouco diferente, éramos o time a ser batido. Se em 2013 ganhamos com quatro rodadas de antecedência, em 2014 fomos campeões com duas rodadas antes do final. Mudamos poucos nomes. No primeiro título, o Nílton jogou muito bem na zaga. No ano seguinte, tivemos a volta do Henrique ao meio-campo, depois de uma breve passagem pelo Santos. No segundo título, o Marcelo Moreno retornou ao maior de Minas e marcou um golaço de meia bicicleta contra o Fluminense . Tive o prazer de escrever semanalmente para o EM durante a campanha desses dois títulos. Trabalho que me rendeu o convite para escrever o livro do título de 2013, junto com o jornalista Bruno Mateus.
Aproveitei cada momento dessas conquistas, não só escrevendo, mas tomando muita chuva, como no jogo contra o Goiás, em 2014, e participando da festa contra o Bahia, em 2013.
Ser torcedor é isso, vivemos numa montanha russa constante. A vida é para ser vivida e quem foge das emoções perde sempre o melhor da história. Que no fim vença o melhor, desde que seja o Cruzeiro.
* Músico, integrante do Skank e torcedor do Cruzeiro, foi colunista do Estado de Minas até 2017