Estado de Minas 90 ANOS

Milagres, orações e promessas: o Galo conquista a América

Campanha do Atlético na Libertadores de 2013 foi marcada pela superação e deixou Victor e Ronaldinho Gaúcho eternizados na história do clube


postado em 07/09/2018 07:06 / atualizado em 06/09/2018 22:46

A capa do Estado de Minas de 25 de julho de 2013 não deixava dúvidas: “Libertados”, em letras garrafais, celebrava o título que colocava o Atlético definitivamente no patamar de cima do futebol sul-americano. No dia anterior, no Mineirão, diante de 56.557 torcedores, o Galo pôs ponto final a uma campanha heroica, conquistando o título da Copa Libertadores, o maior troféu da história centenária do clube.


“Campeão da América! Preso na garganta havia mais de 40 anos, o grito atleticano enfim tomou conta do Mineirão: quase 60 mil pessoas testemunharam a conquista inédita da Libertadores”, destacava o EM no dia seguinte ao título, ressaltando a dramaticidade da conquista sobre o paraguaio Olimpia, por 2 a 0 (no tempo normal) e 4 a 3 (nos pênaltis). “Não seria uma façanha do Galo se não fosse dramática, sofrida, de testar os nervos.” Leonardo Silva e Jô marcaram no tempo normal e, depois de empate sem gols na prorrogação, o título foi decidido nos pênaltis, com mais uma atuação milagrosa de São Victor.
Testemunhar aquela noite única da história alvinegra foi mágico para o torcedor atleticano. Não bastasse a campanha gravada na memória, alguns torcedores resolveram marcá-la na pele. “Sou jornalista e sempre fui apaixonado pelas crônicas do Roberto Drumond e me inspirei nele para escrever uma crônica, chamada Galo Fênix, sobre as redenções do Galo.


Em 2013, Rafael Orsini, com 19 anos na época, cumpriu promessa feita na véspera da final e tatuou um galo na perna(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press - 23/7/13)
Em 2013, Rafael Orsini, com 19 anos na época, cumpriu promessa feita na véspera da final e tatuou um galo na perna (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press - 23/7/13)
 

Coincidiu que, depois que o Atlético perdeu o primeiro jogo para o Newell’s Old Boys, o Estado de Minas publicou uma ilustração na capa do Galo ressurgindo das cinzas. Depois do título, nem dormi, e fui direto para o estúdio tatuar aquele desenho na perna”, conta o jornalista Rafael Orsini, de 24 anos.


Orsini tinha 19 anos naquele ano em que o Galo foi superando todas as adversidades em busca do título. Sob comando de Cuca e a batuta de Ronaldinho Gaúcho, o maestro da conquista, o Galo fez uma primeira fase quase impecável, com cinco vitórias e uma derrota. Se até ali o caminho foi relativamente tranquilo, na fase final o torcedor atleticano precisou se apegar à fé. Com três gols de Jô e um de Diego Tardelli, despachou o São Paulo por 4 a 1, na partida de volta das oitavas de final.

MILAGRES EM SÉRIE

Nas quartas de final, um milagre. Depois de empatar com o Tijuana por 2 a 2, no México, o Galo empatava por 1 a 1 até os acréscimos, quando os mexicanos tiveram um pênalti a favor. “Milagre de São Victor”, estampou o EM de 31/5/2013, com a foto do camisa 1 caindo para a esquerda e, com o pé esquerdo, rebatendo o chute de Riascos. Na semifinal, o Galo perdeu por 2 a 0 para o Newell’s Old Boys, em Rosário, na Argentina, e precisava tirar a desvantagem no Horto.


O Galo vencia por 1 a 0, quando houve uma queda de luz no Independência aos 32min do segundo tempo. Depois de 11 minutos de interrupção, Guilherme, que havia entrado na vaga de Bernard, acertou o chute que levou a partida para os pênaltis. Na cobrança do experiente Maxi Rodriguez, Victor pulou mais uma vez no canto certo e levou o Galo para a final.
O sentimento e a rotina de Orsini nos dias do título refletem bem as emoções dos atleticanos naquele mês de julho. “De joelhos pelo Galo”, destacava o EM de 24/7/2013, com as promessas dos torcedores pelo título. Fanático pelo Galo, Rafael Orsini, 19 anos, voltou a acreditar em Deus depois da vitória nas quartas de final e prometia ir a pé do Barreiro a Venda Nova caso o time vencesse o Olimpia. Não só cumpriu a promessa, como passou a levar o Galo marcado na pele.


A primeira conquista da América


Antes de conquistar o título da Copa Libertadores, o mais importante torneio continental, o Atlético já havia vencido duas vezes a Copa Conmebol, na década de 1990. O primeiro troféu continental veio em 1992, quando o Galo passou por Fluminense, Junior Barranquilla-COL, El Nacional-EQU e pelo mesmo Olimpia da Libertadores de 2013. Para chegar ao título, a equipe de Procópio Cardoso contou com a boa fase de Aílton (artilheiro, com seis gols) e Sérgio Araújo (três). O segundo troféu veio em 1997, quando o alvinegro de Emerson Leão (foto) contou com sete gols de Valdir para chegar ao bicampeonato.

Emoção do começo ao fim
 
“Em um roteiro dos mais emocionantes nos últimos anos, não faltaram momentos de tensão, alívio, drama, lágrimas e alegria naquela saga vitoriosa de 2013. E acompanhar de perto cada capítulo (em BH ou fora) foi algo muito enriquecedor, principalmente para um repórter que iniciava ali uma cobertura internacional de grande magnitude. Não faltaram bons ingredientes para contar histórias para o torcedor atleticano. Aqui são incluídos os exemplos de superação, como de Ronaldinho Gaúcho, Jô e do técnico Cuca. O título marcou também o surgimento de um santo, o goleiro Victor, herói nas últimas fases da campanha. Foi um título inesquecível, que, literalmente, mudaria a história do Atlético para sempre.” (Roger Dias, repórter do Estado de Minas)


PÁGINAS HISTÓRICAS

Estado de Minas, 24/7/2014
No topo da América


Às vésperas de completar um ano do título da Libertadores, o Atlético voltou a mostrar sua força no continente ao vencer a Recopa Sul-Americana. “Galo canta no topo da América”, destacava a capa do caderno Superesportes, já tratando a iminente despedida de seu astro. “Substituído no segundo tempo, Ronaldinho Gaúcho deixou no ar a possibilidade de ter feito sua última partida pelo Atlético”. O R10 se despediu na semana seguinte.


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