Estado de Minas 90 ANOS

O Grupo Galpão transformou a história desta professora

Divina Maria de Jesus, de Uberlândia, ficou sabendo pelo em que receberia homenagem do Grupo Galpão: arte como caminho de transformação


postado em 15/06/2018 06:53 / atualizado em 14/06/2018 19:32

Ex-doméstica, professora e contadora de histórias, Divina Maria de Jesus se tornou personagem do Galpão(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Ex-doméstica, professora e contadora de histórias, Divina Maria de Jesus se tornou personagem do Galpão (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

Em 6 de fevereiro de 2015, o EM Cultura contou aos leitores do Estado de Minas a história de Divina Maria de Jesus. Aos 11, ela começou a trabalhar como empregada doméstica, para ajudar a família a se manter, em Uberlândia. Aos 18, soube que um grupo teatral daria uma oficina na cidade. Inscreveu-se. Sem o apoio da patroa, que se recusou a liberá-la mais cedo do trabalho nos dias de aula, Divina chegava atrasada. Mas compensava os minutos perdidos com ânimo em dobro para adaptar sua mente e seu corpo às novas ideias e aos exercícios inéditos que aquela trupe nômade com nome de local fixo lhe apresentava.

Passaram-se quase 30 anos. Divina cursou artes cênicas e magistério; tornou-se professora e contadora de histórias. E não saiu nem de Uberlândia nem da memória do Galpão, que fez dela uma de suas homenageadas no sarau De tempos somos (2014), um brinde erguido aos melhores momentos e aos maiores encontros dos 35 anos de estrada do grupo.

O Estado de Minas foi a Uberlândia para levar a Divina a notícia de que ela havia se tornado personagem no espetáculo da vida do Galpão. E para trazer ao leitor a história de alguém que escolheu a arte como um caminho de transformação da própria biografia. Essa é a história que buscamos contar todos os dias, sabendo que há os que transformam sua vida pela arte criando-a e os que o fazem fruindo dela.

Aos primeiros (os autores) dedicamos nossa escuta – para procurar entender o que dizem, tentar estar à altura do diálogo, compreender como se dá a alquimia que executam no mundo ao nosso redor. E ao leitor-espectador voltamos nossos olhos – para tentar enxergar quem ele é e o que espera de nós, que temos a pretensão de ser um elo entre ele e os artistas que lhe dizem respeito. E é assim que a cada dia renovamos o esforço de ter olhos para ver e ouvidos para ouvir histórias de um breve momento ou de um divino encontro que nos faça lembrar a todos que “de tempo somos”. Há 90 anos. Hoje. Sempre.

Silvana Arantes é editora de cultura do Estado de Minas


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