Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Brasil: o mal reencarnado acertando contas

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Ao final de 2020, em um ano de tantas perdas e mudanças para milhões de brasileiros, não foram poucos os que, às 00:00:01hs do dia primeiro de janeiro de 2021, soltaram um justo “ufa!”, como se dissessem “acabou”. Mal sabiam os coitados que não; não havia acabado. Ao contrário. Pelo andar da carruagem neste começo de ano, nada acabou, e ainda por cima, piorou.




 
 
 
A pandemia nunca esteve tão descontrolada no país. O novo coronavírus é coisa do passado. Hoje temos o novo novo coronavírus, e amanhã, provavelmente, o novo novo novo. A COVID-19 de 2020 até foi mansa e generosa. A de 2021 está ainda mais grave e letal. E a política, dominada por tentativas de auto golpe, autoritarismo sem controle e violência generalizada, degringolou de vez.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, resolveu mudar o passado e reescrever as expectativas de futuro. Com um rabisco em um papel, anulou os processos penais do agora ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro, Lula da Silva, e devolveu ao meliante de São Bernardo seus direitos políticos. A bomba já era esperada, mas sob outras assinaturas e motivos, e explodiu ainda mais forte.

Ato contínuo, o arruaceiro travestido de presidente da República, Jair Bolsonaro, acusando o golpe (no sentido literal), ensaiou uma mudança no rumo da prosa homicida. Surgiu com máscara, defendeu a vacinação e até concedeu uma entrevista em tom comum à civilização e aos bons modos. Contudo, algumas horas depois, voltou ao modo verdugo insano psicopata de ser, e ressurgiu virulento e violento como de costume.





Como se fosse impossível piorar o que já é pra lá de péssimo, a notícia que o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) - sim, aquele. Ele ainda existe e não, não foi preso nem nada, tá sussa, sussa - assumiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, caiu como uma pluma; sem barulho, sem efeito, sem nada. Afinal, qual a surpresa diante dos horrores atuais?

Eu não sei que mal fizemos coletivamente no passado. Não sei se fomos os responsáveis pelas guerras bárbaras da Idade Média; se fomos os cruéis persas ou romanos; se atiramos pedras na cruz ou se fomos os idealizadores da escravidão, do holocausto e do comunismo, que dizimaram centenas de milhões de humanos. Mas sei que alguma treta bem séria fizemos séculos e milênios atrás, e estamos pagando agora, com juros de agiota e correção monetária de hiperinflação, só pode.
 
 

audima