A Bolsa de Valores Nova York fechou com resultados mistos nesta quarta-feira (1º), após uma reação inicialmente positiva à decisão do Federal Reserve (Fed, banco central) de manter suas taxas de juros elevadas, mas descartando um aumento próximo.

O índice Dow Jones subiu 0,23%, aos 37.903,29 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq caiu 0,33%, para 15.605,48 unidades, e o S&P 500, 0,34% (5.018,39).

O Fed manteve nesta quarta as taxas de juros de referência na faixa entre 5,25% e 5,50%, o nível mais alto em mais de duas décadas. Mas seu presidente, Jerome Powell, tranquilizou o mercado ao descartar a possibilidade de um próximo aumento.

Depois de dois dias de reunião de seu Comitê de Política Monetária (FOMC), o Fed destacou a "ausência de novos avanços" para sua meta de inflação de 2% anual, em um contexto de recuperação dos preços ao consumidor.

E embora Powell tenha afirmado que será preciso "mais tempo do que o esperado" para acreditar em uma queda da inflação nos Estados Unidos, garantiu que é "improvável" um novo aumento dos juros.

Na coletiva de imprensa ao término da reunião, o presidente do Fed considerou "pouco provável que o próximo movimento das taxas seja de alta", já que a política monetária é "suficientemente restritiva" no longo prazo.

Em um primeiro momento, os mercados dispararam, para depois perderem força.

"Este tipo de volatilidade não é excepcional" após comentários do Fed, observou Art Hogan, da B. Riley Wealth Management.  

Para Peter Cardillo, da Spartan Capital, um ponto-chave "agradou os investidores": o Fed anunciou que, a partir de junho, começará a reduzir mais lentamente seu volume de ativos em carteira, um movimento que anuncia um começo de flexibilização da política monetária.

O Fed havia aumentado sua participação durante a pandemia para inundar o mercado de liquidez e sustentar a economia. Depois, na medida em que elevava suas taxas de juros, começou a se desfazer de títulos do Tesouro, retirando, assim, dinheiro do mercado.

Manter os juros altos supõe desincentivar o crédito que alimenta o consumo e os investimentos, e com isso reduzir as pressões sobre os preços para conter a inflação. Em geral, qualquer movimento que reduza a liquidez na economia tende a frear o aumento dos preços.

Nesse sentido, o mercado de títulos públicos sofreu um relaxamento, com a rentabilidade dos papéis da dívida com vencimento em 10 anos passando para 4,61%, contra 4,68% de terça-feira.

"Reiteraram que a inflação é uma luta difícil, mas seguem pela mesma trajetória" que foi feita até agora, resumiu Cardillo.

"O Fed não aproveitou a ocasião para adotar um tom combativo em seu comunicado, o que sugere que os cortes de juros este ano continuam sobre a mesa", sustentou, por sua vez, Ryan Sweet, da Oxford Economics.

No mercado de ações, os investidores deram boas-vindas aos resultados da Amazon, que triplicou seu lucro trimestral graças ao "cloud", seu serviço de informática na nuvem. Após a publicação de resultados na terça e ao fechamento do mercado, seus papéis subiram 2,29%, para 179 dólares.

A fabricante de microchips AMD (-8,91%), em contrapartida, decepcionou ao anunciar previsões piores que as esperadas para este trimestre.

Outra empresa de microchips, Nvidia, estrela de Wall Street impulsionada pela revolução da inteligência artificial, perdeu quase 4%.

Já a rede de cafeterias Starbucks despencou 15,88%, para 74,44 dólares, após publicar ontem resultados para o trimestre muito inferiores aos esperados pelo mercado.

Entre janeiro e março, a rede faturou 8,56 bilhões de dólares (-1,8% em comparação com o mesmo período do ano passado) e teve um lucro líquido de 772,4 milhões de dólares, uma queda de 15% ano a ano.

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