Depois de sofrer com escassez e racionamento de energia, com consequente elevação de custos, a indústria de alumínio no Brasil, que há cerca de uma década desativou fábricas, cortou produção e empregos, está agora diante da oportunidade de se tornar a maior do mundo em alumínio de baixo carbono. Oferta crescente de energia renovável, extensas reservas de bauxita e a necessidade urgente da descarbonização da economia abrem uma janela para expansão e verticalização da produção do alumínio no Brasil. O cenário que se apresenta para o setor foi quase uma unanimidade durante as apresentações e debates do 9º Congresso Internacional do Alumínio, realizado em São Paulo pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal), com a participação de executivos do setor e autoridades do governo e que recebeu cerca de 500 participantes nos dois dias.
Os dados da produção no ano passado ainda estão sendo detalhados pela Abal, mas a produção e vendas vão ser impactados pelo religamento de unidades na Alumar, no Maranhão, que acrescentam mais 447 mil toneladas de alumínio à produção nacional, que em 2022 somou 810,9 mil toneladas de alumínio primário e outras 905 mil toneladas de alumínio reciclado. “Nós temos ativos atraentes e somos um player confiável”, afirma a presidente-executiva da Abal, Janaina Donas. Ela lembra que os países da Europa estão “fechando” unidades de produção de alumínio e, sem ter bauxita, precisaram buscar suprimento do metal estratégico fora do Velho Continente. “A gente tem todas as vantagens aqui, tem tudo. A gente só não pode estragar a oportunidade”, observa Janaina. Ele destaca ainda o fato de a indústria ser verticalizada, da mina ao produto final.
Ao lembrar que o Brasil hoje é um mercado de 1,5 milhão de toneladas anuais, o CEO da Companhia Brasileira do Alumínio (CBA), Luciano Alves, avalia que o país tem todas as condições de liderar a oferta de alumínio de baixo carbono e a transição energética, mas é preciso avançar mais e agregar valor para se tornar produtor e eventual exportador de produtos de alumínio de baixo carbono. “Hoje a indústria global tem demanda baixa por problemas na China e nos Estados Unidos, mas os estoques estão baixos e a perspectiva é de melhora”, observa Luciano Alves.
Na prática, o Brasil já tem uma pegada de carbono 3,3 vezes menor do que a média da indústria mundial, em função do alto índice de reciclagem, do uso de energias renováveis e de tecnologias que estão reduzindo as emissões também na mineração da bauxita. No Brasil, a cada tonelada de alumínio produzida são emitidas entre 4,5 e 6,5 toneladas, enquanto no mundo a média do setor são 16 toneladas de CO2 por tonelada de alumínio. A perspectiva é de que a indústria brasileira avance na descarbonização, incorporando uma vantagem competitiva para os produtos brasileiros em relação aos chineses, que usam carvão mineral como combustível nas refinarias de alumínio.
Durante o 9º Congresso Internacional do Alumínio, Janaina Donas confirmou os investimentos de R$ 30 bilhões feitos pelas indústrias do alumínio entre 2022 e 2025, incluindo os recursos para aumento da produção (leia-se Alumar), para expansão as reservas, em centros de pesquisa, na mudança da matriz elétrica, com impacto sobre a descarbonização do setor. “Com a meta global de reduzir as emissões até 2030 há uma oportunidade que o Brasil precisa aproveitar para atender à demanda porque nós temos vantagens competitivas”, destaca a presidente da Abal.
Nos portos
A movimentação nos portos brasileiros no primeiro bimestre deste ano aponta para um aumento da atividade econômica em janeiro e fevereiro. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o volume de carga chegou a 197,8 milhões de toneladas, com crescimento de 10% em relação a igual período do ano passado. Em fevereiro, o crescimento do número de contêineres chegou a 29,19%.
Alta renda
Um levantamento realizado pelo Itaú Personalité com o Instituto Locomotiva revelou que a maioria dos brasileiros de alta renda (89%) avaliam estar bem preparados adequadamente para o futuro e 93% dizem ter objetivos de curto, médio e longo prazo. Outro detalhe é que apenas 20% estão no patamar considerado de alto planejamento financeiro. O levantamento foi feito com entrevistados no Sudeste do país.
Safra
294,1 milhões de toneladas deve ser a safra de grãos brasileira neste ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)