Hospital será doado pelo estado à Universidade Federal de São João del-Rei, que, na condição de hospital escola, atenderá integralmente pelo SUS a toda a população de 56 municípios da região -  (crédito: Ilustração)

Hospital será doado pelo estado à Universidade Federal de São João del-Rei, que, na condição de hospital escola, atenderá integralmente pelo SUS a toda a população de 56 municípios da região

crédito: Ilustração

A pressa do governador Romeu Zema (Novo), do secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, e do prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo) em anunciar a federalização do ainda em obras Hospital Público Regional “Divino Espírito Santo” – que se tornará hospital universitário vinculado à Universidade Federal de São João del-Rei – causou mal-estar e constrangimento ao governo Lula com lideranças políticas de sua base, envolvidas na articulação, no âmbito federal, desse processo, como a mineira Gleide Andrade, secretária nacional de Finanças do PT.

 

Essa foi também uma promessa, do próprio presidente Lula (PT), durante o segundo turno das eleições de 2022, quando afirmou que iria transformar esse hospital em universitário. Tal promessa de Lula foi gravada em vídeo ao lado da deputada estadual Lohanna (PV), do ex-prefeito de Divinópolis Demétrius Arantes Pereira e da presidente estadual do PSD Mulher, Laís Soares. Todas as personagens desse vídeo têm atuação antiga em defesa dessa pauta e integram a base de sustentação do governo federal na região, ao mesmo tempo em que são do grupo de oposição ao prefeito Gleidson Azevedo, irmão do senador Cleitinho (Republicanos), ambos conhecidos pelo duro combate ao governo Lula pelas mídias digitais. Divinópolis, será inclusive, uma das cidades em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fará campanha em apoio à reeleição de Gleidson Azevedo, que concorrerá contra Laís Soares.

 

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O ministro da Educação Camilo Santana (PT) e o presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro, receberiam em princípio Zema e Baccheretti para discutir aspectos dessa parceria para a federalização do Hospital Público Regional “Divino Espírito Santo”, que só será consolidada após a conclusão das obras do hospital. Depois da conversa, o prefeito, que estava junto, pediu para gravar um vídeo. O governador Zema abriu a gravação, anunciando “a boa notícia”, passando a palavra ao secretário de Saúde. Na sequência, o Ministro da Educação, Camilo Santana, apresentou Arthur Chioro, explicou que a Ebserh faz a gestão dos hospitais universitários. O ministro informou que o hospital será doado pelo estado à Universidade Federal de São João del-Rei, que, na condição de hospital escola, atenderá integralmente pelo SUS a toda a população de 56 municípios da região. O prefeito Gleidson Azevedo, que já havia incluído em meio ao vídeo um documento com a legenda “após o meu pedido”, é o último a falar. Diz que a região “clama por saúde” e enaltece a parceria entre as unidades federadas. O que era uma reunião entre o governador e o ministro para a discussão de um tema federativo, se tornou assim uma peça de campanha à reeleição de Gleidson Azevedo.

 

Ações independentes

 

Tom Goodhead, sócio-fundador e CEO do Pogust Goodhead, sustenta que eventual acordo extrajudicial em torno do processo reparatório do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, não impacta o andamento da ação das vítimas de Mariana na Inglaterra. “Esse processo continua progredindo de forma positiva para nossos cerca de 700 mil clientes, entre os quais indígenas, quilombolas, indivíduos e municípios”, informa em resposta às considerações do procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, de que seria essa a expectativa da Mineração Samarco e controladoras Vale e BHP.


Email

 

“Recentemente, BHP e Vale sofreram relevantes derrotas no processo, incluindo a revelação de um e-mail demonstrando que a BHP sabia dos problemas da barragem antes do colapso”, afirmou Tom Goodhead à coluna. “No Brasil, infelizmente as vítimas foram excluídas da mesa da repactuação desde o início. Na Inglaterra, continuaremos trabalhando por justiça e estamos em fase de preparação para o julgamento, que começa em outubro”, declarou, defendendo o direito dos atingidos de buscar reparação justa e integral em todas as instâncias possíveis, inclusive na Inglaterra.

 

 

No mercado

 

Depois de perder as indicações na Superintendência de Limpeza (SLU), o Avante do deputado federal Luís Tibé se retirou da base de sustentação do prefeito Fuad Noman (PSD). Exceção ao deputado estadual Bruno Engler (PL), conversa com todos os pré-candidatos para avaliar composição nas eleições. Apesar do rompimento, os vereadores do Avante Professor Claudiney Dulim e Juninhos Los Hermanos não se importariam de manter as indicações no governo.


Fica em casa

 

De tudo o que se falou na Assembleia Legislativa nesta terça-feira, durante a discussão do projeto do Executivo que concede reajuste de 3,62% aos servidores do estado, a crítica que mais incomodou o governo Zema partiu de Arnaldo Silva (União), presidente da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ). Base de governo, Arnaldo Silva disparou quando encaminhava para a votação da matéria: “ Um governo que não abre portas para diálogo, um governo que não manda um representante, um governo que dá uma declaração de que se o servidor não está gostando, que tome outro rumo. A política é um ambiente para político, não para quem nega a política. Fica em casa, vai cuidar da empresa, mas não fica no ambiente político não”, disse.

 

Garantia

 

Indicado pelo União para compor como vice a chapa do prefeito Fuad Noman (PSD), o vereador Álvaro Damião (União), 2º vice-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, enumera as suas considerações. Se candidato à reeleição e repetir a votação de 2020, quando teve quase 13 mil votos, renovará o mandato e ainda ajudará a alavancar mais duas cadeiras para o seu partido. Se for vice de Fuad Noman e perder a eleição, estaria sem mandato. A menos que o União articule com um dos três deputados federais a ceder-lhe o mandato. Álvaro Damião é o primeiro suplente.

 

Com os russos

 

Para fechar com o Álvaro Damião, o União precisará primeiro combinar com a bancada federal. Entre os deputados federais da legenda Rafael Simões, Rodrigo de Castro e Delegado Marcelo Freitas todos têm pretensão de, em 2026, voltar a concorrer à Câmara dos Deputados. Acordo dessa natureza, em sistema de rodízio, para o ano de 2025 pode se viabilizar. Mas em ano eleitoral, fica mais difícil.