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Estado de Minas

Juíza diz que meritocracia 'naturaliza pobreza' e post viraliza nas redes sociais

A jovem do Paraná fez um 'textão' falando que suas condições sociais privilegiadas a levaram a alcançar o tão sonhado título


postado em 06/09/2016 15:10 / atualizado em 06/09/2016 15:25

Fernanda Orsomarzo diz ter realizado um sonho ao virar juíza(foto: Reprodução do Facebook)
Fernanda Orsomarzo diz ter realizado um sonho ao virar juíza (foto: Reprodução do Facebook)

O texto de uma juíza do interior do Paraná criticando a ideia de meritocracia viralizou nas redes sociais, chegando a atingir mais de 100 mil curtidas e 36,5 mil compartilhamentos. Nele, a magistrada Fernanda Orsomarzo diz que o discurso da meritocracia “naturaliza a pobreza”.

A juíza afirma que, apesar do seu esforço, só chegou ao cargo por ser branca e ter acesso a condições de renda e ensino melhores que as das pessoas mais pobres.

“Meu esforço individual contou, mas eu nada seria sem as inúmeras oportunidades proporcionadas pelo fato de ter nascido – repito – branca e no seio de uma família de classe média minimamente estruturada”, disse a magistrada.

A juíza diz fazer parte de uma típica família de classe média, que estudou em escola particular, fez cursos de inglês e informática e teve acesso a livros e filmes. Fernanda afirma ainda que nunca teve de se preocupar com merenda ou material escolar. 

“Na linha da corrida em busca do sucesso e realização, eu saí na frente desde que nasci. Não é justo, não é honesto exigir que um garoto que sequer tem professores pagos pelo Estado entre nessa competição em iguais condições. Nunca, jamais estivemos em iguais condições”.

 

Confira a mensagem na íntegra:

Ralei duro para ser Juíza de Direito. Cheguei a estudar 12 horas por dia em busca da concretização do tão almejado sonho. Abdiquei de festas, passei feriados em frente aos livros, perdi momentos únicos em família. Sim, o esforço pessoal contou. Mas dizer que isso é mérito meu soa, no mínimo, hipócrita.

Em primeiro lugar, nasci branca. Faço parte de uma típica família de classe média. Estudei em escola particular, frequentei cursos de inglês e informática, tive acesso a filmes e livros. Contei com pais presentes e preocupados com a minha formação. Jamais me faltou café da manhã, almoço e jantar. Nunca me preocupei com merenda ou material escolar.

Todos têm suas lutas e histórias de vida. Todos enfrentam dificuldades e desafios. Porém, enquanto para alguns esses entraves não passam de meras pedras no caminho, para outros a vida em si é uma pedra no caminho.

Meu esforço individual contou, mas eu nada seria sem as inúmeras oportunidades proporcionadas pelo fato de ter nascido – repito – branca e no seio de uma família de classe média minimamente estruturada.

O mérito não é meu. Na linha da corrida em busca do sucesso e realização, eu saí na frente desde que nasci. Não é justo, não é honesto exigir que um garoto que sequer tem professores pagos pelo Estado entre nessa competição em iguais condições. Nunca, jamais estivemos em iguais condições.

O discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas. A meritocracia naturaliza a pobreza, encara com normalidade a desigualdade social e produz esquecimento – quem defende essa falácia não se recorda que contou com inúmeros auxílios para chegar onde chegou


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