O protesto de caminhoneiros que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) começou a afetar o abastecimento de postos de combustíveis no interior de Minas. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no estado, o Minaspetro, em pelo menos 10 municípios houve registro de falta de gasolina e álcool nas bombas. Entre os municípios afetados estão Governador Valadares, Divinópolis, Lavras e João Monlevade. Em algumas cidades, o litro dos combustíveis ultrapassou os R$ 5. Ao comentar o movimento, nessa terça-feira (10), a presidente afirmou que obstruir rodovias é crime. “Obstruir, afetar a economia popular é crime. Manifestar é algo absolutamente legal, faz parte da democracia”, declarou Dilma.
“Evidentemente, no caso de interdição de estradas, nós já determinamos à PRF que atue através do efetivo necessário para que possamos desobstruir estradas e possamos garantir que aqueles caminhoneiros que queiram trabalhar tenham sua liberdade de ir e vir assegurada”, disse o ministro. O movimento foi convocado pelo Comando Nacional de Transporte (CNT) e é formado por caminhoneiros autônomos que se declaram independentes de sindicatos. Além de pedir o impedimento da presidente, eles reivindicam o aumento do valor do frete e reclamam da alta de impostos nos últimos meses.
Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), filiada à CUT, os caminhoneiros estão sendo usados em prol de interesses políticos. O líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nelio Botelho, disse na segunda-feira que a força do primeiro dia de greve superou as expectativas da organização. Afirmou, no entanto, que a entidade não vai participar de eventuais protestos, assim como não atuou na paralisação do primeiro semestre.
REFLEXO No Vale do Jequitinhonha, a paralisação dos caminhoneiros, somada à greve dos petroleiros, trouxe como consequência o aumento do preço e a falta de combustível. Em um dos três postos de Santo Antônio do Jacinto, o preço da gasolina chegou a R$ 5,48 nessa terça-feira. Em Joaíma e Rubim faltou gasolina em alguns postos e outros estão com estoque baixos.
Danilo de Souza, dono de uma mercearia em Santo Antônio do Jacinto, disse que a alta dos preços dos combustíveis, em decorrência das paralisações se reflete nos alimentos de primeira necessidade, como arroz, açúcar, feijão e óleo de soja. “O valor do frete subiu muito e, com isso, os mantimentos tiveram aumento de mais de 20% nos últimos dias”, afirmou Souza. “Ficou muito complicado para a gente pagar gasolina a um preço desse”, reclamou a comerciante Eliane Jarim, sócia de uma loja de móveis.
Dono de um posto da cidade, Leonardo Tavares informou que estava cobrando R$ 4,40 pelo litro. “Meu preço era R$ 3,99. Apenas repassei o aumento do distribuidor e do frete para o consumidor. Fiz um sacrifício em respeito ao consumidor.” Segundo ele, a cidade era abastecida por uma distribuidora de Itabuna, Bahia, a 380km. Com a greve dos petroleiros, a empresa ficou sem os combustíveis e os donos de postos foram obrigados a buscar os produtos em Jequié, também na Bahia, a mais de 500km. distância. “Só tenho gasolina para mais dois dias. Depois, não sei como vai ficar”, disse. (Com agências)