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Estado de Minas

Redes sociais terão papel de convencer, mas também de difamar nas próximas eleições

De um lado, o Facebook é usado para apresentar candidatos interativos e de outro, o WhatsApp serve principalmente para ataques entre adversários divulgados em grupos de apoiadores


postado em 21/09/2015 06:00 / atualizado em 21/09/2015 07:29

Enquanto o Facebook será usado nas campanhas municipais do ano que vem para promover a interação do candidato com os eleitores, debater, “convencer”, mobilizar e apresentar as plataformas políticas, o WhatsApp será muito empregado numa espécie de campanha “subterrânea”, para ataques aos adversários em vídeos, charges e textos. Essa plataforma também vai veicular mensagens “olho no olho” do candidato aos seus eleitores-participantes, que se encarregam de reproduzi-las em seus múltiplos grupos no WhatsApp, além de seu uso burocrático para a organização interna das campanhas, coordenação de apoiadores e de tarefas.

A avaliação é da pesquisadora Rosane Santana, doutoranda em comunicação e internet no Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital da Universidade Federal da Bahia. Ela apresentou trabalho premiado sobre o uso do Facebook e do Whatsapp nas eleições presidenciais de 2014, durante o 4º Congresso Internacional de Comunicação Política e Estratégias de Campanha, em Belo Horizonte, que se encerrou nesse fim de semana. O congresso é organizado pelo Grupo de Pesquisa Opinião Pública, coordenado pela professora Helcimara Telles, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pela Associação Latino-americana de Investigadores de Campanhas Eleitorais.

O crescente acesso da população brasileira à internet vem acompanhado para expressiva maioria do uso, ato contínuo, das redes sociais. Pesquisa para traçar o perfil de usuários das mídias sociais conduzida por Rosane Santana em janeiro deste ano, em Salvador, mostra que 65,3% da população está conectada à rede mundial. Destes, 87,9% são usuários de mídias sociais. “Esses resultados são uma boa aproximação para o que está ocorrendo nas capitais brasileiras.”

Em se tratando de mídias sociais, as vedetes são o Facebook, que, para 75% dos usuários, vem acompanhado do uso simultâneo ao WhatsApp. Dados da pesquisa mostram que entre aqueles que usam as redes sociais, 91% acessam o Facebook, 84% estão no WhatsApp e 75% utilizam as duas plataformas de forma sobreposta. A combinação das plataformas Facebook e YouTube é empregada por 22% dos usuários das redes sociais, e 11% sobrepõem o uso do Facebook ao Twitter.

O Facebook parece ser a plataforma na qual os usuários mantêm a principal base de acessos, interações e conversações. “Relatórios do Facebook, divulgados em agosto e em dezembro de 2014, ou seja, no período da campanha presidencial, mostraram que 66,2% dos 89 milhões de usuários no país acessavam-no diariamente”, sustenta a pesquisadora. A partir dessa plataforma, se sobrepõe o uso das demais, principalmente do WhatsApp. A diferença é que na mais popular o conteúdo é público. Na segunda mais acessada, o conteúdo é restrito.

Mensagens

“No Facebook, todos podem acompanhar o que está ocorrendo nas páginas dos candidatos e de seus apoiadores. Já o WhatsApp, que permite uma espécie de bate-papo em tempo real, por meio do qual estudiosos estimam sejam trocadas 30 milhões de mensagens por dia, só é visível aos integrantes dos grupos”, considera Rosane Santana. Ela lembra que estar ou não acessível ao público é crucial na definição dos respectivos usos nas campanhas.

Portanto, as duas plataformas de mídias sociais mais populares no país e no mundo – são 1,49 bilhão e 800 milhões de usuários respectivamente do Facebook e do WhatsApp – terão, no ano que vem, uso complementar nas campanhas políticas para prefeitos municipais. O primeiro exibe a cara limpa dos candidatos, o debate político de propostas.

Para além dos aspectos burocráticos e práticos de coordenação das campanhas, o segundo, que permite compartilhar imagens em .JPG e vídeos, com um limite de tamanho de 15 megas cada, potencializando a interação entre grupos de até 50 usuários, mostrará a face mais obscura das estratégias de comunicação: entre grupos de apoiadores dos candidatos serão veiculadas desde mensagens diretas dos candidatos aos ataques e informações distorcidas, com a intenção de atacar o adversário. Os grupos de apoiadores que as receberão terão a função de repassar o conteúdo aos seus contatos.

Acesso permanente

Setenta por cento dos eleitores que usam simultaneamente o Facebook e o WhatsApp acessaram as redes sociais todos os dias ao longo da campanha presidencial do ano passado. Um quarto desses eleitores usou as redes sociais para discutir política, postar, comentar, reproduzir e repassar conteúdos de apoio aos candidatos de sua preferência. São eleitores engajados não apenas no universo virtual, mas também são ativos off-line, na vida cotidiana.

“Os eleitores usuários do Facebook e também do WhatsApp que participam on-line são também ativos off-line e pertencem ao mesmo estrato socioeconômico”, sustenta a pesquisadora Rosane Santana, que conduziu em janeiro deste ano uma pesquisa em Salvador, na Bahia, para analisar o perfil sociodemográfico e a atitude política dos usuários dessas redes sociais.

Esses resultados mostram que os eleitores usuários do Facebook sobreposto ao WhatsApp são mais engajados politicamente – exibem níveis mais altos de participação online e off-line – do que os eleitores que usaram só o site de relacionamento ou a plataforma de mensagens instantâneas. São eles principalmente jovens entre18 e 34 anos e nível de escolaridade médio. Os eleitores usuários do WhatsApp situam-se nas faixas etárias acima de 35 anos, apresentaram a segunda maior frequência de acesso à internet. Os eleitores usuários do Facebook sobreposto ao WhatsApp e os do WhatsApp têm em comum o acesso maciço à internet e às redes sociais através dos telefones celulares.

Mulheres

Já os eleitores que acessam apenas o Facebook são majoritariamente mulheres, acima de 45 anos. Essa é uma tendência mundial, apontada pela Pesquisa do Pew Research Center, divulgada em janeiro passado, segundo a qual, embora desde 2013 o crescimento do Facebook tenha se tornado mais lento, ele se caracteriza pela adesão crescente de usuários, principalmente mulheres acima de 65 anos. Em relação a outros sites de relacionamento e compartilhamento, os adeptos do Facebook estão se engajando diariamente mais nessa plataforma.

Para Rosane Santana, exatamente por isso essa mídia social pode funcionar como uma plataforma alternativa para a participação dos eleitores de faixa etária mais alta, que foram aqueles que mais se expressaram politicamente durante as eleições presidenciais do ano passado.


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