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Estado de Minas ENTREVISTA

"Minas é base do projeto de Aécio Neves", diz Pimenta da Veiga

Possibilidade de eleger Aécio presidente motivou tucano a aceitar ser o candidato do partido


postado em 16/03/2014 00:12 / atualizado em 16/03/2014 07:46

"A força política de Aécio não será construída nesta eleição. Durante dois mandatos ele fez governos referenciais no estado, não precisa se credenciar mais entre os mineiros" (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A disputa será ao governo de Minas. Mas esta campanha estadual será, entre todas do país, a mais nacional delas. O advogado, ex-deputado federal e ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga, de 66 anos, será o candidato tucano. À sua frente, ele mira bem mais do que o Palácio da Liberdade: quer que o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e candidato à Presidência da República, abra um placar no estado com 4 milhões de votos sobre a principal adversária, a presidente Dilma Rousseff (PT). “A força política de Aécio não será construída nesta eleição. Durante dois mandatos ele fez governos referenciais no estado, não precisa se credenciar mais entre os mineiros. Ele virá a Minas na frequência possível e iremos respaldar o seu trabalho com todo o afinco”, explica Pimenta, que já está com o pé na estrada: percorreu no último mês 24 cidades. Esse projeto, que chama de ter “um líder mineiro na Presidência da República pelo voto direto, comprometido com o estado”, foi, segundo Pimenta da Veiga, que disputou a sua última eleição em 1998, uma das motivações para voltar à vida política. A outra, conta, foi o intenso debate em torno das liberdades e da organização do estado, especialmente em relação às questões econômicas, levantado pelas ruas em junho do ano passado.

Em crítica ao governo Dilma Rousseff, Pimenta da Veiga aponta para o que chamou de “falta de interesse” em atuar politicamente em questões que considera fundamentais para Minas Gerais e que andam a passos lentos no Congresso Nacional, e dificilmente serão aprovados este ano: o novo indexador pactuado com governadores no ano passado para as dívidas dos estados com a União e o novo Marco da Mineração. Ao defender um projeto ambicioso para o metrô como solução para a mobilidade urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte, afirma: “O metrô em todos os lugares é executado pelo governo federal. E nos últimos 10 anos não se avançou um metro em Minas”.

Preocupado com a diversificação da economia mineira, Pimenta da Veiga prega um “choque de inovação”, com investimentos prioritários do estado em educação, ciência e tecnologia e cultura. “Vamos capacitar o estado para atingir a inovação. Essa é a palavra mágica. Não há nenhuma comunidade, nenhum estado ou país, que possa se desenvolver sem inovar”, afirma, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas.

Com a confirmação de que o senhor será o candidato do PSDB ao governo de Minas, quando será formalizada e anunciada a chapa completa? O presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PP), como vice, Antonio Anastasia para o Senado e o PSD na primeira suplência são dados como certos…

Todas as especulações são livres. Estamos aguardando a desincompatibilização do governador Antonio Anastasia (PSDB) para a partir daí finalizar a composição da chapa, que já está com a sua estrutura formada. Faremos o anúncio num ato político, como deve ser, tanto do candidato ao Senado quanto do candidato a vice-governador.

O PSDB está pacificado? O deputado federal e presidente do PSDB Marcus Pestana tinha expectativa de ser candidato…

Uma das coisas importantes da campanha foi que conseguimos grande unidade interna, inclusive dentro dos partidos aliados e especialmente no PSDB, onde Marcus Pestana, com todo o seu conteúdo, podia pleitear a candidatura como fez. Mas depois, numa reunião que tivemos há 30 dias, ele manifestou apoio ao nosso nome, em ato de grandeza e de desprendimento.

O senhor esteve afastado desde 2002 da política, quando encerrou o seu mandato de deputado federal. Por que a decisão de retornar agora?

Ao contrário do que muitos pensam, nunca estive afastado da vida pública. Estive exercendo a advocacia – que é a minha profissão – e atendendo os convites que me eram feitos para ministrar palestras e participar de atos. O que não participei foi de eleições. A última que disputei foi em 1998 (para deputado federal) e cumpri o mandato para o qual fui eleito. Agora, por uma contingência partidária, e eu diria mesmo da política, o meu nome foi lembrado. Fui estimulado por muitos companheiros para que voltasse a Minas para ajudar nesse movimento que surge no estado em favor da criação de um ambiente que possibilite a eleição de um presidente da República mineiro. Como todos sabem, a candidatura do senador Aécio Neves tem como base fundamental o estado de Minas Gerais. A ajuda que me pediam, inicialmente, me parecia mais problemática, pois tinha que me desvencilhar de vários compromissos. Mas, de um certo momento em diante, fiquei muito impressionado com o que acontecia nas ruas, pois colocavam em discussão coisas que foram fundamentais ao longo dos anos em que participei da vida pública: as liberdades e a organização do estado, especialmente no tocante às questões econômicas. Diante desse cenário, achei que não poderia ficar distante e me preparei para me dedicar como me dedico agora à política. Vim com preocupações, mas, tomada a decisão, só tenho tido alegrias, seja pela maneira como fui recebido, seja porque isso tudo acabou resultando em algo que não era o objetivo inicial, mas que agora me entusiasma, que é a minha candidatura ao governo de Minas.

Em 1990, o senhor deixou o mandato como prefeito de Belo Horizonte para concorrer às eleições ao governo de Minas. É uma retomada desse projeto?

Naquele momento foi quase uma imposição partidária. O partido estava surgindo, havia muito empenho. Fomos candidatos eu aqui, o Beto Richa no Paraná e o Mário Covas em São Paulo. Nós não vencemos as eleições. Naquele instante o país ainda estava muito contaminado pelo ano anterior, que elegeu o presidente Fernando Collor de Mello, com postura muito diferente da nossa. Agora num ambiente complemente diferente, em outro cenário e eu também em outro ponto da vida, surge essa circunstância que estamos vivendo. Quero só me referir a dois pontos. Primeiro, que tenho hoje uma convicção de que se for eleito serei governador melhor do que seria naquela época. Mais amadurecido, muito consciente das responsabilidades, inteiramente despido de qualquer vaidade, preconceito ou juízos definitivos sobre qualquer coisa. E por outro lado lembro o que um amigo me disse outro dia. O Tancredo Neves julgava que seria eleito governador em determinado momento de sua vida (em julho de 1960). Não foi possível. Mas mais de 20 anos depois (em 1982) foi candidato e teve uma vitória muito bonita. Não sei se isso se repetirá. O que sei é que estou agora mais entusiasmado pela campanha e com mais energia do que na eleição anterior.

Como será a participação de Aécio Neves em sua campanha? O seu principal adversário, Fernando Pimentel (PT), dá sinais de que terá a presença em seu palanque de lideranças como o ex-presidente Lula (PT). Isso dificultará as viagens de Aécio pelo país?

Aécio é candidato à Presidência da República, portanto, tem de correr o país. A força política de Aécio não será construída nesta eleição. É um fato real. Ele virá a Minas na frequência possível e iremos respaldar o seu trabalho com todo o afinco. Durante dois mandatos ele fez governos referenciais no estado, não precisa se credenciar mais entre os mineiros. Não vamos imobilizá-lo em Minas, como querem os adversários. Se quiserem trazer pessoas de fora para se colocar contra esse movimento mineiro, podem se prejudicar. O que sinto é que esse movimento de transformação da política, que está se iniciando em Minas, colocará um divisor de águas no estado. Quem estiver com Minas deve estar com esse movimento. Quem estiver contra candidatura mineira em favor de outros interesses vai ter que explicar.

Como o senhor avalia a situação financeira do estado? Minas tem hoje uma dívida de R$ 67 bilhões com a União e paga em 2014 quase R$ 5 bilhões em juros e amortização, o equivalente à capacidade de investimento do estado…

Vamos encontrar caminhos para as finanças do estado, porque o setor público responde bem a um bom planejamento, a projetos benfeitos e à energia do governante. Quero ter esses ingredientes no receituário da administração, mas reitero, e confio com muita certeza que teremos, depois de 60 anos vamos ter um líder mineiro na Presidência da República pelo voto direto, comprometido com o estado. Qualquer que seja o governador, e espero que seja eu, terá um cenário muito mais positivo se for eleito Aécio Neves. Se for eleito, Aécio terá como primeiro compromisso mudar o sistema de financiamento federal para a dívida dos estados. E isso é possível fazer sem prejuízo ao governo federal, alongando os prazos, mudando as condições de financiamento, de modo a que fique alguma disponibilidade de investimento. O sistema hoje é profundamente injusto. Foi muito bom quando foi feito lá atrás (em 1998). Os estados tomavam recursos muito caros e o governo federal assumiu os passivos financiando de forma conveniente naquele momento. Acontece que hoje esse financiamento é profundamente negativo para os estados. Cinco bilhões de reais por ano com o serviço da dívida, que é o que pagamos hoje, estrangula o estado, que não pode fazer investimento.

Apesar dos esforços do governador Antonio Anastasia para atrair investimentos, a economia mineira ainda está muita dependente da exportação in natura do minério. Como o senhor vai lidar com essa questão?

A economia mineira tem base em dois pilares principais: commodities agrícolas e minerais. As minerais parcialmente são aproveitadas em razoável parque siderúrgico, mas é pouco para a economia de um estado como o nosso, que pode ter muito mais diversidade. Temos de investir pesado em educação, ciência, tecnologia e cultura, pois por meio desse investimento, dessa prioridade, vamos capacitar o estado para atingir a inovação. Essa é a palavra mágica. Não há nenhuma comunidade, nenhum estado ou país, que possa se desenvolver sem inovar. Precisamos inovar em todos os sentidos. Inovar na administração, na atividade empresarial, em produtos, em caminhos. A economia do estado deve passar por um choque de inovação. De que modo? Criando produtos, criando serviços, criando caminhos que vão em boa parte aproveitar as nossas commodities aqui para agregar valor dentro do território do estado. Agora, é verdade que o estado também precisa de poderosa alteração no sistema tributário de modo a facilitar o desenvolvimento da nossa economia. E novamente volto à questão da possibilidade da eleição do senador Aécio Neves. Entendo que ele promoverá no primeiro ano do seu governo duas reformas, a tributária e a política. Minas, portanto, estaria inserida nesse contexto. Um outro ponto, fundamental, diz respeito ao Marco da Mineração, que deveria ter sido votado e estava acertado para ser aprovado no ano passado, o que poderia ter dado alívio de caixa importante este ano para o estado. Mas, infelizmente, e é preciso que se diga , por desinteresse do governo federal, não foi aprovado. Portanto, foi uma penalização significativa para o estado que também precisaremos reverter.

Em Minas, em todas as campanhas políticas assistimos à volta do debate e das promessas em torno do metrô para Belo Horizonte. Como o senhor avalia a temática da mobilidade urbana?

A mobilidade urbana hoje incomoda ao pobre, ao rico, ao jovem, ao idoso, a qualquer pessoa, porque a cidade não está preparada para o deslocamento das pessoas. E a solução passa necessariamente pelo metrô. O metrô em todos os lugares é executado pelo governo federal. E nos últimos 10 anos não se fez um metro de metrô em Minas. O que é preciso fazer no primeiro momento, em parceria com a PBH, é um projeto ambicioso: pensar nas ligações definitivas do metrô. Coisas como um sistema de transporte por trilhos de uma região posterior ao Belvedere até Ribeirão das Neves, de Betim ao aeroporto de Confins. A execução será ao longo dos anos. Mas é preciso fazer os projetos, porque assim você define o tamanho do tema, você já protege as áreas que precisam ser protegidas e você vai buscar financiamento. Um outro ponto é fazer um grande contorno rodoviário, em posição bem mais longa do que o atual anel, que possa evitar que o trânsito pesado chegue aonde tem chegado hoje. Esse grande anel poderá ser feito em parceria com a iniciativa privada. Não há nenhuma dificuldade em elaborar um projeto que possibilite a participação de capitais privados tanto na construção quanto no consequente benefício que trará às áreas adjacentes.


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