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Estado de Minas

Redução da jornada de trabalho na Câmara dos Deputados gera indignação

Trabalhadores são veementes em rechaçar nas ruas e redes sociais a aprovação da semana de três dias na Câmara dos Deputados e comparam jornada à de 44 horas do trabalhador


postado em 19/10/2012 06:00 / atualizado em 19/10/2012 06:36

Indignação. Deputados federais decidiram oficializar a própria jornada de trabalho em três dias na semana. (foto: DIDA SAMPAIO/AE)
Indignação. Deputados federais decidiram oficializar a própria jornada de trabalho em três dias na semana. (foto: DIDA SAMPAIO/AE)


Indignação. Foi com esse sentimento que reagiram trabalhadores entrevistados nessa quinta-feira pelo Estado de Minas diante da atitude dos deputados federais de oficializar a sua própria jornada de trabalho em três dias na semana. Os parlamentares se beneficiam com menos horas de sessões plenárias, mas mantêm o salário de R$ 26.723,13, pago com dinheiro do contribuinte, que trabalha até sete dias na semana. Pela nova sistemática aprovada, cada deputado federal vai receber por dia trabalhado – considerando 14 dias em outubro – R$ 1.908,79.

O benefício foi aprovado pelos parlamentares na surdina, em votação simbólica, anteontem. O projeto de resolução prevê a realização de sessões ordinárias apenas entre a terça e a quinta-feira, e não mais nos cinco dias úteis. Com a mudança, as segundas e sextas-feiras ficam reservadas a sessões de debates. Caso seja necessária a votação nesses dias, será preciso convocar uma extraordinária. Levantamento feito pelo Estado de Minas com base em dados fornecidos pela Câmara revela que, em média, 117 deputados já faltam às sessões de quinta-feira.

Para a consultora de vendas de livros Ana Weber, ao oficializar a jornada de três dias, os parlamentares vão diminuir a frequencia na Casa. Na opinião dela, para se candidatar a qualquer cargo eletivo, quem já passou pelo Legislativo, deveria ser obrigado a trabalhar durante toda a semana e ter um número de mínimo de faltas. “Eu acho que uma pessoa que se candidata tinha que ter o mínimo de responsabilidade com o trabalho dela”, ressaltou. Ana trabalha seis dias na semana durante oito horas e meia por dia e recebe R$ 900 mensais.

O taxista Glayber Stopa passa 12 horas no trânsito levando e buscando passageiros de segunda a segunda. Ele consegue tirar por mês uma média de R$ 3 mil, nove vezes menos do que os deputados, que diferentemente de Glayber não deixam de receber se ficarem em casa sem trabalhar. Apesar da indignação, ele não ficou surpreso ao saber da notícia. O taxista se diz desacreditado dos políticos.

Já o eletricista Armando da Silva Santos espera dos deputados que se empenhem em melhorar a renda dos trabalhadores. Ele quer ainda que os políticos tenham uma jornada igual à dele, de pelo menos 44 horas semanais. O promotor de vendas Guido Kaique Meirelles também defende um salário e uma jornada justa para todos os brasileiros. “Se reduziram para eles, tinham que reduzir tanto para as pessoas concursadas, quanto para as que trabalham fora”, ressaltou. “Eles têm essa mordomia só porque eles têm o cargo alto?”, questionou.

Ter de comparecer a apenas três reuniões plenárias na semana é mais uma de um leque de regalias às quais os deputados federais têm direito. Além de receber um salário invejado por muitos brasileiros, eles têm direito a uma cota parlamentar que varia de R$ 23 mil a R$ 33,5 mil, dependendo do estado de origem. O valor pode ser gasto com passagem aérea, telefone, serviços postais, manutenção de escritório, alimentação e hospedagem. Os deputados ainda recebem, além do 13º salário, o 14º e o 15º. Os parlamentares sem residência em Brasília ainda têm direito aos apartamentos funcionais.

Reação na rede

O twitter do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT), foi bombardeado com críticas sobre o projeto que oficializa a gazeta dos parlamentares. Alguns usaram a ironia, como Marcos Kleine, que escreveu que “daqui a pouco os deputados vão fazer home office”, sugerindo que eles nem mais terão o trabalho de comparecer ao plenário. Outros foram mais diretos,como Zamorano, que afirmou que o presidente da Câmara “faz o povo brasileiro de palhaço e cospe na cara do contribuinte”. As hashtags #isso é uma vergonha  e #semana feliz de deputado brasileiro foram frequentes. A indignação tomou conta também de outras redes sociais, como o facebook, e de sites como o do em.com.br. Confira:

Isso já vem ocorrendo desde que me entendo por gente. Quem disse que políticos brasileiros trabalham? Que piada!! E vida que segue...
Joaquim Souza
 
Parlamentares deviam dar o exemplo ao povo com trabalho duro e constante, mas o nosso povo aceita tudo calado em outro país isto seria motivo para protestos.
Eduardo Leopol
 
Fechem o congresso.  É caro, inútil e corrupto. Limpem a casa, desinfetem e após mudar todo o legislativo, voltemos com a democracia como deve ser feita.
Wanderley Valias
 
Será que irão reduzir o salário também? Até quando as pessoas de bem, que realmente trabalham neste país vão aceitar esse tipo de coisa? Vergonha
José Pessoa

@DepMarcoMaia Que vergonha desse legislativo brasileiro...
@Mi_rodrigues2
 
@Depmarcomaia Que vergonha a legalização da vagabundagem.
@NoemiFuzaro
 
Nós parabenizamos o senhor, @DepMarcoMaia, pela vergonha de projeto que você aprovou! (:
@sapatomica
 
E meus parabéns ao @DepMarcoMaia que quer trabalhar, apenas, três dias por semana! Isso, sim, é exemplo de bom trabalho para o país!
@RealRafinha
 
Se um mero mortal assalariado não comparece ao trabalho, são descontados o dia e o fds. Mas o mundo de vocês é outro, não é, @DepMarcoMaia?
@agnolia
 
Eles nos fazem de bobos. Além de embolsaram os 14º e 15º salários, deputados federais agora oficializaram folgas às segundas e sextas.
@leocanti
 
Excelentíssimo @depMarcoMaia meus parabéns por concretizar a vagabundagem no âmbito legislativo.
@capinejo

 

 


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