O ex-prefeito Célio de Castro, morto em 2008, acabou sendo responsável pelo primeiro encontro entre os dois principais candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o ex-ministro do Desenvolvimento e Combate à Fome Patrus Ananias (PT), depois do rompimento da aliança entre os partidos e o início da campanha eleitoral. Os dois compareceram ontem à noite ao lançamento do livro em homenagem a Célio – Trajetória – no Palácio das Artes, e, apesar do clima amistoso, disputaram o legado do político, com o qual foi iniciada a parceria entre PT e PSB na capital há 19 anos. Compareceram também os dois candidatos a vice.
Aguardado por companheiros do PT, como o ex-ministro Luiz Dulci, Patrus foi o primeiro a chegar. Minutos depois, chegou o prefeito. Os dois se cumprimentaram rapidamente no palco e discursaram. Questionado se Célio apoiaria o rompimento, Patrus limitou-se a dizer que o ex-prefeito era petista. “Pouco antes da sua doença, um dos últimos atos do Célio foi filiar-se ao PT (antes ele era do PSB). O Célio sempre esteve do lado das forças mais progressistas, das forças mais comprometidas com a mudança social. Então, posso intuir, com todo o respeito à memória dele, que ele estaria conosco”, afirmou. Em seguida, o candidato emendou: “O que posso dizer com mais segurança: nós estamos com ele, estamos com as ideias do Célio de Castro”.
Lacerda, que assim como Patrus foi um dos depoentes do livro, também ressaltou a identidade com o ex-prefeito. “O hospital metropolitano do Barreiro vai se chamar Doutor Célio de Castro. Pessoas como ele têm de ser muito lembradas e homenageadas sempre porque o nosso país precisa de heróis”, afirmou. O prefeito ressaltou o humanismo e a dedicação à causa pública de Célio.
Quando questionado sobre a disputa entre os dois partidos, Lacerda preferiu ser cortês com o adversário. “É um privilégio para BH poder ter essas duas duplas aqui. Marcio Lacerda e Délio e Patrus e seu companheiro do PMDB (Aloisio Vasconcelos). A cidade vai poder escolher sabendo que qualquer que seja o resultado a cidade estará bem, embora eu me considere certamente o mais preparado neste momento para governar BH”, afirmou.
Nos discursos, acompanhados por aliados e adversários de ambos, os dois enfatizaram a identidade com o ex-prefeito. Lacerda contou de uma foto com Célio de Castro e falou da felicidade de tê-lo prefeito, dando “continuidade a projetos inovadores”. Já Patrus recordou sua posse como prefeito em 1993, com Célio de Castro de vice, e destacou o desprendimento do companheiro em relação ao dinheiro.
Pouco antes do início oficial da solenidade, Patrus se encontrou com Délio Malheiros (PV), vice na chapa de Lacerda. Os dois conversaram sobre o clima de animosidade criado e prometeram respeito mútuo. “Não quero uma campanha de ataques”, alertou o petista, enquanto Malheiros falava da boa relação com o vice de Patrus, Aloisio Vasconcelos. Lacerda e Patrus não conversaram. Terminado o ato oficial, cada um foi para um lado.
Além do livro organizado pelo filho do ex-prefeito, Rodrigo Célio de Castro, foi lançado um selo comemorativo dos Correios alusivo aos 80 anos do político. O evento foi a abertura das homenagens a Célio de Castro pelo aniversário. O livro reúne uma série de depoimentos de médicos, amigos, intelectuais, familiares e políticos.