Patrus indefinido, prefere cautela antes de assumir candidatura

O ex-prefeito de Belo Horizonte (1993/1996) e ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias disse, nesta segunda-feira, que foi pego de surpresa com a decisão do PT de romper com o PSB. O racha na coligação provocou a saída do deputado federal Miguel Corrêa Júnior da vaga de vice na chapa do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que concorre à reeleição. Ato contínuo, os petistas resolveram também, no sábado passado, lançar candidatura própria à Prefeitura, com a escolha do atual vice-prefeito, Roberto Carvalho. “Em certo sentido, sim (surpresa). Achava que a coligação estava resolvida”, afirmou. Patrus retornou nesse domingo a Belo Horizonte. Ele não participou da convenção dos petistas, realizada no sábado para escolher os candidatos  para a eleição deste ano. Patrus passou o final de semana em uma cidade próxima a BH, onde estava com a família em uma viagem de lazer.

Diante do inesperado, Patrus disse também que está tratando o imbróglio entre socialistas e petistas com “muita cautela”. Por enquanto, disse ele, nada de assumir a candidatura a prefeito, no lugar de Carvalho, conforme sinaliza boa parte das lideranças petistas. “Estou evitando falar sobre o assunto”, esquivou-se. A parcimônia de Patrus, no entanto, não acontece entre as principais lideranças petistas. Nos bastidores, é dado como certo que Patrus já recebeu o apelo de duas importantes líderes da legenda. A começar do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e do presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão. Ambos ligaram para Patrus argumentando sobre a importância de ele rever a posição tomada no passado de que sua carreira política estava encerrada.

Desde que deixou o ministério, no final do governo Lula (2010), Patrus reassumiu a sua carreira acadêmica, de professor de Direito da PUC Minas, e, ainda, de pesquisador concursado da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Além disso, Patrus tem sido muito solicitado para palestras, cursos e conferências.

União do partido

A todos os interlocutores, confirmam petistas, Patrus está dizendo que só aceitaria rever a decisão, de não mais disputar eleições, se o PT caminhar unido em torno de sua candidatura. O ex-prefeito de Belo Horizonte tem a noção exata do que significa participar de disputas eleitorais com petistas desunidos. Ele próprio já amargou algumas experiências no passado, quando perdeu o embates eleitorais com os petistas rachados. Patrus tem argumentado ainda que Roberto Carvalho, por quem dispensa uma amizade de quase 40 anos, teria que aceitar, sem pressão, abrir mão da candidatura. Patrus justifica aos interlocutores que o companheiro de militância tem demonstrado ser uma liderança importante dentro do partido. Afinal, Carvalho conseguiu, no fim das contas, fazer valer a sua defesa de o partido lançar candidato próprio. Ou seja, Patrus coloca a condição de ter o aval de Carvalho para decidir disputar a Prefeitura de Belo Horizonte.

Patrus tem dito também que prefere, antes de dar uma resposta em definitivo, ver esgotadas todas as conversas dos petistas, ainda em andamento, com PSB. Os socialistas provocaram o rompimento dos petistas após o partido se negar a fazer coligação para a disputa das 41 vagas disponíveis na Câmara Municipal.  As lideranças do PSB fizeram as contas e, também pressionados pelo PSDB, aliado da campanha de Lacerda, decidiram rifar o PT. Sem os petistas, aumentam as chances de o PSB fazer mais candidatos eleitos e, em contrapartida, os petistas perdem a possibilidade de eleger o dobro da bancada de vereadores.