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Estado de Minas

Júri é dissolvido após saída de advogado em júri do massacre do Carandiru


postado em 19/02/2014 00:14 / atualizado em 19/02/2014 08:26

A terceira etapa do julgamento do Carandiru foi encerrada nesta terça-feira, 18, após o advogado Celso Vendramini, que representa os 15 policiais militares acusados, abandonar o plenário. "O Ministério Público está podendo tudo e eu não estou podendo nada. O tratamento está diferenciado", disse o advogado jogando a toga e o paletó sobre a mesa ao sair do plenário do fórum criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista.

A saída de Vendramini aconteceu durante o depoimento do coronel da reserva Arival Salgado, o primeiro réu a ser ouvido nessa etapa do julgamento. Antes de sair, ele reclamou com o juiz que o promotor Eduardo Olavo Canto Neto estava lendo depoimentos longos que o coronel já havia prestado em outras ocasiões. "O papel dos promotores não é ler depoimento e sim fazer perguntas".

Para o promotor Canto Neto, o que foi feito foi um "desrespeito à lei e à sociedade". "Eu estava interrogando um dos réus de maneira educada e de acordo com o que prevê o código penal. Provavelmente, o advogado não gostou do resultado das respostas e abandonou o plenário", disse.

Em entrevista à imprensa já após o término do julgamento, Vendramini disse que, na véspera, o juiz o chamou de "mal educado" fora do plenário pelo fato de ele ter discutido durante o primeiro dia com os promotores. Com a dissolução, o tribunal terá de marcar nova data para dar continuidade ao julgamento.

Testemunhas de defesa

A terceira etapa do julgamento do massacre do Carandiru foi retomada na manhã desta terça-feira, 18, com testemunhas de defesa. Ouvido pela primeira vez em tribunal, o agente penitenciário Francisco Carlos Leme prestou um depoimento confuso e cheio de contradições. Ele foi a última testemunha ouvida antes do interrogatório dos réus.

Arrolado pela defesa dos policiais militares, Leme afirmou que havia 75 mortos no pavilhão 9 antes da entrada da PM. Entretanto, durante o questionamento do promotor Márcio Friggi de Carvalho, o agente disse que o número poderia ser de 25 presos mortos por arma branca no pátio antes da PM entrar."Não contei exatamente, não dá para precisar", disse.

Leme foi ouvido pela Polícia Militar e pela Polícia Civil no ano do massacre, em 1992, mas a informação de que havia corpos no pátio do pavilhão antes da entrada dos policiais não consta no depoimento. Por causa disso, a informação foi recebida com surpresa tanto para o advogado Carlos Vendramini quanto para os promotores.

A outra testemunha arrolada pela defesa foi o ex-secretário de Segurança, Pedro Franco de Campos. Em depoimento curto, Campos reafirmou, como em outras ocasiões, que havia a necessidade de a Polícia Militar entrar no pavilhão para que a rebelião não se espalhasse.

Massacre


A tragédia no Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante uma operação policial destinada a reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do presídio.

Por envolver grande número de réus e de vítimas, o julgamento foi desmembrado em quatro etapas, de acordo com o que aconteceu em cada um dos quatro andares. Na primeira etapa do julgamento, em abril de 2013, 23 policiais foram condenados a 156 anos de reclusão cada um pela morte de 13 detentos. Na segunda etapa, em agosto, 25 policiais foram condenados a 624 anos de reclusão cada um pela morte de 52 detentos que ocupavam o terceiro pavimento do Pavilhão 9.


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