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Estado de Minas

Senado debate antes da votação final do impeachment de Dilma


postado em 30/08/2016 12:55

O Senado abriu o debate final do impeachment de Dilma Rousseff, que terminará na quarta-feira com um veredicto que, segundo todas as previsões, a retirará de forma definitiva da presidência do Brasil.

"O impeachment é um remédio constitucional ao qual nós precisamos recorrer quando a situação se revela especialmente grave, que é o que aconteceu", disse a advogada da acusação, Janaína Paschoal.

"Foi Deus que fez que, ao mesmo tempo, várias pessoas percebessem o que estava acontecendo no país", acrescentou esta advogada em seus argumentos para provar que a primeira mulher a presidir o Brasil violou a Constituição ao manipular as contas públicas e que, por isso, deve deixar a presidência.

Combativa, serena e às vezes sorridente, a presidente brasileira se defendeu na véspera durante mais de 14 horas, em uma sessão histórica na qual reiterou sua inocência e afirmou ser vítima de um "golpe" para substituí-la até o fim de 2018.

"Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira", pediu Dilma ao plenário de 81 senadores, convertidos em uma espécie de Grande Júri.

"Peço: votem contra o impeachment. Votem pela democracia", disse durante a sessão que trouxe à tona todos os problemas que afetam a sociedade brasileira: uma crise econômica galopante e uma corrupção endêmica.

Tudo indica que nesta terça-feira haverá outra longa sessão, uma vez finalizadas as alegações da acusação e da defesa, nas mãos do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Depois terão início os debates dos, até o momento, 61 senadores inscritos

A partir dali, os senadores decidirão na quarta-feira se Dilma Rousseff será condenada.

- Resistir -

Dilma foi suspensa de seu cargo no dia 12 de maio e seu ex-vice Michel Temer assumiu de forma interina. Se tudo correr como o previsto pelas pesquisas, este político conservador, de 75 anos e inimigo ferrenho de Dilma, se converterá em presidente do Brasil.

Para isso, são necessários os votos de 54 senadores.

O impeachment encerrará quatro mandatos no poder do emblemático Partido dos Trabalhadores (PT), referência regional da esquerda.

Um final trágico para este partido nascido nos anos 1980 por movimentos sindicais liderados por Lula e conhecido no mundo por programas sociais bem-sucedidos que conseguiram tirar milhões da pobreza.

E também para esta ex-guerrilheira de 68 anos, que já enfrentou outras batalhas e que governa o Brasil desde 2010, quando herdou um país em pleno boom econômico, motor de crescimento na região.

Nestes anos dourados, o país foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e o Mundial de Futebol de 2014.

Mas sua imagem sofreu um forte desgaste com a deterioração da economia do país, o crescimento brutal do desemprego e a inflação.

As revelações de um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, que custaram à petrolífera mais de 2 bilhões de dólares, foram a gota d'água.

E alcançaram o PT e seu histórico líder, o ex-presidente Lula, considerado seu padrinho político, que também foi indiciado e é investigado por vários casos de corrupção e obstrução da justiça.

- Dúvidas sobre o Senado -

Os escândalos atingem toda a classe política e a elite brasileira, tanto de esquerda quanto de direita.

E neste julgamento político emergiram, mais do que nunca, as perguntas sobre a legitimidade que este Senado pode ter para emitir um veredicto, quando mais da metade dos seus membros estão envolvidos ou investigados por casos de corrupção.

"Boa parte deste tribunal se beneficia do resultado deste julgamento", lançou o senador do PT Jorge Viana.

Dilma foi acusada de autorizar gastos pelas costas do Congresso e adiar pagamentos ao banco público para melhorar artificialmente as contas públicas e seguir financiando programas sociais no ano de sua reeleição e no início de 2015.

Sua defesa afirma que as práticas questionadas também foram usadas de forma recorrente por governos anteriores, sem que fossem punidas.

A oposição argumenta que isso precipitou a crise do país.

"Não esperem de mim o silêncio dos covardes", disse a presidente afastada, convocando a "resistir e resistir" durante sua apresentação no Senado.

Sua luta foi quase solitária. Da ampla coalizão que herdou, um a um a abandonaram. Atualmente, tem um apoio de apenas 13%.

E seu partido não tem mais o mesmo apelo.

Com cartazes de "Fora Temer. Que o povo decida" e "Não vai ter golpe", apenas algumas dezenas de manifestantes de organizações de esquerda bloquearam com pneus incendiados importantes avenidas de São Paulo nesta manhã.


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