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Estado de Minas

Assim como agora na Copa, Belo Horizonte há mais de 20 anos é anfitriã do mundo

Com mais de 116 anos de história, BH começou a sediar grandes eventos internacionais e 'falar outras línguas' a partir do início da década de 1990


postado em 28/06/2014 06:00 / atualizado em 28/06/2014 06:56

Torcedores transformam o Mineirão no multicolorido cartão-postal de diversas
Torcedores transformam o Mineirão no multicolorido cartão-postal de diversas "pátrias de chuteiras" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Belo Horizonte tem acordado com bon jour, passa o dia ouvindo muchas gracias e vai deitar ao som de good night. Francês, espanhol e inglês se tornaram línguas “comuns” por aqui. Desde o início da Copa do Mundo, em 12 de junho, é possível escutar alguém pedindo uma cerveja em italiano, cantando o hino de seu país em persa ou explodindo de alegria em bom português, depois dos gols da Seleção Canarinho. Palco do decisivo jogo Brasil x Chile, hoje à tarde, a capital tem recebido os melhores elogios dos estrangeiros que vão ao Mineirão, divertem-se na Fan Fest, no Expominas, ou curtem a Savassi, point de torcedores de diversos países. À exceção de alguns excessos dos gringos, essa confraternização poliglota é motivo de orgulho para os mineiros e, pelo visto, vai deixar saudade na capital das Gerais.

Com mais de 116 anos de história, BH começou a sediar grandes eventos internacionais e “falar outras línguas” a partir do início da década de 1990, quando abriu as portas para o mundo numa iniciativa do governo e do setor privado. Surgiram placas em inglês e espanhol para indicar tanto pontos turísticos, a exemplo da Pampulha e da Praça da Liberdade, quanto áreas de negócios, como o Barro Preto, polo de moda na Região Centro-Sul.

O grupo francês Générik Vapeur entrou para a história da capital (foto: Frederico Haikal/EM/D.A Press - 10/8/04)
O grupo francês Générik Vapeur entrou para a história da capital (foto: Frederico Haikal/EM/D.A Press - 10/8/04)

Na área cultural, 1994 foi um ano emblemático, com a estreia do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua (FIT-BH). Considerado um dos principais eventos de artes cênicas do país e o quinto realizado na América Latina, o FIT leva intervenções artísticas a diferentes espaços (ruas, praças, teatros, metrô etc.), oferecendo espetáculos de importantes grupos locais, nacionais e estrangeiros. Em 1999, foi a vez do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), bianual como o FIT e organizado pela Fundação Municipal de Cultura.

Quase “sinônimo” de FIT, ficaram na memória de muita gente as performances do grupo francês Générik Vapeur, com o espetáculo Bivouac e seus homens azuis. Em 1997, eles voltaram para a edição especial comemorativa do centenário de BH. Em maio deste ano, com nova performance, o Générik brilhou novamente no festival.

Alca Presidentes e ministros de 34 países, além de 2 mil empresários, desembarcaram na capital em maio de 1997 para participar do Encontro das Américas – Área de Livre Comércio das Américas (Alca). À frente da organização se uniram os governos federal e estadual e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Uma curiosidade: o Palácio das Artes, local da reunião dos estadistas, sofreu um incêndio que destruiu parte da sua estrutura, mas as salas foram restauradas a tempo. O Minascentro, na Avenida Augusto de Lima, também recebeu os participantes.

 “Eventos internacionais deixam pontos positivos, pois reforçam os laços de identidade dos moradores com o seu lugar, elevam a autoestima e criam nas pessoas a necessidade de cuidar melhor da cidade. Com isso, a população pode usufruir melhor do que é seu”, diz a historiadora Michele Arroyo. Mas há o lado negativo, adverte ela: o fato de a cidade receber obras de infraestrutura apenas em função de reuniões, campeonatos, festivais, espetáculos e eventos de destaque. “Já avançamos muito nessa questão, mas, antes de tudo, a cidade precisa estar preparada para quem vive nela”, ressalta Michele.

A historiadora lembra que a capital conta com excelentes atrativos, entre eles o conjunto arquitetônico da Pampulha, joia modernista com o traço de Oscar Niemeyer (1907- 2012), que pretendem se tornar patrimônio cultural da humanidade. Uma equipe prepara dossiê nesse sentido, a ser entregue à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Por outro lado, o entorno da capital seduz os visitantes, com destaque para Ouro Preto e Congonhas, donos de bens reconhecidos pela Unesco, além de Mariana e Sabará. Outro atrativo é o Instituto Inhotim, em Brumadinho, na Grande BH, museu a céu aberto que reúne obras de nomes de destaque da arte contemporânea.

 

Jovens de diversos países vieram a BH participar da Semana Missionária
Jovens de diversos países vieram a BH participar da Semana Missionária

Mercosul Na agenda política e econômica, dois eventos mobilizaram BH na década passada. Em dezembro de 2004, os países do Mercosul se reuniram na cidade, encerrando o encontro em Ouro Preto. Em março de 2006, durante oito dias, a 47ª Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) trouxe à capital 7 mil participantes de 47 países das Américas e do Caribe. Houve shows e brilhou a estrela do cantor e compositor Milton Nascimento. Veio de uma de suas canções o mote para a recepção aos visitantes: “Sou do mundo, sou Minas Gerais”. Em outubro do ano seguinte, ocorreu a sétima edição da Ecolatina – Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social.

De 16 e 21 de julho do ano passado, jovens católicos invadiram ruas, praças e avenidas da capital mineira. A Semana Missionária ou Pré-Jornada foi o encontro preparatório para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, com presença do papa Francisco. Cerca de 5 mil estrangeiros de 27 países compartilharam experiências e tiveram oportunidade de celebrar a fé em megaeventos. Carregando bandeiras de vários países, sempre com mochilas às costas, os peregrinos se hospedaram em residências e mosteiros em Belo Horizonte e na região metropolitana.

Em BH, a abertura ocorreu na Pampulha, com missa presidida pelo bispo auxiliar dom Joaquim Mol e concelebrada pelos demais bispos auxiliares e pelo arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo. De 19 a 21 de julho do ano passado, na PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, na Região Oeste, cerca de 3 mil pessoas, entre diretores, gestores e professores de instituições de ensino, reuniram-se no Congresso Mundial de Universidades Católicas (CMUC). Um dos conferencistas foi o cardeal ganês Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz da Santa Sé.

VEM AÍ

Enquanto a bola rola na Copa do Mundo, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) prepara o Festival Internacional de Literatura, que será realizado em junho do ano que vem no Parque Municipal Américo René Giannetti, na Região Centro-Sul da capital. A edição de estreia vai homenagear o idioma espanhol, informa Leônidas Oliveira, presidente da FMC. De 11 a 15 de junho de 2015, o Festival Internacional Quadrinhos (FIQ) chegará à nona edição.
 
 


LINHA DO TEMPO

1990 – No início da década, começa o processo de internacionalização de Belo Horizonte, com a tentativa de preparar a cidade para grandes eventos, atrair negócios e fomentar o turismo

1994 – Realizado pela primeira vez, o Festival Internacional de Teatro Palco e Rua (FIT-BH), que ocorre de dois em dois anos, atrai artistas de vários países

1997 – De 13 a 16 de maio, BH sedia o Encontro das Américas – Área de Livre Comércio das Américas (Alca), com a presença de presidentes e ministros de 34 países e 2 mil empresários

2004 –Em dezembro de 2004, BH é sede do encontro dos países do Mercosul. A última reunião dos participantes foi realizada em Ouro Preto

2006 – Em março, durante oito dias, ocorre a 47ª Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na capital, com 7 mil participantes de 47 países das Américas e do Caribe. No ano seguinte, foi a vez da Ecolatina

2013 – De 16 a 21 de julho, BH recebe milhares estrangeiros que participam da Semana Missionária ou Pré-Jornada, evento preparatório para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro

2013 – De 19 a 21 de julho, na PUC Minas, 3 mil pessoas, entre diretores, gestores e professores de instituições de ensino, reúnem-se no Congresso Mundial de Universidades Católicas (CMUC)

2014 – Em 12 de junho, a Copa do Mundo é aberta no Rio de Janeiro. No dia seguinte, Colômbia e Grécia jogam no estádio do Mineirão, na Pampulha. Milhares de estrangeiros desembarcam em BH


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