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Estado de Minas

Radares na Fernão Dias confundem motoristas e causam acidentes

Em Betim, sinalização no novo contorno também gera problemas. A instalação ainda precária de radares e de sinalização de novas rotas na BR-381


postado em 01/11/2013 06:00 / atualizado em 01/11/2013 07:05

Carro passa muito acima da velocidade permitida em trecho da estrada com radar inativo coberto por sacos plásticos(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Carro passa muito acima da velocidade permitida em trecho da estrada com radar inativo coberto por sacos plásticos (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)

 

 

A instalação ainda precária de radares e de sinalização de novas rotas na BR-381 (Rodovia Fernão Dias) preocupa motoristas e deixa mais perigosa a viagem entre Belo Horizonte e São Paulo. Nenhum dos 13 radares em implantação no trecho funciona porque faltam todos os equipamentos, mas, como estão no local há pelo menos três meses, provocam reações diferentes dos condutores. Quem conhece a via e já sabe que os aparelhos ainda não emitem multa por excesso de velocidade continua o ritmo da viagem, mas quem desconhece o trecho acaba reduzindo bruscamente a velocidade por temer ser fotografado.

O resultado da dúvida, segundo quem mora, trabalha ou passa por lá, são muitos acidentes, sobretudo colisões traseiras. No recém-inaugurado contorno de Betim o que tem deixado motoristas confusos é a divisão das faixas que seguem para São Paulo e o Sul de Minas, e das que levam ao Triângulo Mineiro. O maior problema é a sinalização horizontal no asfalto, que  ainda não foi feita.

O perigo dos radares não ativados e dos postes que contêm apenas as carcaças metálicas dos aparelhos é reconhecido pela própria concessionária que instalou a aparelhagem e será operada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). De acordo com a assessoria de imprensa da Autopista Fernão Dias, para que os motoristas não fiquem confusos, as câmeras que não funcionam foram cobertas por sacos plásticos pretos. Contudo, a reportagem do Estado de Minas percorreu o trecho de 120 quilômetros entre Contagem e Carmópolis de Minas, na Região Centro-Oeste, e constatou que dos seis aparatos de fiscalização fixa posicionados pela Autopista, apenas dois tinham sacos obstruindo as câmeras.

Esse encapamento dos radares, na prática, não alcançou o efeito desejado. No km 568, em Itaguara, por exemplo, o aparelho coberto fica ao lado de uma placa que determina a velocidade máxima de 80 km/h para veículos leves e 60 km/h para transporte pesado. Usando um radar móvel, o EM flagrou carros de passeio a 122 km/h (+52%) e caminhões a 85 km/h (+41%). Ao mesmo tempo, motoristas que trafegavam acima de 90 km/h, ao perceber o radar com saco plástico reduziram bruscamente a velocidade para 70 km/h. O mesmo conflito que pode gerar acidentes também ocorre na descida de Brumadinho, sentido São Paulo, depois da serra de Igarapé. Nesse trecho sinuoso, onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h, foram registrados veículos a 115 km/h, nitidamente ignorando o equipamento, e outros reduzindo de 85 km/h para 55 km/h.

A dúvida que leva motoristas a comportamentos diferentes em trechos críticos traz mais riscos de acidentes do que os previne, avalia o mestre em engenharia de transportes e professor da Fumec Márcio Aguiar. “A incerteza causa acidentes, principalmente no momento de uma tomada de decisão, quando um (condutor) reduz e outro não. Isso tem de ser corrigido com urgência, sobretudo porque se é área monitorada por radar é porque é muito perigosa”, afirma.

“Eu me cansei de ver batidas assim. Eu sei onde estão todos os radares da Fernão Dias e não reduzo onde não tem. Mas a gente sabe que quem não conhece assusta. Se o radar é de 80, o cara freia tanto que vai a 50. Se é de 60, quase para, chegando a 30 ou 40 km/h. Aí, bate mesmo e até com violência”, conta o caminhoneiro paulista Wilson Cesar Ferreira, de 43 anos, que faz o trecho Betim-Nova Serrana-São Paulo todos os dias com o caminhão carregado de óleo vegetal. “As coisas têm de ser certas. Se vai ter radar, põe um de verdade. Senão, só atrapalha”, disse. Segundo o frentista Charles Silva, de 24, que trabalha num posto de abastecimento em Betim, ocorrem batidas a cada 30 minutos no km 493, por causa de um radar que também não está ativado. “Há meses  fincaram o poste, depois deixaram as carcaças das câmeras. Daí em diante não tem um dia sem batida na traseira. Sorte que ninguém ainda se machucou com gravidade”, disse.

 

CONTORNO

Sinalização muito próxima ao acesso seguinte causa manobras repentinas de motoristas no sentido BH/SP(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Sinalização muito próxima ao acesso seguinte causa manobras repentinas de motoristas no sentido BH/SP (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Os problemas de sinalização também ocorrem nos acessos ao contorno de Betim, variante nova da Fernão Dias, inaugurada no dia 10. No sentido São Paulo, por exemplo, a sinalização que separa as pistas que vão para São Paulo e Sul de Minas da que leva a Betim e ao Triângulo, está muito próxima ao acesso, levando motoristas a manobras repentinas para não perderem o caminho correto. As quatro pistas foram numeradas, mas qualquer caminho leva a todos os destinos, apesar do direcionamento das placas. O pior ocorre no sentido BH, onde há indicação numérica dos caminhos, mas nada foi marcado no asfalto.

Falta de sinalização horizontal de faixas deixa motoristas em dúvida sobre o trajeto no sentido SP/BH(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Falta de sinalização horizontal de faixas deixa motoristas em dúvida sobre o trajeto no sentido SP/BH (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
A Autopista Fernão Dias informou que os radares serão ativados até o mês que vem. A concessionária disse ainda que até amanhã fará a marcação das pistas, e que mais sinalizações serão instaladas para evitar a confusão e que está seguindo o padrão determinado pelo Dnit.

 

 


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