(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CRIME PARA SEMPRE

Roubar peças sacras é crime que não prescreve, alerta promotor

Apesar da falta de pistas, promotor alerta que roubos como o da Basílica de Nossa Senhora do Pilar não prescrevem. Inquérito policial ficou desaparecido por 13 anos


postado em 01/09/2013 06:00 / atualizado em 01/09/2013 07:28

Judith Gomes e a igreja: ela foi a última a coroar Nossa Senhora do Pilar(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Judith Gomes e a igreja: ela foi a última a coroar Nossa Senhora do Pilar (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
"O coração do patrimônio de Ouro Preto foi atingido”, diz o coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (OPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda. Ele explica que crimes dessa natureza não prescrevem e, portanto, se identificadas em qualquer lugar, as peças serão alvo de busca e apreensão. “Temos esperança de reencontrar esse acervo. Afinal, os três anjos de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, voltaram para Minas há exatos 10 anos e depois para o Santuário de Santa Luzia. “Essas peças foram levadas da igreja na década de 1950 para o Rio de Janeiro e retornaram. É possível que o mesmo ocorra em Ouro Preto”, afirma.


Se para moradores de Ouro Preto o assalto foi cinematográfico, o encaminhamento do caso foi, no mínimo, surreal. Afinal, o inquérito policial desapareceu e só foi reencontrado 13 anos depois, diz Marcos Paulo. Em 1986, ainda sem notícias das peças do Museu de Arte Sacra, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou ação contra os acusados Adão Pereira Magalhães e Francisco Schwarcz, pedindo indenização pelos danos causados ao patrimônio cultural de Minas. A ação chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília (DF), mas a resposta foi que se tratava de algo "juridicamente impossível". Marcos Paulo revela que as fotos das peças do Triunfo Eucarístico estão no livro Relíquia da terra do ouro, de Edgard de Cequeira Falcão, publicado em 1946. “Este livro correu mundo e pode ter despertado a cobiça em vários países. Esse acervo não tem preço. Já tivemos roubos maiores em Minas, mas este foi especial”, diz o promotor.

As 17 peças estão na lista dos bens procurados pelo MPMG e, se encontradas, poderão ser facilmente identificadas. Filha de João Evangelista Gomes, falecido em 1984, aos 76 anos, e um dos zeladores da igreja em 1973, a coordenadora paroquial do Pilar, Geralda da Purificação Gomes, é capaz de bater o olho e reconhecer os cálices, a urna (cofre da irmandade do Santíssimo Sacramento de Ouro Preto usado na cerimônia da quinta-feira santa), a custódia (objeto para expor a hóstia consagrada) e os demais bens roubados. “Meu pai sofreu muito, passou tempos sem sair de casa, triste. Ele ajudou o padre Simões a idealizar o museu. No dia do roubo, chegou à matriz por volta das 5h30, a fim de arrumar o templo para a primeira missa do dia, celebrada às 7h”, lembra-se Geralda, que cita ainda o zelador Gentil de Souza e o sacristão João como as pessoas que estavam na companhia dele. “Todo mundo em Ouro Preto virou suspeito. Tenho certeza de que as peças vão voltar.”

A irmã de Geralda, a bibliotecária Judith Conceição Gomes, foi a última menina a coroar Nossa Senhora do Pilar. A cerimônia foi em 1972, quando se comemoravam de norte a sul os 150 anos da Independência do Brasil. “Nunca vou me esquecer. A peça não era muito pesada, tinha pedras preciosas, bem bonita”, diz Judith. A bibliotecária também reconheceria o objeto em qualquer lugar do planeta. “O véu que a minha amiga Valéria pôs na imagem tinha seis metros de comprimento”, relembra.

Em Belo Horizonte, o ex-delegado Antônio Orfeu Braúna, de 70, conta que trabalhou no início do caso e destaca que o patrimônio de Ouro Preto sempre foi cobiçado. “As igrejas não tinham segurança”, lamenta.

 DENUNCIE   

 

Se tiver informação sobre os bens desaparecidos ou quiser fazer alguma denúncia, entre em contato:

Ministério Público de Minas

e-mail: cppc@mp.mg.gov.br e telefone (31) 3250-4620


Iphan

Telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482,

e-mail: bcp-emov@iphan.gov.br

Iepha/MG
e-mail:www.iepha.mg.gov.br
ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813

Secretaria paroquial do Pilar
Telefone: (31) 3551-4735/4736

e e-mail: artesacraouropreto@yahoo.com.br


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)