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Estado de Minas POR TELEFONE

Demora no atendimento de táxi em BH leva 15% dos passageiros a cancelar pedido

Cooperativas pretendem compartilhar passageiros para tentar garantir agilidade ao serviço


postado em 12/06/2012 06:00 / atualizado em 12/06/2012 06:39

"Eu já estava dentro de outro táxi quando a atendente me ligou dizendo que o carro que pedi estava quase chegando. Um absurdo", Sérgio Mitre, historiador, que desistiu depois de 35 minutos de espera (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Pedir um táxi por telefone sem precisar ir ao ponto ou ficar nas calçadas disputando um carro sempre foi garantia de comodidade e segurança. Mas o conforto virou dor de cabeça para quem precisa do serviço em Belo Horizonte. Passageiros cansados de esperar estão desistindo dos pedidos por telefone, de acordo com dados das principais cooperativas de táxi, como Coopertaxi, Coomotaxi e Ligue Táxi BH. Por mês, 15% dos clientes das duas primeiras cancelam as corridas por causa da demora. Na Ligue Táxi, a desistência média é de 10%.

 “Esse índice inclui o nosso atraso, casos em que o passageiro pega outro táxi antes do tempo estipulado para buscá-lo, e também os problemas que podem ocorrer com o carro ou o motorista”, alega Cristian Carlos Soares, diretor administrativo da Coomotaxi, que tem 300 associados. Na Coopertaxi, a situação não é diferente. Todo mês, 15% dos clientes suspendem o pedido antes da chegada do carro. “Um percurso que antes gastávamos de 10 a 15 minutos para fazer, hoje levamos 30 minutos. Muitas vezes tenho o táxi próximo e não consigo fazê-lo chegar ao cliente”, explica Waldir Hansen Júnior, diretor operacional da Coopertaxi, que mantém 400 carros cadastrados.

A principal justificativa das cooperativas para o atraso é o trânsito. O argumento não convence o historiador e poeta Sérgio Mitre, de 36 anos, morador do Bairro Santa Efigênia, na Região Leste, que só usa ônibus e táxi. Ele é um dos que perderam a paciência depois de ficar 35 minutos aguardando um carro de cooperativa. Cansado, ele pegou um táxi que passava. “Eu já estava dentro de outro táxi quando a atendente me ligou dizendo que o carro estava ‘quase chegando’. Um absurdo! Ésempre a mesma desculpa: o trânsito está ruim. O mais curiosos é que eles têm pavor quando você fala da necessidade de aumentar a frota”, comenta.

O diretor administrativo da Coomotaxi fica indignado quando o assunto é falta de táxi. “Dizer isso é uma covardia com quem está trabalhando duro. Mas nós, brasileiros, temos a mania de pôr a culpa no outro”, desabafa. Segundo ele, são muitos os motivos para o problema. “Houve um aumento do poder aquisitivo e quem não podia pegar táxi está podendo hoje. Para piorar, temos uma quantidade de obras na cidade inteira que emperra o trânsito”, diz.

Nos horários de pico, os 400 carros da Coomotaxi são suficientes para a demanda de 600 passageiros. “Nesse momento, às 17h50, tenho 80 chamadas na tela do meu computador. Muitos carros já estão ocupados. Para 10 pedidos ainda não tenho carro disponível na região que estão pedindo”, relatou. Em algumas cooperativas, como comprovou o Estado de Minas, a ligação nem chega a ser completada. Uma, duas, três tentativas e a decisão: tentar um táxi na rua. Na Avenida do Contorno com Rua Estevão Pinto, às 18h30, dezenas de taxistas vão e vêm sem olhar para as calçadas. Em 20 minutos, 12 tentativas de embarcar, todas frustradas. Ou o carro estava ocupado ou indo buscar algum passageiro que chamou pela central.

"O número de carros aumentou aqui no ponto e mesmo assim é difícil achar um disponível", José Dias Mendes, taxista, que fica em ponto na Rua Palmira, na Serra (foto: MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)
Nos pontos de táxi, mesmo de bairro, onde a demanda teoricamente é menor, a mesma realidade. No ponto da Praça da Bandeira, nenhum carro disponível. Na Rua Trifana, no Bairro Serra, Região Centro-Sul, passageiros esperam táxi. No ponto da Rua Palmira com Rua Níquel, depois de 15 minutos, chega José Dias Mendes, que desde 1992 trabalha como taxista e confirma o aumento na demanda. “Os usuários se conscientizaram que o melhor é usar o táxi. Aumentou o número de carros aqui no ponto e mesmo assim é difícil achar um disponível”, conta. Enquanto José Dias dá entrevista, o telefone toca sem parar. Não falta gente querendo um carro. “É difícil ficar parado aqui. O trânsito já não se desenvolve como há dois anos e se você está na rua e acha cliente, não volta para o ponto. E como não falta cliente na rua…”, explica o motorista.

Gestão integrada

Para tentar minimizar a demora no atendimento, reduzir o índice de desistência e fazer frente a concorrência que se aproxima – com a licitação de 545 novas placas –, as cooperativas planejam integração. A ideia é fazer gestão compartilhada dos passageiros: quando uma cooperativa não puder atender, o pedido é enviado para outra que está desafogada para agilizar o atendimento.

“Só falta igualarmos o sistema para trocar informações. Para isso, é preciso comunicação via satélite e pacote de dados, mas quem disse que o país oferece estrutura? É difícil conseguir um prefixo e a internet também não ajuda”, comenta Cristian Soares.

Para ele, a agilidade no atendimento depende de diálogo entre o poder público e a categoria. Soares avalia que a capacidade de trabalho do taxista caiu nos últimos anos devido à sobrecarga no trânsito, o que não é reconhecido pela BHTrans. “Antes um motorista conseguia dirigir 14, 16 horas. Hoje ninguém consegue, porque passa a maior parte do tempo trocando marcha. A perna dói, a coluna dói…Mas não permitem cadastrar dois auxiliares, o que daria oito horas de trabalho para cada motorista. Assim o carro ficaria o tempo todo”, sugere Soares.

Ontem, foram abertos os envelopes da licitação da prefeitura para as 545 novas placas, 60 delas para carros adaptados a portadores de necessidades especiais. Segundo a BHTrans, mais de 9 mil pessoas físicas e 69 empresas se inscreveram pela internet. Mas apenas 6.308 pessoas físicas e 27 jurídicas entregaram os documentos necessários. Hoje, BH conta com 5.955 permissões de táxi, incluindo 2 mil ligadas a cooperativas. A capital passará a contar com 6,5 mil táxis. O resultado da licitação será divulgado no Diário Oficial do Município (DOM) e no portal www.bhtrans.pbh.gov.br.


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