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Estado de Minas

Monumentos à prova de pichação em Belo Horizonte

Verniz que impede a fixação de spray, tinta ou cola está sendo testado no Pirulito da Praça Sete e pode ser usado em outros marcos históricos da capital. Tecnologia é tida como aliada na preservação de bens culturais


postado em 25/01/2012 06:00 / atualizado em 25/01/2012 06:59

Obelisco foi limpo na manhã de ontem antes que o verniz antipichação fosse aplicado em uma pequena parte do monumento(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
Obelisco foi limpo na manhã de ontem antes que o verniz antipichação fosse aplicado em uma pequena parte do monumento (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
 

 

O Pirulito da Praça Sete, no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas, no Hipercentro de Belo Horizonte, vai receber proteção contra pichadores. Está em teste no obelisco um verniz que impede a aderência de spray, tinta ou cola na superfície de um dos principais marcos da capital mineira. O Pirulito, alvo frequente de vandalismo, é o primeiro monumento da cidade que deve ser revestido pela tinta antipichação, já presente em viadutos mais novos de BH. A tecnologia é uma das apostas da prefeitura para livrar a capital da depredação.

O verniz antipichação permite a retirada da sujeira a seco, sem a necessidade de produtos químicos ou solventes. Ontem, o obelisco foi limpo com um gel removedor, primeira fase do processo. “Ainda dependemos da aprovação do Patrimônio Histórico, por isso aplicamos o verniz numa pequena área para ver como o granito vai reagir”, afirma a coordenadora do programa de combate à pichação do movimento Respeito por BH, Rosane Corgosinho. O verniz será aplicado em caráter demonstrativo pela empresa que representa a tinta antipichação.

Conforme o resultado, a administração municipal cogita usar o produto em outros monumentos da cidade. “Queremos fazer em BH o que o Rio de Janeiro tem conseguido”, ressalta Rosane. Segundo o diretor comercial da Roma Química, Wellington Cajueiro, a capital fluminense tem 300, de um total de 726 monumentos, protegidos pela tinta antipichação. Em São Paulo, o Minhocão, na Praça da Sé, também foi revestido pela camada. No mercado há dois anos, a tinta tem durabilidade de no mínimo três anos.

Há menos de três meses o obelisco estava com sua base completamente pichada e passou por uma limpeza, contratada de forma emergencial pela Superintendência de Limpeza Urbana. Para a retirada da sujeira a seco, o Pirulito foi limpo com um equipamento de jato a vácuo. Ao custo de R$ 10,8 mil aos cofres públicos, o serviço usou tecnologia alemã com produto à base de cascas de nozes, garantindo que o patrimônio tivesse suas características preservadas.

Desafio

A estimativa da Polícia Militar é de que, todos os meses, haja 300 novas pichações na cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial, apenas em 2011, 65% das 249 escolas municipais tiveram seus muros manchados por letras indecifráveis. No caso das unidades de saúde, 20 dos 155 postos foram pichados.

As propriedades privadas também não estão imunes às marcas de depredação e recebem dizeres que afrontam autoridades e atemorizam a moradores. Um destemido pichador escreveu na fachada de um edifício na Avenida Amazonas, na altura do Bairro Nova Suíça, na Região Oeste, um dos pontos mais degradados da cidade nesse aspecto, a seguinte frase: “Prenda-me se for capaz”. Além do desafio para as autoridades, a sujeira significou prejuízo de R$ 3 mil para os moradores.

“É um absurdo, algo horroroso e uma falta de respeito. Há dois anos, pintamos o prédio inteiro e gastamos R$ 26 mil. Não temos como bancar novamente esse custo. Vamos esperar outra reforma para tirar a pichação”, afirma a síndica Maria Ubaldina Carvalho, de 57 anos, contando que um dos moradores colocou arames no muro do apartamento térreo para evitar que pichadores invadissem a área externa da residência.

Para retirar as pichações foi preciso aplicar um gel removedor de impurezas do granito(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
Para retirar as pichações foi preciso aplicar um gel removedor de impurezas do granito (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)

Crime difícil de ser punido
Além de falta de respeito, a pichação também é um crime ambiental de difícil combate. A própria polícia afirma que sem ação educativa não haverá resultados expressivos. “A pichação é um crime que reflete a cidade. As pessoas não fazem isso apenas para delinquir, mas como forma de expressão urbana, mesmo que equivocada. Se não for feito um trabalho na adolescência, dificilmente isso vai diminuir”, ressalta a delegada Cristianne Moreira, titular da 2ª Delegacia da Divisão de Proteção de Meio Ambiente.

Sem dar detalhes do trabalho, ela assegura que os principais casos estão sendo investigados pela PC, em sigilo. Uma força-tarefa formada pelo Ministério Público, polícias Militar e Civil e prefeitura tentam coibir e punir pichadores. Segundo Rosane, o movimento Respeito por BH dará início no mês que vem ao trabalho de educação focado em pichação nas escolas da rede pública municipal.


ENQUANTO ISSO...
..Adolescentes são presos
Três jovens, dois de 15 anos e um de 16 anos, foram presos em flagrante na madrugada de ontem pichando muros de casas do Bairro Céu Azul, na Região Norte de Belo Horizonte, divisa com Ribeirão das Neves. De acordo com a Polícia Militar, eles foram pegos com latas de tintas e confessaram o crime. Os adolescentes foram encaminhados para a 10ª Seccional Delegacia de Ribeirão das Neves, onde responderão por crime ambiental.
 


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