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Estado de Minas

EM localiza marcos que indicam por onde passariam das linhas 2 e 3 do metrô de BH


04/07/2011 06:04 - atualizado 04/07/2011 11:06

Alcimar Motta observa marco do metrô na Savassi: espera por nova linha
Alcimar Motta observa marco do metrô na Savassi: espera por nova linha (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A novela da construção das linhas 2 e 3 do metrô de Belo Horizonte deixou de ser apenas teste de paciência para moradores e está se transformando em sinônimo de desperdício do pouco dinheiro público destinado ao projeto. Mais de 10 anos depois dos primeiros estudos de viabilidade das duas linhas, boa parte dos marcos com as indicações de por onde passariam novos trens foram perdidos, desenhos das duas rotas ficam mais perto de perder a validade e obras iniciadas em parte do ramal da linha 2 se deterioram com o tempo.

Pelo desenho traçado, a linha 2 deveria ter 11 estações, com 17,5 quilômetros de extensão. Seria de superfície da estação BHBus Barreiro até o Bairro Gameleira, na Região Oeste, e depois subterrânea pela Avenida Amazonas até o Bairro Santa Tereza, na Região Leste (veja mapa). A linha 3, por sua vez, teria 12,5 quilômetros subterrâneos, da barragem da Pampulha até a Praça da Savassi. A previsão é que sejam 11 estações. Os últimos investimentos no metrô de BH divulgados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), no entanto, se referem ao período de 2003 a 2006, quando o governo federal destinou R$ 158,7 milhões ao sistema.

O marcos “esquecidos” das linhas 2 e 3 são um exemplo de como parte dessa verba pode ter sido aplicada em vão. As indicações foram feitas pela empresa paulista Enerconsult S.A, contratada por R$ 15 milhões para desenhar os dois traçados. Como parte do trabalho, a companhia espalhou pequenos discos de metal em importantes corredores de trânsito para marcar onde seriam as novas rotas. Hoje, a Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte (STU-BH) admite não saber onde ficam todos os pontos demarcados pela empresa. Também reconhece que muitos deles foram perdidos com obras viárias feitas na cidade, como na Avenida Antônio Carlos e as recentes intervenções na Savassi.

A reportagem do Estado de Minas localizou seis pontos demarcados, cinco da linha 3 e um da linha 2. Os da linha 3 são numerados de 2 a 6, começando no canteiro central da Avenida Cristóvão Colombo, a 50 metros da Praça Diogo de Vasconcelos (Savassi), na Região Centro-Sul, e com a outra extremidade no canteiro central da Avenida Afonso Pena, esquina com as ruas Caetés e Curitiba, próximo à Praça Rio Branco (perto da Rodoviária). Os demais estão na Avenida João Pinheiro, esquina com Rua Gonçalves Dias, ao lado da Praça da Liberdade; no canteiro central da Avenida Álvares Cabral, entre a Avenida Afonso Pena e a Praça Afonso Arinos; e na Afonso Pena, próximo à Praça Sete. O marco 12 da linha 2 também foi instalado no canteiro central da Afonso Pena, no cruzamento com a Álvares Cabral.

O passo seguinte ao desenho dos traçados e instalação dos marcos seria a elaboração do projeto básico das duas rotas, mas o processo foi interrompido em 2004 por falta de recursos. Ao EM, a Superintendência de Trens Urbanos de BH informou que não pediu a instalação dos marcos, que teriam sido uma opção tecnológica da Enerconsult. Embora admita não saber se os marcos representam pontos onde deveriam ser construídas estações do metrô, o órgão sustenta que o “desaparecimento” de alguns marcos não compromete o resultado final do trabalho da Enerconsult, que concluiu o traçado das duas novas rotas.

A avaliação é rebatida pelo engenheiro civil Márcio Aguiar, mestre em transportes e professor da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade Fumec. Para ele, investimentos em novos estudos deverão ser necessários. “Trabalhos como esse perdem a validade, pois a demanda de passageiros aumenta com o passar dos anos”, analisou. “ Como a cidade passou por várias obras viárias, traçados podem ter que ser redefinidos”, alertou.

Linha 2


Os problemas provocados pela interrupção, em 2004, do projeto das linhas 2 e 3, vão além de marcos e desenhos de traçados. Segundo a Superintendência de Trens Urbanos de BH, R$ 60 milhões foram aplicados para que o ramal férreo do Calafate ao Barreiro pudesse ser utilizado como parte da linha 2 do metrô. Mas, apesar do investimento, o trecho até hoje é apenas usado por trens de carga e as estruturas de concreto erguidas ali estão se deteriorando. Para o engenheiro Márcio Aguiar, a demora em tirar do papel as duas linhas do metrô só faz piorar problemas de trânsito na capital. “O que existe em BH é o que chamamos de trem urbano”, opina. “A única opção que resta às pessoas são os veículos particulares e ônibus lotados, causando um colapso no trânsito”, acrescentou.

Moradores reclamam da demora. O técnico judiciário Alcimar Motta, de 49, que mora na Região Noroeste e precisa ir à Savassi trabalhar, sonha com o metrô. “A linha 3 facilitaria demais minha vida.”


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