Teixeira estava internado na Clínica São Vicente, que fica na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro.
O corpo do fotojornalista será velado nesta terça-feira (5/11), das 9h às 12h, no Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara dos Vereadores.
Em nota, o Palácio do Planalto lamentou a morte do fotojornalista: '[...] Deixa um acervo de mais de 150 mil fotos, com imagens que fazem parte da história do Brasil”.
Muito premiado no Brasil e em outros países, Teixeira registrou momentos históricos no período da ditadura militar no Brasil.
O fotógrafo deixa sua esposa, Marli, com quem estava casado há mais de 60 anos, além de duas filhas e três netas.
Evandro Teixeira nasceu no município de Irajuba, um povoado a 307 km de Salvador, na Bahia, em 1935.
Evandro Teixeira capturou, quase sempre em preto e branco, muitos dos acontecimentos mais significativos da segunda metade do século 20.
Depois de estudar fotografia à distância ainda na juventude, Teixeira iniciou sua carreira jornalística em 1958, no jornal O Diário de Notícias, de Salvador.
Pouco tempo depois, ele foi convidado para trabalhar no Diário da Noite, no Rio de Janeiro.
Em 1958, Teixeira passou a integrar a equipe do Jornal do Brasil, onde se tornou uma lenda do fotojornalismo ao longo de 47 anos.
Ao longo de quase sete décadas de carreira, Evandro Teixeira documentou eventos históricos, como o golpe militar de 1964 e a tomada do Forte de Copacabana, ocorrida em 1º de abril daquele ano.
Para captar essas imagens, ele escondeu sua câmera e, acompanhado de um amigo militar, disfarçou-se de oficial sem uniforme.
Assim, conseguiu capturar a imagem icônica que estampou a capa do Jornal do Brasil no dia seguinte: militares em contraluz sob a chuva, numa composição poética.
'Tirei o filme da câmera, botei na meia. Na saída, tive que mostrar a câmera, mas já estava com o filme escondido', relembrou certa vez o fotógrafo.
Por meio de suas lentes, Evandro Teixeira foi essencial para eternizar a resistência aos horrores da ditadura no Brasil.
Entre suas imagens mais emblemáticas está a da enorme multidão de cariocas reunida na Passeata dos 100 Mil em 1968, na Cinelândia, no Centro do Rio.
Outra foto icônica foi a de um estudante caindo no chão enquanto era perseguido por dois policiais em meio à correria e ao caos que tomaram o Centro do Rio em um dia de repressão.
Em mais um registro de repressão policial, Teixeira capturou agentes montados a cavalo perseguindo manifestantes na Candelária, no Centro do Rio.
Em setembro de 1973, Evandro Teixeira registrou momentos do golpe militar no Chile, que culminou na morte do presidente Salvador Allende.
Em uma das fotos mais marcantes, flagrou presos políticos encarcerados, em condições precárias, no subsolo do Estádio Nacional, em Santiago.
Em outra, registrou o adeus a um dos ícones da esquerda no Chile, o poeta Pablo Neruda.
Evandro Teixeira também capturou em suas fotos figuras como Pelé e Ayrton Senna, registrou a visita da Rainha Elizabeth e do papa João Paulo II ao Brasil, e documentou a fome, a pobreza e festas populares, como o carnaval.
Diversas obras do acervo de Teixeira podem ser encontradas no Museu de Arte de São Paulo (Masp), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e no Instituto Moreira Salles, também no Rio.