A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que comparou a reação de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, repercutiu entre congressistas.

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, afirmou que a declaração de Lula representa "rasgos de senilidade, maldade deliberada, ignorância histórica". "Equívoco do ponto de vista da ética, moral e perspectiva geopolítica. O Brasil voltou… Padrão PT", ironizou, nas redes sociais.

O grupo parlamentar Brasil-Israel publicou uma nota de repúdio. A bancada considerou "tendenciosas e desonestas" as afirmações de Lula e disse que "declarações inconsequentes como essa, e outras nos últimos dias, mostram o desconhecimento histórico e a falta de equilíbrio para presidir o nosso país, reconhecido historicamente como uma nação negociadora da paz".

"É preocupante e lamentável que o presidente Lula, no tocante à guerra em Gaza, dia após dia, apequene o Brasil no mundo da diplomacia", completou.

Até o momento, 103 parlamentares assinaram um pedido de impeachment contra Lula, incluindo deputados de partidos que compõem a base do governo e comandam ministérios. Conforme apurou o Correio, o documento deve ser protocolado hoje. Entre os deputados federais estão ao menos 20 nomes ligados ao Executivo e quatro partidos com ministros na gestão atual.

A maioria das assinaturas é de parlamentares do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Também há 10 do União Brasil, seis do Progressistas (PP), dois do Republicanos e dois do Partido Social Democrático (PSD). O Correio entrou em contato com as legendas, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Já a bancada do Novo no Congresso decidiu apresentar à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma notícia crime contra Lula. Após a declaração do presidente sobre Israel, os parlamentares Marcel van Hattem (Novo-RS), Adriana Ventura (Novo-SP) e o senador Eduardo Girão (Novo-CE) protocolaram a comunicação no último domingo. Eles afirmam que o chefe do Planalto teria praticado o crime de racismo.

A bancada ressalta, no documento ao qual o Correio teve acesso, que Lula promove, junto ao PT e aliados, "ataques a Israel" e tem "defendido o grupo terrorista Hamas". "A defesa do grupo terrorista Hamas é tão evidente que esse mesmo grupo emitiu uma nota agradecendo ao presidente da República pelo discurso proferido".



"Acontece, porém, que a declaração proferida extrapolou todos os limites, que já quase não mais existiam, a respeito do que é esperado da diplomacia internacional e, principalmente, do chefe de Estado brasileiro. Tanto é assim que a declaração do presidente da República causou e tem causado fissuras e rachaduras na relação internacional diplomática entre Brasil e Israel", argumentaram os integrantes do Novo.

O partido também apresentou, na última sexta-feira, outra notícia crime contra Lula relacionada à guerra no Oriente Médio. No documento, alega que o presidente cometeu crime de terrorismo, ao divulgar que fará aportes extras à agência de refugiados palestinos da ONU.

Quem também fez críticas foi o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um culto numa igreja de São Paulo, ele relatou a recente visita ao território israelense, após o ataque do grupo extremista Hamas. Ele afirmou que teve um almoço com o embaixador brasileiro em Israel, ouviu relatos das vítimas que moravam nos kibutz (comunidades agrárias comunitárias) e defendeu a imparcialidade na diplomacia do Brasil, criticando o apoio à petição apresentada pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia (Holanda), pela "intenção israelense de destruir e cometer genocídio na Faixa de Gaza".

"Defendo a devolução de todos os sequestrados. E acho que o erro maior é apoiar um grupo terrorista que mata crianças, jovens e idosos gratuitamente", disse. (Colaboraram Ingrid Soares e Victor Correia).

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