Se você já atendeu uma ligação e ouviu apenas o silêncio ou uma gravação sem sentido, saiba: você não está sozinho. Milhões de brasileiros estão sendo alvos diários de ligações automáticas feitas por robôs, chamadas de robocalls. Elas acontecem a qualquer hora, vêm de números desconhecidos e muitas vezes duram menos de seis segundos. Mas apesar de breves, causam um estrago enorme.
Essas ligações são feitas em massa por sistemas automatizados usados por empresas de cobrança, telemarketing e, em muitos casos, até por fraudadores. O problema se tornou tão grave que está afetando não só a qualidade das redes telefônicas, mas também a saúde mental de quem é interrompido dezenas de vezes por dia sem motivo algum.
Chamadas de menos de seis segundos viram praga
Um dos aspectos mais alarmantes é a duração das chamadas. De acordo com a Anatel, as ligações com menos de seis segundos são as mais frequentes nesse tipo de abuso. Elas servem para identificar quais números estão ativos ou apenas para cumprir metas de volume em sistemas automáticos. O resultado? Milhões de chamadas descartadas sem utilidade, mas que consomem recursos das operadoras e irritam os usuários.
Essas ligações curtas representam uso indevido da infraestrutura de telecomunicações e, por isso, começaram a ser bloqueadas automaticamente pelas operadoras, como medida para aliviar a sobrecarga nas redes.
O impacto das robocalls na vida dos brasileiros
O problema das robocalls vai muito além do incômodo. Consumidores relatam crises de ansiedade, interrupção do trabalho, do sono e até medo de atender chamadas legítimas. A confiança no serviço de telefonia está sendo corroída.

Há casos em que golpistas se aproveitam das robocalls para aplicar fraudes, induzindo vítimas a fornecer dados pessoais ou a clicar em links falsos. Isso agrava ainda mais o cenário e mostra a urgência de um combate efetivo.
Como se proteger de ligações automáticas
Para os usuários, uma das primeiras linhas de defesa é o serviço “Não Me Perturbe”, criado para bloquear chamadas de telemarketing de bancos e operadoras. Basta acessar o site e cadastrar seu número gratuitamente.
Outra solução eficaz são os aplicativos de bloqueio de chamadas, como Truecaller, Whoscall, Hiya e similares. Eles conseguem identificar números suspeitos e bloquear ligações automaticamente com base em bancos de dados colaborativos.
Descubra quem está por trás das chamadas
A ferramenta “Qual Empresa Me Ligou?”, também gratuita, permite identificar o CNPJ e o nome da empresa que fez uma ligação. Ao digitar o número, o usuário tem acesso a informações detalhadas e pode decidir se deseja bloquear, denunciar ou entrar com uma reclamação na Anatel ou no Procon.
Esse tipo de transparência tem sido essencial para devolver o controle ao consumidor, que até pouco tempo estava completamente no escuro.
Medidas contra robôs estão ganhando força
Em resposta à crise das robocalls, as operadoras estão desenvolvendo tecnologias de bloqueio em tempo real, além de monitorar comportamentos anômalos em suas redes. Chamadas que se repetem em milhares de números em pouco tempo são automaticamente classificadas como abusivas.
Além disso, a Anatel reforçou suas regras: empresas que realizarem mais de 100 mil chamadas curtas por dia podem ser multadas, suspensas ou banidas do serviço.
Campanhas educativas também estão sendo veiculadas para ensinar os consumidores a usar ferramentas de proteção. É uma guerra que está longe de terminar, mas os primeiros passos já foram dados.