O dono da SAF do Botafogo, John Textor, prestou depoimento aos senadores que formam uma comissão para investigar manipulação de resultado no futebol brasileiro e, segundo o senador Jorge Cajuru, “há fortes indícios de corrupção no VAR, árbitro e entre jogadores. Chegamos a uma conclusão de que há conteúdo, não foi um blá, blá, blá, mais de duas horas de depoimentos consistentes e fortes. Caberá agora a nós convidar os possíveis depoentes para esclarecimentos.

 

Vamos encaminhar tudo para a Polícia Federal, pois os indícios poderão virar provas”. Cajuru disse que a questão do VAR é terrível, e que ficou estarrecido junto com seus pares. É um relatório com 180 páginas, envolvendo nomes de jogadores e árbitros e não só em relação ao Botafogo. “Não podemos acusar ainda, mas material, com conteúdo e indícios, nós temos. Vamos trabalhar muito em cima desse material. O senhor Textor não veio falar apenas do Botafogo, de jeito nenhum. Trouxe conteúdo de vários jogos e, repito, os indícios são fortíssimos”.

 



 

Há tempos a gente percebe os erros crassos no futebol brasileiro e entendemos que o árbitro erra porque é humano. Porém, com a chegada do VAR, a gente vê também erros graves em quem manipula o dispositivo, e, pelo que o Cajuru falou, há coisas estarrecedoras com relação ao VAR. Em 2005, o árbitro Edílson Pereira de Carvalho foi acusado de manipular resultados de jogos, foi preso, confessou o crime, mas logo foi posto em liberdade. O Campeonato foi manchado e vários jogos foram remarcados. É preciso sim entrarmos fundo nessa questão, pois com a chegada das casas de apostas é preciso que tudo corra de forma transparente e clara. Vale lembrar que, na Inglaterra, alguns jogadores, entre eles o brasileiro Paquetá, estão sendo investigados por possível relação com a manipulação de resultados, cartões amarelos e por aí vai. Não há nada comprovado, mas a investigação por lá segue firme. É preciso que no Brasil os senadores realmente se debrucem nas 180 páginas e não deixem a CPI terminar em pizza.


As SAFs deixam a desejar

 

Quando o projeto SAF saiu do papel, todos imaginávamos que seria a solução para o falido e quebrado futebol brasileiro, com aportes milionários e formação de grandes equipes. Passados alguns anos, a gente percebe que esse “conto de fadas” não aconteceu e que vários clubes que se transformaram em empresa, andam mal das pernas, tecnicamente, financeiramente e sem solução a curto prazo. As exceções são Atlético e Bahia.

 

O primeiro porque tem três bilionários apaixonados pelo clube, que querem taças e não lucros. Essa é a proposta deles, reforçar o time cada vez mais e montar equipes capazes de ganhar títulos e mais títulos. Já o Bahia, que foi comprado pelo grupo City, investidores de Abu-Dhabi, tem condições de contratar jogadores de nível e foi vendido por R$ 1 bilhão. Os torcedores perguntam os motivos de o time baiano ter custado duas vezes e meia mais que o Cruzeiro, vendido por R$ 400 milhões, e Botafogo e Vasco, que custaram R$ 700 milhões cada. Tanto a 777 Partners quanto John Textor não têm agradado torcedores do Vasco e Botafogo, respectivamente.

 

O Flamengo estava cogitando virar SAF em algum momento. Porém, o conselho deliberativo já determinou que se um dia isso acontecer, o clube venderá somente 25%. O Flamengo continuará dando as cartas e mantendo-se como Flamengo, privilegiando sempre o futebol. Infelizmente, o que o torcedor tem visto são clubes descaracterizados, que mantém os nomes, mas que investem muito pouco no futebol. De todos, o Cruzeiro é o mais prejudicado, pois o torcedor não vê investimentos e ainda cobra de Ronaldo o aporte dos R$ 400 milhões para a formação de um time decente em condições de fazer, pelo menos, uma campanha digna da história do clube.

 

Na verdade, a gente percebe que no Vasco e Cruzeiro a compra parece que visa lucros e não taças. Pela formação dos elencos, não há como imaginar títulos, pelos menos a curto prazo. São times que ficam na corda bamba, sem muita perspectiva. No Cruzeiro a situação ainda é mais triste, pois o empresário André Cury acusou o ex-presidente Sérgio Rodrigues de ter dado um prejuízo de R$ 1 bilhão ao perder Vítor Roque e Estevão. O dirigente nega. O torcedor cruzeirense, por exemplo, entende que o momento financeiro é delicado, mas também sabe que quando comprou o clube, Ronaldo sabia o que estava comprando e que não há mais desculpas. Ele conseguiu a recuperação judicial, o que é louvável, mas peca na montagem do time e na diretoria, formada por Elias e Paulo André, com imagem ligada ao Corinthians, e Pedro Martins, que parece não ter autonomia. Salva-se o espetacular Paulo Autuori, consagrado, campeoníssimo e competentíssimo.

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