No início de 2020, a Fifa, pela primeira vez desde que assumiu a modalidade, o futsal, antes chamado de futebol de salão, se mostrou interessada no esporte. Numa reunião em Zurique, na Suíça – a Copa do Mundo da modalidade foi disputada no Uzbequistão, em 2024 –, anunciou que vai entregar ao Comitê Olímpico Internacional (COI) uma petição para que o esporte seja incluído no rol das modalidades olímpicas, assim como o Beach Soccer.
Este é um sonho antigo. Tentativas já foram feitas anteriormente por federações nacionais, mas sempre foram repelidas pela Fifa. Aliás, a impressão que se tinha era de que a modalidade era vista como uma ameaça.
Nos Jogos Olímpicos de Atlanta’1996 (EUA), o assunto foi levantado. A pergunta feita ao então presidente do COI, o espanhol Juan Antonio Samaranch, foi: “Por que o futsal não é uma modalidade olímpica?”
A resposta dada pelo dirigente e o argumento sustentado por alguns anos era de que o esporte não tinha representatividade mundial e era praticado apenas por alguns países.
Na verdade, a entidade que cuidava do futebol de salão, a Fifusa (Federação Internacional de Futebol de Salão) foi criada em 1971. E tinha apenas sete filiados: Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru e só um europeu, Portugal.
Era muito pouco. Mas o esporte cresceu. Ganhou adeptos, principalmente na Europa. Espanha e Itália foram os dois primeiros. Na sequência, a Holanda. Estados Unidos e México também aderiram. E surpreendentemente, um país oriental, o Japão.
Pois em 1982 foi disputado o primeiro Mundial. Além desses países, um 14º, a Tchecoslováquia, hoje República Tcheca.
O esporte cresceu e, nos anos 1990, eram muitos os adeptos. Um total de 128 países. Mas para o COI, ainda era pouco. E a Fifa não demonstrava interesse em expandir o futebol de salão.
Mas, apesar disso, brigou para ter o controle do esporte. Seu lema: “se é futebol, é nosso”, foi dito e replicado diversas vezes, até que a entidade internacional do futebol tomou o esporte, decretando o fim da Fifusa.
Rapidamente, o futsal, o novo nome dado pela Fifa, ganhou o mundo. Até mesmo no mundo muçulmano se tornou uma paixão, mais até que o futebol de campo, pois lá o calor impede que se faça um campeonato nacional durante todo o ano. Assim, essa competição durava oito meses e nos quatro meses de calor era o futsal quem imperava. Os clubes do futebol de campo se transferiram para as quadras, com os mesmos jogadores. Ginásios lotados.
Na Olimpíada Rio’2016, o presidente do COI era outro, o alemão Thomas Bach. Numa coletiva, ele é sabatinado sobre o assunto: “Por que o futsal não entrou para o rol dos esportes olímpicos?”
A resposta mostrava que o problema não era o COI, mas sim a Fifa. “Não existe, ainda, interesse, um pedido formal da Fifa.”
Ali ficou claro. Mas as coisas parecem ter mudado bastante. Na Assembleia Geral desta quinta-feira, a entidade parece ter entendido, definitivamente, que o futsal é um esporte que tem todas as condições de fazer parte do mundo olímpico.
Só que, até agora, tudo está apenas na conversa.
