Dezembro chegou. Com ele, a maratona de festas de confraternização; das famigeradas listas de “amigos e inimigos ocultos”; do arrumar malas para viagens de férias; das cartinhas para o Papai Noel; do fazer regime para caber dentro da roupa do réveillon e da TV ligada nos shows do Roberto Carlos e da Simone, com a vovó roncando e jurando que está assistindo.

Com o último mês, aproxima-se o momento de olhar para trás e rever como o ano passou para cada um de nós. Se cheio de alegrias ou tristezas; de surpresas ou mesmices; de fatos inesquecíveis ou para serem esquecidos. Vêm com ele também as “retrospectivas 2025”.

Quando o universo em análise é o do futebol, em especial, das três maiores torcidas de Minas Gerais, é possível afirmar que dezembro chega de forma completamente diferente para elas. Em comum, apenas o fato de que ainda restam algumas semanas para contribuírem com episódios marcantes para as retrospectivas.

Para a segunda maior torcida de Minas Gerais, a do Flamengo, o final feliz está garantido antecipadamente, mesmo tendo ainda o Mundial Interclubes pela frente. A conquista da Libertadores e o caneco do Brasileirão, que certamente levantarão na noite de hoje, já garante a festança. Lembrando que, com todos os privilégios financeiros, políticos e midiáticos que esse clube acumula há décadas, se o final de ano fosse diferente, aí sim, seria surpresa.

Já para a terceira torcida de Minas Gerais, a do Atlético de Lourdes, nem foi preciso dezembro chegar para a Turma do Sapatênis, chorosa e raivosa com seu 2025, antecipar as “cartinhas”. Afixadas – em formato de faixas “elogiosas” à SAF – na sede do clube e nas grades da Arena dos Bilionários do Brasil Miséria. Transformando, metaforicamente, a Granja da Chacota Nacional em uma suposta máquina de lavar algo indesejado.

Agora, com o dezembro batendo repentinamente à porta, como a Polícia Federal, o que resta na confraternização atleticana é o ficar no domicílio, com sapatênis e tornozeleira, esperando o Brasileirão acabar para definir se o último capítulo da retrospectiva virá de um “amigo oculto”, dando a vaga na Sul-americana 2026, como prêmio de consolação ou de um “inimigo oculto”, trazendo um novo flerte com a Série B.

E para a Nação Azul, a maior e mais alegre torcida de Minas Gerais? Como esse dezembro chega para os 10 milhões de apaixonados pelo Time do Povo Mineiro?

Repleto de presentes antecipados, como a vaga para a Libertadores 2026 e muita esperança de algo ainda mais bonito, como a sétima conquista da Copa do Brasil. Inimaginável para quem, cinco anos atrás, no dezembro de 2019, assistia o capítulo mais triste e doloroso da retrospectiva da sua vida inteira ser escrito.

Desde então, enfrentamos toda a humilhação de quem sabia que, ano após ano, não teria presente de Natal. De “amigo oculto”, apenas o sarcasmo e a covardia de dirigentes de clubes rivais a aproveitarem do nosso momento para se autopromoverem. Sem festas de confraternização nas arquibancadas por conta da pandemia e da penúria financeira. Com o esperar não do Papai Noel, mas do oficial de justiça a bater na porta, podendo chegar, a qualquer momento, com a cartinha de falência.

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Tudo isso com a complacência e exposição máxima e sem qualquer censura, moderação ou piedade da imprensa, principalmente, a regional. Sangrar o Cruzeiro no noticiário e na análise de seus cronistas era totalmente permitido.

Que todo esse absurdo fique somente no passado e na consciência de quem se aproveitou dele. Agora, para nós, cruzeirenses, é confraternizar esse 2025 lindo, azul e cheio de amor. Com presentes antecipados, shows do nosso escrete que não deixaram nem a vovó dormir e o arrumar malas para a semifinal em São Paulo e, quiçá, para a final no Rio de Janeiro.

Se o décimo primeiro título nacional virá, só saberemos nas vésperas do Natal. Mas uma história já pode ser contada antecipadamente nas retrospectivas das maiores torcidas de Minas Gerais: o mundo não dá volta; ele capota.


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