É notável o que o Atlético tem feito em reconhecimento à história do Hulk. Esta semana, uma homenagem no Terreirão do Galo transformou-se em peça audiovisual de 30 minutos veiculada no Youtube. Lá pelas tantas, o telão do estádio mostrou depoimentos de parentes e amigos feitos ao longo da sua carreira de 500 gols. Aquele típico formato para fazer emocionar público e homenageado em programas de auditório, algo, não raro, ridículo. Mas como o Galo é máquina de fazer homem chorar, este escriba acabou vitimado pelos parças do Givanildo.
Assim, entre lágrimas, gols e assistências, a gente vai se dando conta da enormidade desse cara. Não apenas pela forma como dá tratos à bola, mas também por seu exemplo, sua humildade, sua liderança positiva, seu jeito de falar do Galo, sua forma de lidar com o torcedor, inclusive o adversário. Nada disso é produto de media training – o cara é assim, é genuíno. Que sorte temos nós de assistir a isso em nosso tempo, ao vivo, agora.
Hulk devia jogar a Copa. Só não é convocado por sua idade, mas este é um argumento que não resiste a cinco minutos de explanação de um fisiologista sobre os diferentes tipos de corpos e sobre como cada pessoa envelhece ao seu modo. A pobreza do debate futebolístico faz com que estejamos a discutir Neymar, que fez sua última grande temporada em 2016, enquanto Hulk é o melhor jogador brasileiro desde 2021.
Hulk não deveria ser observado por Ancelotti apenas dentro de campo, o que já seria o suficiente, basta olhar seus números. Mas também como a extraordinária liderança e exemplo nos bastidores. O Brasil deixou Romário de fora em 2002. Havia dúvida sobre sua atuação em campo, e a certeza de que era influência negativa no vestiário. Tudo bem que se possa ter dúvida a respeito de um jogador com a idade do Hulk, muito embora se cuide como nenhum outro e não se canse de mostrar que não se cansa. Mas é inequívoco o bem que faria ao vestiário.
O raro leitor já viu a cena de Neymar chegando para um jogo do Santos com uma caixinha de som no último volume. Não pode haver recibo mais contundente do chato profissional do que o sujeito que impõe sua música aos demais, seja na praia, na praça ou no vestiário. Nenhum companheiro se aproxima dele. Neymar apenas adentra o ambiente com sua música no talo e a marra que conhecemos. Não à toa o Santos está onde está. E ainda dizem as boas línguas que a derrocada no Brasileirão interessa a ele e ao pai, que poderiam comprar na baixa a SAF do clube. É este tipo que se discute se deve ou não jogar a Copa.
Enquanto isso, Hulk segue fazendo gols e dando assistências, disputando títulos e se firmando como um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro em todos os tempos. Outro dia me deparei com um vídeo que apresentava seus gols e principais lances nesse glorioso tempo de Atlético. Um longa-metragem, pela extensão de tempo que aquilo exigia, mas certo mesmo teria sido uma série, dado a infinitude da coisa.
É um absurdo que Hulk não tenha ido à Copa de 22. É mais absurdo ainda pensarmos que seguirá sendo um absurdo que não vá à de 26. E daí que terá 40? Algum jogador de 32 faz banheira de gelo em casa na sua folga? O Hulk faz. O Hulk é gato ao contrário: tem 39, mas a bem da verdade deve ser uns 29.
Sinceramente, meu amigo, e sem clubismo embora com: se você tem oito jogos a fazer, e só isso interessa, você vai de Hulk ou Luis Henrique? Hulk ou Richarlison? Hulk ou Vitor Roque? Hulk ou Neymar? Como bem diz o torcedor do Galo, e sem precisar sê-lo: Hulk, Hulk, Hulk!
Hulk está em mais uma final. Merece ganhar e vai ganhar. E se, naquela mágica do futebol nem tão mágica assim, ele comer a bola, e, normal, fizer o gol do título? O que mais terá de fazer para ser lembrado por Ancelotti?
Há cinco anos, Hulk é um dos três maiores jogadores brasileiros em atividade no mundo. Quem discorda é cruzeirense. Vai, Ancelotti, não prive o mundo de ver em ação o homem dos 500 gols. Quer dizer, 501. Opa, 502 até o fechamento desta edição.
