Após três meses de trabalho, a CBF apresentou nesta semana a primeira versão do modelo de sustentabilidade financeira para o futebol brasileiro. Elaborado em conjunto com clubes, federações, profissionais independentes e empresas de consultoria, o chamado fair play financeiro visa estabelecer normas que garantam disputas mais justas no esporte mais popular do país.

A iniciativa é muito necessária, ainda mais com o advento das Sociedades Anônimas do Futebol, as famosas SAF's, no qual grupos podem usar os clubes para ganhar prestígio com os torcedores e até para cometer crimes, como lavagem de dinheiro. Mas antes mesmo de entrar em vigor já há divergências, como mostra a nota emitida pelo Flamengo na última terça-feira (11/11), na qual faz sugestões polêmicas sobre o assunto, como a da proibição de gramado sintético e a de que clubes em Recuperação Judicial (RJ) ou em Recuperação Extrajudicial (REJ) possam investir na contratação de reforços, além da criação de um mecanismo de controle de gastos e de investimento estrangeiro.

Segundo Ricardo Gluck Paul, um dos vice-presidentes da CBF, a intenção da entidade é, sim, estabelecer limites para endividamentos e gastos com folha salarial dos clubes, sempre baseado nas receitas. Quem infringir as regras sofrerá sanções, como ser proibido de contratar jogadores, o chamado transfer ban, a perda de pontos em campeonatos e até o rebaixamento de divisão.

Em seu site, a CBF, por sua vez, destaca que “o modelo apresentado” esta semana “se inspira em regulamentos implementados nas cinco maiores ligas do mundo: Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França”. Porém, “adapta o que funciona nos países europeus à realidade financeira dos clubes e às particularidades do futebol nacional”.

“O maior desafio foi criar uma regulamentação que fizesse sentido para a realidade dos clubes brasileiros, a partir da consolidação de sugestões recebidas. Estudamos detalhadamente grandes modelos europeus, mas adaptamos à nossa realidade. Ao invés de impor barreiras à entrada de capital, buscamos construir um sistema que priorize a sustentabilidade: ou seja, que os clubes não gastem mais do que arrecadam e não acumulem dívidas”, explica Caio Rezende, diretor da CBF Academy, um dos que atuou na elaboração do modelo.

Que as partes envolvidas se entendam e consigam fazer funcionar por aqui práticas que se mostraram eficientes em outros países. Mas só isso não será suficiente para modernizar nosso futebol.

É urgente a criação da liga nacional, com os clubes assumindo a organização do Campeonato Brasileiro. E, para isso, que cheguem a acordo quanto à distribuição de direitos de transmissão e outros recursos que poderão tornar as disputas bem mais atraentes para os torcedores e patrocinadores.


Erros que se repetem

Estamos em plena Data Fifa, mas o Campeonato Brasileiro não para. Tanto que o Atlético recebeu o Fortaleza ontem e vai a Bragança Paulista (SP) enfrentar o Bragantino no domingo (16/11). No sábado, Flamengo e Palmeiras visitam Sport e Santos.

É uma pena, pois teremos grandes equipes do futebol nacional sem alguns de seus principais jogadores. E os treinadores que se virem para montar times minimamente competitivos.

Como sou um otimista inveterado, tenho esperança de ainda ver um calendário organizado, em que o Brasileiro pare para as disputadas de jogos das seleções. Mas me parece cada vez mais difícil que isso ocorra.

 

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