Hoje vou compartilhar com vocês a experiência de uma amiga que prefere não se identificar, vou chamá-la de Alfa. Alfa tem 44 anos, ficou casada por 15 anos e tem um filho adolescente fruto desse casamento, e o que ela considera um dos seus maiores desafios e propósitos de vida é criar seu filho para que ele seja um homem melhor. Tarefa difícil numa sociedade machista onde os homens estão cada vez mais conservadores e as mulheres cada vez mais progressistas. A experiência de Alfa com homens após o divórcio diz muito sobre isso:

“Depois desse período de casamento e separação decidi mudar um pouco o meu padrão de homens e de encontros. Parti para um movimento ‘mulher livre e disponível’, sem nenhuma pretensão de amorzinho e sim de satisfazer o meu corpo e esvaziar a tensão do dia a dia. Obviamente sem me envolver com homens casados e sim com homens disponíveis e solteiros.

Um dos pontos mais interessantes que percebi é que, para ‘conquistar’ esses homens, eu simplesmente era eu. Fazia coisas como dançar livremente numa festa, elogiar uma mulher lésbica, descer do carro com sacolas pesadas. Isso me fez rapidamente me colocar numa situação de ‘disponibilidade’. Homens de idades completamente diferentes 70, 52 e 40 anos. Trinta anos separam as idades desses homens e, confirmando o que eu já esperava, são todos iguais, a única diferença é que um precisa de Viagra e outro não.

Decidi interagir com eles da mesma forma que eles interagem com as mulheres, ou seja, no mesmo nível de igualdade. Eu só saio quando quero, eu só faço o que eu quero, eu uso e abuso dos seus corpinhos. Se eu contar algumas pessoas vão apontar o dedo e dizer que estou igual a uma prostituta! A verdade é que estou fazendo exatamente o que os homens fazem o tempo inteiro. Em qualquer ambiente, em tarefas comuns do dia a dia, o tempo inteiro, há homens disponíveis querendo transar. Sexo sem compromisso.

Interessante mesmo é perceber que, independentemente da idade, eles não querem aprender nada sobre as mulheres. Não querem te dar prazer, seja fazendo corretamente um sexo oral bom, ou qualquer outra coisa. Só querem ‘te comer’, penetrando em todos os buracos possíveis, e pronto. Existe um outro ponto em comum que para mim é sempre um mistério que não consigo entender: Qual é a obsessão que os homens têm em fazer sexo anal? Independente se a mulher gosta ou não, eles acabam chegando lá.

Será que temos gerações e gerações de uma cultura da pornografia tão forte que eles se baseiam naquelas mulheres de filmes pornôs que fazem caras e bocas fazendo, e por isso eles se colocam nessa postura de que todas as mulheres gostam? Será que nós mulheres gostamos realmente ou cedemos por conta da insistência? Ainda existe muito tabu em relação a se discutir sobre sexo anal sendo que o objetivo final deles é sempre esse.

Sabemos claramente que a grande maioria dos homens não tem a menor ideia de onde fica o clitóris, e é tão cansativo ter que explicar, que hoje é muito mais fácil comprar um sugador e se dar prazer sozinha.”

É assim que muitas mulheres da minha geração têm se sentido. Saímos de casa, fomos em busca de espaço no mercado de trabalho, em busca de nossa renda, do nosso prazer. As mulheres não querem muito dos homens, querem apenas que eles sejam adultos funcionais. Homens que olhem para nós e nos vejam, homens que nos escutem quando estamos falando com eles. Mas os homens param no tempo, sentados num trono imaginário enquanto o mundo gira. Continuam nos vendo como objetos, querem nos usar, mas não querem ser usados. Querem ter prazer, mas não querem dar prazer. Querem receber o máximo e entregar o mínimo. Enquanto isso, as mulheres que já estão lá na frente, olham para trás e se perguntam: “Será que um dia ele vai conseguir me alcançar?”

compartilhe