Veja como os cachorros são treinados na corporação
Nos Estados Unidos, uma professora foi atacada por um cão farejador enquanto aguardava para fazer uma viagem à Europa no Aeroporto Internacional de Nashville, no Tennessee.
O caso aconteceu em março de 2022, mas só se tornou público em outubro de 2023 pela imprensa norte-americana.
Segundo o canal de TV WSMV4, Kelly Jones e sua irmã estavam passando pelo corredor principal do aeroporto, quando foram surpreendidas por um cão de segurança K-9 da TSA, acompanhado de seu treinador, o oficial William Green.
Imagens capturadas pela câmera corporal do guarda registraram o ataque. A professora pede uma indenização de US$ 200 mil do aeroporto.
Segundo os autos do tribunal obtidos pela imprensa americana, o animal estava no primeiro dia de sua função como cão farejador.
Cães farejadores são presença comum em aeroportos, cenas de atentados e em casos de desastres naturais, como soterramentos por exemplo.
Em abril de 2023, a Polícia Federal apreendeu 236 kg de cocaína em um carregamento de bobinas de papel no Porto de Santos, localizado na costa de São Paulo, com a ajuda de um cão farejador.
O destino da carga era o Egito, com uma parada prevista no Porto de Algeciras, na Espanha.
Conforme informado pela Receita Federal, a droga foi descoberta durante a execução de procedimentos rotineiros de fiscalização e repressão aduaneiras.
A seleção de cargas é feita com base em critérios objetivos de gerenciamento e análise de risco, além de inspeções por meio de imagens e scanners.
Nem todos os cães são adequados para esse tipo de treinamento, que exige curiosidade e um olfato apurado. As raças mais recomendadas são o pastor alemão (foto), labrador, pastor malinois e pastor holandês.
A maioria das raças caninas possui alguma habilidade de discriminação de cheiros, mas isso é mais marcante nas raças esportivas ou criadas especialmente para desenvolver o faro.
Esses cães podem ter até 300 milhões de células olfativas, enquanto os seres humanos têm apenas 6 milhões. Isso faz com que os animais consigam distinguir odores com mais facilidade e a uma distância maior.
O treinamento começa quando o filhote tem cerca de dois meses e dura por volta de um ano e meio.
Durante esse período, os instrutores avaliam quais filhotes da matilha possuem as habilidades desejadas e realizam exercícios gradualmente mais desafiadores para desenvolver o faro. Veja todas as etapas do treinamento de um cão farejador!
De 2 a 4 meses: esse é o momento em que os instrutores realizam exercícios e brincadeiras para avaliar as características e o desenvolvimento de cada filhote.
De 4 a 8 meses: nessa etapa, os cães têm contato com a guia e começam a aprender a se comportar frente a outros cachorrinhos, em exercícios de socialização.
De 8 a 10 meses: os animais são levados para áreas externas, como parques, aeroportos e áreas comerciais, para realizar exercícios de detecção de odores. Aqui eles já começam a ter que procurar objetos só pelo cheiro.
De 10 a 12 meses: nessa etapa, além dos cachorros terem que procurar objetos por meio do cheiro, os exercícios costumam ter uma dificuldade maior. Isso porque eles precisam superar obstáculos também.
A partir de 12 meses: os animais destinados a farejar drogas são expostos a "brinquedos" com esses odores, e os exercícios ficam mais difíceis, misturando odores de outras substâncias, como alho, pimenta e cebola.
É importante ressaltar que os cães não são expostos diretamente às drogas, que costumam ser camufladas em materiais como tubos de PVC, mangueiras e bolsas de lona, entre outros.
Uma das facilidades de se treinar cães farejadores é evitar que os treinadores civis precisem obter autorização para lidar com substâncias ilegais, explosivos ou tecidos humanos.
Uma das regras de todo o processo é que não deve haver violência com os cãezinhos, mas sim uma dose de afeto sempre que o animal executar uma atividade da maneira esperada.
Os cães farejadores treinados podem trabalhar em diversas áreas, como em empresas de segurança privada, turismo, grandes eventos e até mesmo na polícia.
Eles podem ser especializados em encontrar drogas, explosivos, cédulas de dinheiro e até mesmo auxiliar em resgates e salvamentos.
Alguns pesquisadores já têm direcionado o olfato apurado desses cães para outras finalidades, como treiná-los para identificar o "cheiro de câncer" em amostras de tumores, além de outras doenças.