Jornal Estado de Minas

FIAT TORO FREEDOM 2.0 DIESEL AT9

Valorizada pelos adereços



Não há como negar que o ponto forte da picape Fiat Toro sempre foi o seu visual, já que é dona de um estilo ousado que vem servindo de referência para outros modelos da marca e até da concorrência. Apesar disso, a Fiat criou artifícios para valorizar e personalizar o visual da picape. Nosso teste da vez foi com a Toro na versão intermediária Freedom 2.0 diesel AT9, acrescida do Pack S-Design, que inclui faixas adesivas e acabamento escurecido, proporcionando aspecto mais esportivo. O resultado agrada e, associado aos outros predicados, faz da picape uma interessante opção. Estaria tudo muito certo se o preço não fosse tão elevado.
 
Com desenho ousado, a Toro conquistou seu público - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
Com o Pack S-Design, a Toro Freedom ganha faixas adesivas pretas no capô e tampa traseira da caçamba. Além disso, o nome da versão, a identificação da motorização, os emblemas e badges são escurecidos. O santantônio traz uma carenagem de plástico com o nome Toro em destaque e os estribos laterais tubulares são pintados em preto. A cor cinza aparece na capa dos retrovisores externos e nas barras de teto, que trazem um defletor de ar com a terceira luz de freio incorporada.
A grade frontal é preta e os faróis são halógenos, mas o modelo traz luz diurna em LED. Na traseira, lanternas com LED e para-choque   com estribo cromado e luz de neblina. As rodas de liga leve de 17 polegadas também ganharam pintura escurecida e são calçadas com pneus ATR, de uso misto, na medida 225/65.
 
Tampa da caçamba, que se abre em duas partes, foi uma das grandes sacadas para a picape intermediária - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
Essa versão da Toro traz o interior todo escurecido, inclusive o teto e as colunas, com forração dos bancos em tecido sanfonado e couro, que está presente também no volante e nos painéis das portas dianteiras. No painel, plástico duro de boa qualidade e detalhes diferenciados na moldura da central multimídia, nas saídas do ar-condicionado, nas alças das portas e nos alto-falantes. O que antes era cromado no interior nesta versão aparece em preto fosco e cinza. A versão traz porta-óculos no teto, porta-copos e um nicho no console que quase serve de apoio de braço. É muito pequeno.
O console é simples e tem apenas uma entrada USB, outra auxiliar e uma tomada de 12V.
 
Acabamento interno mescla plástico duro, tecidos e couro, enquanto a multimídia tem tela de 7 polegadas - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
Tirando os detalhes diferenciados do Pack S-Design, a Toro Freedom mantém as características já conhecidas.  A caçamba de tamanho razoável estava com capota marítima, muito fácil de remover e recolocar, e revestimento de plástico no assoalho. Ela tem a praticidade da tampa que se abre em duas bandas e ganchos para amarração da carga transportada. Mas o vidro traseiro da cabine não tem janela e nem grade de proteção.
 
O motor 2.0 16V turbodiesel não reage bem em baixas rotações, mas, quando o giro sobe, fica mais esperto - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
Para entrar na cabine, é bom deixar o banco do motorista em posição mais baixa, para evitar bater a cabeça na moldura da porta. Dentro da picape fica fácil encontrar uma boa posição de dirigir, já que o assento dos bancos apoia bem as pernas e o encosto com abas laterais garante conforto. Só não tem a ajuste lombar nos bancos dianteiros. Vale lembrar que debaixo do assento do banco do passageiro há um porta-objetos um pouco maior.   Para entrar no banco traseiro o problema se repete. É preciso abaixar bem a cabeça para não bater na moldura da porta. Ali, o assento é um pouco mais estreito e o encosto fica quase em 90 graus, comprometendo o conforto em viagens mais longas.
No meio, o assoalho é praticamente plano, mas o apoio de braço embutido no encosto incomoda quem senta ali. Independentemente disso, três pessoas vão apertadas no banco traseiro, que conta com todos os itens de segurança, uma entrada USB, uma tomada de 12V e sistema de fixação de cadeira infantil (Isofix e Toptether).
 
A versão Freedom vem equipada de série com rodas de liga leve de 17 polegadas e pneus ATR de uso misto - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
CONECTIVIDADE O painel tem o fundo escuro, com instrumentos de fácil visualização, com velocímetro e conta-giros analógicos. Mas há uma tela central onde se veem as informações do computador de bordo, do limitador de velocidade e até mesmo o velocímetro digital com números maiores. O porta-luvas é iluminado, mas pequeno. A picape Fiat Toro Freedom 2.0 é equipada com central multimídia Uconnect com tela tátil de sete polegadas. O destaque é a navegação nativa por GPS. Também é possível espelhar o smartphone por meio do Apple CarPlay e Android Auto por wireless. A central ainda traz telefonia, que pode ser operada por meio de comandos de voz. As mídias disponíveis são rádio, Bluetooth, entrada auxiliar e USB.
 
O volante, que tem desenho esportivo de base achatada, conta com regulagem de altura e distância, além de comandos para o som, o controlador de velocidade, o computador de bordo, multimídia, celular e viva-voz. Atrás do volante, o motorista encontra as aletas para as trocas de marchas no modo manual.
No console há um seletor giratório para as opções de tração: Auto (4x2), 4WD (4x4) e 4WD low (com reduzida). Muito fácil de operar, o sistema auxilia a picape nas situações de fora de estrada, em pisos escorregadios e irregulares. A Toro, com boa altura em relação ao solo, enfrenta com certa facilidade trilhas não muito radicais. O modelo conta ainda com teclas para acionar o controle de tração e estabilidade e o Hill Descent, que auxilia em descidas de rampas com piso escorregadio.

DIRIGINDO O motor 2.0 turbodiesel de 16V atende bem às necessidades da picape. O porém é que em baixas rotações ele demora um pouco a reagir, exigindo atenção do motorista em arrancadas em cruzamentos. Mas depois que o giro sobe, acima das 2.00rpm, o torque aparece e o motor enche rápido, imprimindo velocidade. Nessa condição, a Toro se mostra ágil, sem muito brilho, mas com força e velocidade condizentes com sua proposta. O câmbio automático de nove velocidades contribui para o bom desempenho, proporcionando trocas de marchas nos momentos certos, sem trancos, favorecendo o baixo consumo de combustível. Em nosso percurso de teste, o computador de bordo registrou 10,2km/l na cidade e 13,5km/l na estrada. O motorista pode optar pelas trocas manuais nas aletas atrás do volante ou no próprio câmbio, deixando a picape mais à mão.
 
As suspensões trazem bom ajuste, favorecendo o conforto de marcha, filtrando as irregularidades do solo, e garantindo estabilidade em curvas.
A direção, com assistência elétrica, tem boa calibragem, garantindo leveza nas manobras de estacionamento e segurança em velocidades mais elevadas. O diâmetro de giro não é dos melhores, exigindo paciência em manobras em lugares apertados. Já o sistema de freios traz discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS e distribuição eletrônica de frenagem, atuando com segurança.
 
Em resumo, a Toro Freedom é uma picape bem-equipada, com eficiente conjunto mecânico e visual que agrada. O modelo tem como concorrente a Renault Oroch, com design bem menos ousado e que fica devendo em conjunto mecânico e conteúdo. Para levar o Pack S-Design pagam-se R$ 5 mil a mais, elevando um pouco mais o preço da Toro, que já não é dos mais baixos. Nessa condição, o valor da picape intermediária já começa a esbarrar nos preços das versões de entrada das médias, exigindo uma reflexão antes de se decidir pela compra.
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