Jornal Estado de Minas

NOSTALGIA

Relembre a história do VW-1600, mais conhecido como Zé do Caixão

Ampla área envidraçada garante boa visibilidade - Foto: Volkswagen/Divulgação e Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press

O cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, nos deixou no último dia 19. Passado o carnaval, que sempre atropela a vida de todos os brasileiros e domina nosso noticiário, chega o momento de prestar uma justa homenagem ao homem e ao carro que carregam este apelido carinhoso. Afinal, são realmente poucos os que se destacam a ponto de dar nome a um carro, quanto mais se sobrepor à denominação oficial dada pelo fabricante, VW-1600.
 
Porta-malas não era dos mais espaçosos, e ainda abrigava o estepe - Foto: Volkswagen/Divulgação e Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press 
 
O sedã de quatro portas foi lançado no final de 1968. O modelo é precursor de uma família de veículos baseados no Tipo 3 alemão, que tinha a missão de diversificar a linha da Volkswagen no Brasil, que já contava com o Fusca, a Kombi e o Karmann-Ghia. É importante deixar claro que, apesar da inspiração alemã, o projeto do veículo foi desenvolvido no Brasil. Depois do VW-1600, a família ainda seria consolidada com a chegada da perua Variant em 1969 e o fastback TL em 1970.
 
Com acabamento imitando madeira, painel traz mostradores analógicos - Foto: Volkswagen/Divulgação e Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press 
 
Conta a lenda que foram as linhas retas, mas com arremates suaves, e as maçanetas das portas que lhe renderam o apelido de Zé do Caixão, em alusão ao chamado “paletó de madeira”. Nas palavras de Antônio Giannella, no livro A Gíria do Automóvel, de 1976: “Surgiu em nossa televisão e no cinema tempos atrás um indivíduo que representava cenas de terror horripilantes. Seu nome era Zé do Caixão.
Sua imagem era grotesca e tenebrosa. O povo achou que o VW-1600 tivesse o aspecto físico da figura, e daí ter chamado, jocosa e irreverentemente, o carro desta forma. Até a figura geométrica do veículo lembra um caixão”.
 
Banco traseiro não tem espaço de sobra, mas as quatro portas trazem versatilidade - Foto: Volkswagen/Divulgação e Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press 

O CARRO Com três volumes bem definidos (motor, cabine e porta-malas), o modelo também era chamado de “Fusca quatro portas”, ignorando o fato que o nome oficial do próprio Fusca era “Volkswagen Sedan” (a alcunha popular só foi assumida pelo fabricante nos anos 1980). De fato, hoje, é difícil reconhecer o Fusca como um sedã, mas os veículos de três volumes da sua época (o projeto é anterior à Segunda Grande Guerra) tinham linhas semelhantes.
 
 
 
Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, o VW-1600 trazia o porta-malas na dianteira. O espaço era pequeno e ainda abrigava o pneu sobressalente. Para compensar, atrás do banco traseiro havia um espaço para acomodar bagagens menores. O túnel do assoalho ressaltado comprometia o conforto no banco traseiro, que não é dos mais espaçosos.
Com colunas finas e uma grande área envidraçada, a visibilidade era um ponto positivo.
 
O quadro de instrumento trazia três mostradores: velocímetro ao centro, entre o relógio analógico á direita e o indicador do nível de combustível à esquerda. O painel imitando madeira tinha ainda difusores de ar, rádio e uma gavetinha utilizada como cinzeiro. Assim como na dianteira, os painéis de porta traseiros trazem acabamento imitando madeira e cinzeiros embutidos.
 
As quatro portas deixavam o manuseio do sedã muito mais prático, mas, do ponto de vista estético, as pessoas valorizavam mais a carroceria de duas portas, considerada mais esportiva. Ao menos o modelo e suas portas foram bem recebidos na praça, pelos taxistas.
 
Como “entrega” o nome do modelo, o motor usado é o bom e velho 1.6 resfriado a ar (com 50cv de potência líquida) à moda Volkswagen de então, ou seja, sempre traseiro. Dados do fabricante indicam a velocidade máxima de 135km/h e o consumo média combinado de 11km/l. Em 1970, o “Zé do Caixão” passou por uma reestilização, marcada principalmente pela substituição dos faróis retangulares por dois pares circulares. Mas não foi o bastante para alongar a vida do sedã, que foi encerrado já na linha 1971. Ao todo foram vendidas quase 25 mil unidades do VW-1600.
 
 
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