A falta de espaço dentro de casa, a economia gerada para os pais e o estímulo a um maior convívio e amizade dos filhos são alguns motivos para compartilhar quartos entre irmãos. A ideia pode desafiar pais e filhos, especialmente se os gostos, rotinas e preferências forem diferentes, porém, não é missão impossível. Para isso, arquitetas explicam que, para que o espaço reflita a personalidade de cada um dos ocupantes com harmonia, é imprescindível um bom projeto de interiores. Além disso, a diferença entre os irmãos pode ser ponto positivo para trazer originalidade ao quarto compartilhado.
A arquiteta Natália Botelho, sócia-proprietária da Botti Arquitetura e Interiores, salienta que o uso de quartos compartilhados estimula a interação e a cumplicidade entre os irmãos, mas avisa que, nesse tipo de espaço, é importante pensar em peças que sejam fáceis de ser trocadas, de acordo com as idades. “Por exemplo, em um quarto projetado para um casal de gêmeos, é interessante que os dois berços sejam trocados por um beliche, pois, dessa forma, mais espaço é liberado no quarteto para uma estante ou bancada de estudos”, comenta. A otimização do quarto contribui para melhor harmonia e futuras mudanças. “Cada espaço deve ser cuidadosamente pensado para que o quarto possa atender às demandas. Se não for otimizado, não funciona”, afirma.
Para a arquiteta Fernanda Andrade, o maior desafio de um quarto compartilhado é respeitar a individualidade e representá-la no projeto, sem deixar o ambiente desarmônico e poluído visualmente.
A setorização de espaços pode conciliar personalidades diferentes porque, assim, cada um pode ter seu espaço individual. Além de permitir a organização do espaço, já que cada um é responsável pelo seu setor. “Por exemplo, pode ocorrer de duas pessoas torcerem por times diferentes e dividirem o mesmo quarto. Nesse caso, a maneira de harmonizar o ambiente é usar temas esportivos, com referências discretas aos dois times, sem exageros”, aconselha Fernanda.
Para criar uma identidade visual no quarto, as cores e a iluminação são importantes para dar tom e originalidade. “Para crianças muito ativas, cores que transmitem paz, como o verde e o azul. Para crianças mais calmas, podemos usar cores mais quentes, porém, com o cuidado de essa cor não ficar na parede em frente à cama, por exemplo, para que não atrapalhe o sono”, explica Botelho.
MÓVEIS Para adequar os móveis em espaços pequenos, o ideal são os planejados.
Outra dúvida bastante recorrente é sobre o espaço para dormir: beliche, duas camas de solteiro ou bicamas, o que usar.? Segundo Fernanda Andrade, isso dependerá do tamanho do cômodo, do leiaute do ambiente e das necessidades dos usuários. “São opções bem interessantes para liberar espaço em quartos para mais de uma criança.” Segundo ela, os beliches, na maioria das vezes, agradam muito às crianças. As bicamas são opções interessantes também para o quarto de uma criança só, pois, em certas idades, elas gostam de levar amiguinhos para dormir em casa.
Mas, um alerta: na hora de decidir os móveis para os quartos é preciso levar em consideração a segurança dos pequenos. Por exemplo, o beliche pode se tornar uma armadilha pelo alto grau de risco de quedas e acidentes com a escada para o segundo nível. Por isso, é necessário assegurar que as grades de segurança estejam montadas corretamente e desencorajar crianças de brincar na cama.
ORGANIZAÇÃO Para deixar o ambiente organizado, é preciso ter os locais definidos para guardar os vários tipos de objetos, de forma setorizada. Para isso, a aposta é em coisas simples, mas funcionais, como gavetões, caixas, cestos, nichos e estantes. “Cada espaço dos armários deve ser pensado para guardar um tipo de objeto e com fácil acesso, para que a criança possa pegar e depois guardar”, salienta Andrade. O armário de roupas deve ser projetado pensando no volume de roupas, sapatos e objetos a serem guardados. “Por isso, a opção de um projeto personalizado é ideal para atender a todas as demandas do cliente, inclusive organização, estética e funcionalidade”, pontua.
De acordo com Nathália Botelho, compartimentos podem ser usados para organizar os brinquedos e devem estar em locais de fácil acesso para a criança, pois auxiliam o pequeno tanto na hora de retirar os brinquedos ou materiais quanto na hora de guardar. Essas táticas, além de harmonizar o ambiente, tornam os brinquedos mais atraentes para as crianças e as estimulam a manter a organização desde cedo. “Para brinquedos em caixa, o ideal é que eles fiquem em pé, um ao lado do outro, dispostos em prateleiras, para facilitar a retirada e a colocação.” Em relação aos livros, eles podem ser alocados em estantes e prateleiras. Seguindo a dica da arquiteta, “eles devem ficar expostos com as capas voltadas para a frente, para estimular seu uso e leitura”.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares