Jornal Estado de Minas

Puxava minha mãe, que puxava meu primo

No dia cinco eu acordei meio tarde, como fazia todo dia, tomei meu café, almocei, fiz o trabalho para levar para a escola e, quando estava tomando banho, escutei minha mãe gritando. A vizinha gritando, todo mundo gritando. Eu não sabia o que estava acontecendo. Na hora que eu saí do banho, minha mãe falou que a barragem havia estourado. Pensei: “Barragem estourou?”

- Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Na hora que vi, a água já estava toda dentro de casa. Pensamos no que fazer e fomos para meu quarto. Tinha uma janelinha e pulamos para fora da casa. A água levou a casa embora.

Estava eu, minha mãe e meu primo. Lá em cima, a água já tinha tampado tudo. A hora em que conseguimos sair da casa, a casa foi embora. Subi em cima da lama, eu puxava minha mãe, que puxava meu primo, e eu a puxava de novo.

- Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Aí foi assim até chegar na parte mais alta. Eu olhava minha mãe e pensava: “Tenho que salvar minha mãe”. Só isso.
Se eu pudesse, não voltaria para pegar nada. Tudo o que eu queria está aqui. Minha família está aqui.

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