Jornal Estado de Minas

TELEVISÃO

Marjorie Estiano diz que não tem como se acostumar com a pandemia


Marjorie Estiano estabeleceu trocas sinceras com as pessoas à sua volta em “A vida da gente”. Na novela das 18h da Globo, exibida originalmente entre 2011 e 2012, a atriz interpretou a sensível Manuela, que cresceu à sombra da irmã mais nova, Ana (Fernanda Vasconcellos). No entanto, um acidente deixa a tenista em coma e a outra filha de Eva (Ana Beatriz Nogueira) passa a criar a sobrinha, Júlia (Jesuela Moro), e se casa com o pai da menina, Rodrigo (Rafael Cardoso). 

“Nessa época, estava em uma etapa de compreensão do exercício da profissão e a Manuela era complexa, profunda. Ela me dava muito material para fazer essa transição de fase enquanto atriz. O que a personagem me deu foi a oportunidade de aprendizado mesmo”, afirma Marjorie.

O triângulo amoroso entre Manuela, Rodrigo e Ana dividiu opiniões na primeira exibição e promete render novas discussões. Marjorie diz que nunca foi de acompanhar de perto a reação das pessoas sobre os casais da ficção nas redes sociais, mas sempre ouvia sobre a torcida acalorada. Para a atriz, é natural que o público queira defender uma das personagens.

“Existe a tendência de tomar um lado. Os amigos se separaram e aí você toma partido, se relaciona a partir disso.
A gente tem dificuldade em equilibrar. Não precisa ser inimigo de alguém porque você não concorda. A gente tem a ilusão de que é mais fácil falar que aquela pessoa é ruim e se afastar dela, mas a complexidade é muito mais trabalhosa”, opina.

De acordo com Marjorie, “A vida da gente” ficou marcada em sua memória de um jeito especial. A intérprete de Manuela conta que se recorda do ambiente dos bastidores, cheio de boas conversas. Por isso, não deixa de se emocionar ao relembrar os momentos ao lado de Nicette Bruno (1933-2020), que vivia a avó Iná na trama e morreu, em dezembro do ano passado, em função de complicações decorrentes da COVID-19.

“Tínhamos uma troca bonita, de muito acolhimento. Nicette era uma mulher interessante, uma pessoa que atravessava gerações. Ela tinha uma conexão clara e sensível com as mudanças do mundo.
Estava à frente de tudo o que estava acontecendo. Vê-la em cena foi um espetáculo que, durante um ano, tive o privilégio de acompanhar de perto”, ressalta.

FORÇA DO TEMPO 
Recentemente, a artista emocionou o público nos episódios especiais da série “Sob pressão”, em que dá vida à médica Carolina. Ao analisar o trabalho que foi ao ar há 10 anos, ela admite que é resistente à ideia de se ver atuando. “Naquela época, era muito violenta me assistindo, porque sofria com a minha autocrítica. Hoje, já vejo com mais generosidade, mais acolhimento sobre o meu trabalho”, relata.

Observadora, a atriz conta que é impossível não se comover com as consequências da pandemia do coronavírus. Diz que seus sentimentos oscilaram muito no último ano. Mas, mesmo entendendo que levará um tempo para que tudo volte ao lugar, Marjorie sabe que a vida precisa seguir em frente. “Continuo triste, sensível, abalada, perplexa.
A gente está vivendo uma tragédia e não tem como se acostumar com isso”, lamenta.  
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