Depois de um 2020 tão inesperado e cheio de obstáculos, até as tradições de fim de ano da televisão acabaram afetadas. A Retrospectiva 2020, da Globo, é uma delas. Sempre, ao final de dezembro, um programa jornalístico repassa o que de pior e de melhor ocorreu nos últimos 12 meses.
Em 2020, a Globo mudou sua estratégia: no canal aberto, vai ao ar na terça-feira (29) um especial com dinâmica semelhante à utilizada no formato, depois de A força do querer. No serviço de streaming Globoplay, cinco episódios serão disponibilizados na mesma data, cada qual sobre um aspecto diferente.
“Pela primeira vez, teremos a edição especial, bem diferente da tradicional. São episódios temáticos, que revelam todos os detalhes deste ano surpreendente”, avisa Silvia Sayão, editora-chefe da produção, que será apresentada por Sandra Annenberg e Gloria Maria.
Porém, a dupla não chega a se encontrar. “Gloria e Sandra interagem em alguns momentos, mas, para a segurança de nossas equipes, Gloria trabalha do Rio e Sandra, de São Paulo, as duas em cenários virtuais”, adianta Silvia.
ISOLAMENTO A pandemia do novo coronavírus, logicamente, será abordada. Mas com novidades. Na internet, o público poderá conferir O ano do vírus, sobre a evolução do coronavírus em todo o planeta; O ano da perplexidade, que tratará do isolamento, do medo e da insegurança diante dos efeitos da pandemia para o Brasil; O ano da diversidade, abordando os protestos contra a violência e todas as formas de discriminação e opressão pelas diferenças; O ano do fogo, a respeito de questões ligadas ao meio ambiente, descobertas científicas e exploração espacial; e O ano da incerteza, em que a crise e suas consequências no mundo ganham destaque.
“Fim de ano é tradicionalmente um período de reflexão. Vamos aproveitar o momento pra fazer um balanço: rever o que passamos e não repetir os mesmos erros no futuro”, aponta Sandra, explicando que O ano da perplexidade e O ano da incerteza vão tratar mais a fundo as questões políticas e econômicas.
“É preciso rever como os governos do Brasil e do mundo trataram a pandemia e como esses comportamentos se refletiram nas eleições americanas e municipais no Brasil”, observa a jornalista.
RACISMO As questões raciais terão papel importante na Retrospectiva 2020. Para Gloria Maria, esse é um aspecto do ano que não foi marcado apenas pela tristeza.
“A eleição da Kamala Harris para a vice-presidência dos Estados Unidos era algo que pensava que não conseguiria ver na minha geração, que seria para a geração das minhas filhas. Uma mulher que, provavelmente, ainda vai ser a presidente dos Estados Unidos”, afirma a apresentadora.
Para Sandra, a discussão a respeito da discriminação racial, com manifestações pelo mundo mesmo no período de pandemia, evidencia uma reflexão necessária. “Não basta lutar contra o racismo, é preciso ser antirracista”, reforça.
Em outras edições, no final da Retrospectiva eram homenageadas personalidades que morreram no ano. Desta vez, será diferente. “Vamos destacar a atuação dos profissionais de saúde no bloco de abertura, que narra a evolução da doença durante o ano. No encerramento desse bloco, vamos homenagear as vítimas da COVID-19 e todos os mortos deste ano”, antecipa Silvia Sayão. (Estadão Conteúdo)