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Estado de Minas ENTREVISTA/MARIA GAL

'Temos poucas negras protagonistas'

Atriz diz que Gleyce, sua personagem em As aventuras de Poliana, representa as brasileiras


postado em 05/07/2020 04:00

Maria Gal comemora o sucesso de sua personagem na novela do SBT/Alterosa(foto: Gabriel Cardoso/SBT)
Maria Gal comemora o sucesso de sua personagem na novela do SBT/Alterosa (foto: Gabriel Cardoso/SBT)
Maria Gal se despede temporariamente de Gleyce, de As aventuras de Poliana, do SBT/Alterosa, com o término da primeira temporada da novela. Por causa da pandemia do coronavírus e a consequente paralisação das gravações, a segunda fase da história ainda não tem data de estreia. Na continuação do folhetim surgirão novos conflitos para a mãe de Jeff (Vitor Britto) e Kessya (Duda Pimenta). Porém, enquanto esse momento não chega, os fãs podem assistir ao quadro Dicas da Gleyce, no canal do YouTube da trama. São vídeos nos quais a personagem ensina como poupar dinheiro e ter uma boa saúde financeira. Na entrevista a seguir, a atriz de 44 anos faz um balanço da primeira temporada de Poliana; conta de que forma se surpreendeu com a trajetória de Gleyce e como a personagem quebrou o racismo estrutural na trama. Além disso, a atriz fala da falta de espaço para negros não só na televisão, mas também em cargos de poder.

Qual o balanço que você faz da primeira temporada de As aventuras de Poliana?
Está sendo muito melhor do que imaginei. A Gleyce, que é uma personagem que representa a mulher brasileira, saiu da condição de trabalhar na área de limpeza da escola Ruth Goulart para passar no vestibular para a faculdade de administração.

A jornada da personagem te surpreendeu?
Quando fiz o teste, não imaginei que ela fosse uma heroína. A Gleyce inspira o público e isso é muito bonito de ver, como retorno das pessoas na audiência e nas inúmeras mensagens no Instagram.

Na segunda fase da novela, Gleyce passa por uma reviravolta. Como vai ser isto?
Essa trama da Gleyce é muito simbólica hoje, especialmente se nos lembrarmos de que, segundo o IBGE de 2019, os negros são maioria nas universidades públicas devido às ações afirmativas como as cotas. A Gleyce representa exatamente essa mulher: negra, mãe de família, que acredita que pode voltar a estudar para dar melhores condições de vida para a sua família. As mulheres negras estão na base da pirâmide social economicamente e o racismo estrutural contribui para que ela continue lá. Apenas através da cultura e da educação essas mulheres têm a oportunidade de mudar o próprio destino. E com muito esforço, superando todas as dificuldades, a personagem faz exatamente isso.

A participação de negros na teledramaturgia cresceu. O que você acha disso?
Cresceu, mas ainda é muito aquém do que deveria ser. Basta lembrarmos de que vivemos num país no qual mais de 56% da população se autodeclara negra ou parda. O mínimo que deveríamos ver na teledramaturgia, na publicidade, na imprensa, em cargos de poder, seria o reflexo dessa porcentagem e não números ínfimos, como vemos hoje. Ainda temos poucas atrizes negras protagonistas em teledramaturgia e no cinema. Produtoras, roteiristas e diretoras negras com filmes comerciais nas salas de cinema, por exemplo, quase inexistem. Para se ter uma ideia, os Soares são a única família negra no ar em teledramaturgia ininterruptamente desde 2018, e isso com certeza não representa a sociedade brasileira. (Estadão Conteúdo)


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