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Estado de Minas

Mães protagonistas e conectadas

Lurdes (Regina Casé) e Lola (Gloria Pires) são batalhadoras, além de passar por situações reais de perdas e amor. Cenas viralizam e público reage, inundando de elogios as redes sociais das atrizes


postado em 22/03/2020 04:00

Em Amor de mãe, Lurdes (Regina Casé) é inspirada na mãe nordestina, protegendo os filhos próprios, os 'postiços' e toda família (foto: João Cotta/globo)
Em Amor de mãe, Lurdes (Regina Casé) é inspirada na mãe nordestina, protegendo os filhos próprios, os 'postiços' e toda família (foto: João Cotta/globo)

Há tempos, não se viam na Globo novelas de tão boa qualidade e com elencos tão afiados, exibidas simultaneamente nas faixas das 18h, 19h e 21h. Mas duas atrizes, em especial, têm chamado a atenção de crítica e público por suas interpretações. Os telespectadores, aliás, reagem em tempo real na internet às cenas de ambas que vão ao ar. As mais dramáticas inevitavelmente viralizam, e os perfis oficiais nas redes sociais de Regina Casé e Gloria Pires são inundados de elogios e exaltação a suas atuações. São duas protagonistas em momentos especiais de suas carreiras.

É provável que não haja precedentes na teledramaturgia brasileira de duas atrizes se destacarem tanto e ao mesmo tempo. Coincidência ou não, Regina e Gloria vivem, respectivamente, em Amor de mãe e Éramos seis, duas mães amorosas, sofredoras, batalhadoras. E que viram leoas quando o assunto são seus filhos. Talvez seja aí o ponto-chave dessa adoração do público pelas personagens Lurdes, de Regina Casé, e Lola, de Gloria Pires – e, claro, pelo trabalho de suas intérpretes, pois, caso contrário, nem os papéis mais bem elaborados pelos novelistas se sustentariam com interpretações medianas.

Lurdes e Lola são submetidas constantemente às dores da vida, do tal “padecer no paraíso”. Daí a identificação coletiva com as personagens. De empatia, de se colocar no lugar delas. Afinal, a audiência das novelas é formada por mães, por quem tem mãe ou mesmo por uma figura que tem essa representação no núcleo familiar. São duas mães protagonistas que passam por situações verossímeis, de perdas, de sofrimento, de amor.

Trama das 21h, Amor de mãe fez Regina Casé voltar às novelas após 18 anos. Invariavelmente relacionada à comédia quando o assunto é TV, ela mergulha na personagem Lurdes, mesclando drama e também leveza. Construída pela atriz a partir de suas vivências Brasil afora, Lurdes é a representação da mãe nordestina, que enfrenta Golias, um a um, protegendo os próprios filhos debaixo das asas e acolhendo filhos postiços, quando assim for preciso. Lurdes saiu de Malaquitas, cidade fictícia no Rio Grande do Norte, com três filhos, rumo ao Rio, e ainda adotou um bebê abandonado no meio da estrada.

Ela também é aquela mãe que não desistirá nunca de encontrar o filho desaparecido. Domênico (que já se sabe que é o personagem de Chay Suede) foi vendido pelo pai quando ainda era criança e Lurdes, para se defender, mata o marido, o que a obriga fugir de Malaquitas. Localizar o filho é sua missão de vida, mesmo após 26 anos. Você já viu ou ouviu falar de uma mãe assim. Como não se identificar com ela?

Regina foi responsável por estrelar algumas das cenas mais comentadas da novela, como quando Lurdes estava ao lado da filha Camila (Jéssica Ellen), que, na cama do hospital, fala para a mãe sobre o cansaço de ser sempre forte por ser pobre, mulher e negra num país racista. Ou quando Lurdes se despede da mãe em seu leito de morte. Foram momentos intensos, em que Lurdes distribuiu palavras de acolhimento e afeto.

Uma das cenas mais emocionantes e ovacionadas de Lola (Gloria Pires) foi a da morte do filho Carlos (Danilo Mesquita) (foto: Victor Pollak/GLOBO)
Uma das cenas mais emocionantes e ovacionadas de Lola (Gloria Pires) foi a da morte do filho Carlos (Danilo Mesquita) (foto: Victor Pollak/GLOBO)


TERNURA 

Como Lola, Gloria Pires garantiu também grandes cenas na novela das 18h, Éramos seis. Mãe de quatro filhos e mulher de Júlio (Antonio Calloni), Lola tem a vida marcada por tragédias, mas, pelos filhos, mantém a altivez e a ternura. E Gloria, grande atriz que é, consegue imprimir nuances que a personagem pede – e aquela força das mães para seguir em frente enquanto o mundo desaba ao redor.

Ao longo da trama, Lola vai perdendo, um a um, membros de sua família: morrem o marido e seu adorado filho Carlos (Danilo Mesquita); seus outros filhos, Isabel (Giullia Buscacio) e Julinho (André Luiz Frambach), saem de casa; Alfredo (Nicolas Prattes) foge para os EUA após cometer assassinato. E ela se vê sozinha em sua casa, conquistada a duras penas.

Um dos momentos mais emocionantes de Gloria na novela foi a cena da morte de Carlos. Foi uma interpretação tocante, devastadora. E a atriz foi aclamada pelo público. Quem não se emocionou com a perda dessa mãe?

CORONAVÍRUS 

Éramos seis chega ao final em 27 de março, mas ainda é possível conferir os últimos capítulos de Gloria em cena. Já Amor de mãe foi exibida até este ontem (21) – por causa da epidemia de coronavírus, as gravações foram interrompidas e a novela ficará fora do ar, sendo substituída por Fina Estampa.

Se estivéssemos em Hollywood, e Amor de mãe e Éramos Seis fossem filmes, Regina Casé e Gloria Pires teriam grandes chances de concorrer ao Oscar. E, quem sabe, conquistar a estatueta. (Estadão Conteúdo)


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