Jornal Estado de Minas

JOIAS DA MINEIRIDADE

Artesanato mineiro brota no chão sagrado de Minas, em São Paulo


 
Das mãos calejadas, a arte feita de barro, madeira, tecido, suor, sementes e água, cria forma. Nascem da argila crua, da madeira certificada ou dos fios do tear e dos pontos do bordado, o genuíno artesanato feito em Minas. E dessa simbiose entre criador e a sua criação, a expressão cultural de um povo gera encantamento, decora casas e ganha o mundo em objetos lúdicos como bonecas de cerâmica, filtro de barro, animais da fazenda, ipês bordados, oratórios, vasos e jarros. Quem visitou a Feira WTM, em São Paulo, pode ver de perto uma pequena mostra do rico artesanato feito em Minas Gerais na exposição Joias da Mineiridade. Objetos que remetem à poesia e ao contentamento.




 
 

“Temos aqui a alma mineira em toda a sua diversidade e riqueza. O visitante que atravessa o estande e se depara com a exposição é como se ele estivesse em uma página de Guimarães Rosa. Somos tão variados e isso reflete na arte”, traduz Christiana Renault, presidente do Servas e curadora da mostra.

Participaram da exposição, peças de 24 artistas de várias regiões de Minas Gerais contemplados na 5ª edição do Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato. Além do Sebrae-MG, a exposição tem realização da Secretarias de Cultura e Turismo (Secult) e de Desenvolvimento Econômico (Sede) e do Serviço Social Autônomo (Servas). 

Vale criativo 

Artesanato do Vale do Jequitinhonha é reconhecido no Brasil e no exterior (foto: Carlos Altman/EM)
Ao falar do artesanato feito em Minas é preciso destacar o belíssimo trabalho executado por artistas do Vale do Jequitinhonha. Dessa região árida, crua e seca é onde brotam, da terra rachada, as maiores expressões artísticas de Minas: é lá onde nascem os sonhos, esperança e vida de um povo criativo e forte. Na mostra na WTM, sete artesãos pertencem ao Vale do Jequitinhonha, região cuja arte em barro é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) como patrimônio cultural imaterial. Os ceramistas estão representados na exposição pelas obras de Adriana Xavier, Associação dos Lavradores e Artesãos de Campo Alegre e Associação dos Artesãos de Coqueiro Campo, de Turmalina; Andréia Andrade, de Itaobim; e Augusto Ribeiro, de Santana do Araçuaí.

O artesanato do Vale se faz presente também pelas peças das Bordadeiras do Curtume, associação de mulheres do Quilombo do Curtume, em Jenipapo de Minas, que retratam em sua obra tanto cenas do dia a dia quanto de um universo lúdico. A Tecelagem de Roça Grande, de Berilo, completa a lista de artistas do Jequitinhonha.