Ao completar 324 anos de existência, a cidade histórica que foi a primeira capital do estado tem uma das celebrações mais tradicionais de Minas. Os panos roxos nas sacadas dos casarios coloniais e nos altares das igrejas indicam o início de um período de fé e tradição na semana santa. A cidade, que é berço da religiosidade mineira, preserva uma maneira singular de celebrar esse período com uma das celebrações mais bonitas de Minas, mantendo tradições que datam dos séculos passados, como os tapetes de serragem e as colchas bordadas nas sacadas. As festividades iniciam-se no sábado (4) com a bênção dos santos óleos, e terminam com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa, 12 de abril.
Na procissão das almas, na madrugada do sábado santo, fiéis se cobrem com túnicas brancas e carregam velas pelas ruas do Centro Histórico entoando cânticos e murmúrios. No domingo de Páscoa, a cidade se enche de cores. As ruas do Centro Histórico são enfeitadas e as janelas decoradas com colchas de retalho, toalhas bordadas e vasos de flores. Tradicionalmente, os sinos anunciam o início da procissão, tradição que remonta ao século 18, formada por crianças vestidas de anjo passando por ruas cobertas por tapetes de serragem.
A comemoração da semana santa em Mariana este ano será especial para a população local. A renovação da fé e religiosidade é mais uma força para os moradores vítimas do rompimento da Barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, em 2015. O palco principal das festividades é a Catedral da Sé e a Praça Minas Gerais, que conta com bailes, shows, malhação do Judas e os tapetes de flores e serragens co- loridas.