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Estado de Minas VALE DO CAFÉ/RJ

Herança imperial

Região, que viveu seu apogeu e ruína financeira durante o período da monaRquia, vem redescobrindo seu potencial turístico


postado em 31/12/2019 04:00

Fazenda União, em Rio das Flores: casarão-sede construído em 1836 é um verdadeiro cartão-postal(foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)
Fazenda União, em Rio das Flores: casarão-sede construído em 1836 é um verdadeiro cartão-postal (foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)


Tem café, cachaça, leite e queijo, comida farta à beira do fogão de lenha e boa prosa. Fazendas produtivas, criação no curral, casarões imponentes, estradas, trilhas, mirantes e ar fresco ao sopé da montanha. Parece um cenário típico das pequenas cidades de Minas, mas é o Vale do Café, no interior do Rio de Janeiro, importante região econômica do Brasil imperial.
 
Entretanto, embora não disponha de farta extensão territorial como Minas Gerais, o estado do Rio é cheio de surpresas e peculiaridades. Uma das regiões que se vem se redescobrindo nos últimos anos é o Vale do Café, a pouco mais de 100 quilômetros da capital, que viveu seu apogeu e ruína financeira durante o período imperial. Entre 1830 e 1850, o vale se desenvolveu graças aos barões do café, que encheram as burras de dinheiro às custas de trabalho escravo – os africanos eram 2/3 da população local à época – e de uma agricultura extensiva, sem se preocupar com a qualidade do solo.
 
No alto da praça está a Matriz Nossa Senhora da Conceição, de 1928(foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)
No alto da praça está a Matriz Nossa Senhora da Conceição, de 1928 (foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)
Mas na segunda metade do século 19, as terras ficaram arrasadas e a Lei Áurea, de 1888, aboliu a mão de obra escrava. Fazendas foram hipotecadas e, por causa do endividamento, casarões acabaram abandonados com tudo dentro: pratarias, obras de arte, móveis, pianos e tudo que o fino gosto europeu poderia oferecer às famílias dos barões.
 
Depois de longo período de abandono, muitas dessas fazendas vêm sendo compradas e transformadas em empreendimentos de hotelaria e fazendas produtivas que oferecem inúmeras experiências aos turistas. Algumas delas se reuniram em 2015, formando o grupo Vale do Café Rio, que fomenta o turismo e a cultura da região.
 
Grão especial produzido no Vale do Café: região vem redescobrindo seu potencial turístico(foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)
Grão especial produzido no Vale do Café: região vem redescobrindo seu potencial turístico (foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)

PRAÇA DE HISTÓRIAS Para o viajante que gosta de mergulhar na história dos lugares que visita, o ponto de partida ideal para conhecer o Vale do Café é a Praça Barão do Campo Belo, no Centro de Vassouras, a 110 quilômetros do Rio. Ao redor da enorme praça, de grama bem cuidada e um enorme chafariz, de 1846, estão os casarões dos mais proeminentes barões da época, como a casa do barão de Itambé (única de barroco mineiro) e do barão do Ribeirão, que já serviu de prefeitura e cadeia pública. No período escravocrata, os negros se encontravam na praça todas as manhãs para abastecer a casa dos barões e, ali, combinavam fugas e trocavam informações. No alto da praça está a Matriz Nossa Senhora da Conceição, de 1928, a construção mais antiga da cidade. Uma das novas atrações da praça é o Centro Cultural Cazuza, aberto no casarão onde nasceu Lucinha Araújo, mãe do cantor. O centro tem uma exposição permanente sobre vida e obra de Cazuza e, no primeiro ano de funcionamento recebeu 350 mil turistas. A entrada é franca.
 
O Vale do Café está a cerca de 120 quilômetros do Rio de Janeiro, praticamente a mesma distância até Juiz de Fora. Por isso, não é de estranhar que ali, nas varandas e na cozinha das confortáveis fazendas transformadas em pousadas, a cultura dos dois estados se encontre. A proximidade com a cidade mineira também ajuda a fomentar o turismo do vale por outro motivo.
 
“Juiz de Fora é a cidade mais próxima dotada de aeroporto com voos comerciais. Recebemos turistas de diversas regiões que voam até lá e seguem até nossa fazenda”, conta Camila Carrara, da Fazenda União, cujo casarão-sede, construído em 1836, é um verdadeiro cartão-postal. O luxuoso hotel-fazenda tem 28 acomodações, de diferentes preços, piscina e heliponto. A imponente sede exibe a terceira maior coleção de porcelana com brasões da nobreza do período imperial, além de itens que pertenceram à família real. A capela e diversas obras expostas são do artista autodidata Jerônimo Magalhães, de Barra do Piraí.


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